Som na Vitrola #128 – O centenário de Nat King Cole

Som na Vitrola #128 – O centenário de Nat King Cole

Impossível falar de jazz  sem citar o nome de Nat King Cole. Com o centenário do músico, nascido no dia 17 de março de 1919, no Alabama, Nat King Cole mostra-se vivo com o seu cantar barítono cheio de charme, elegância e reconfortante que embalou a música do século 20. Entre as homenagens que vão rolar durante a semana, há os lançamentos. Entre eles o Ultimate Nat King Cole, lançado dia 15, onde encontramos clássicos como Mona Lisa, Nature Boy L-O-V-E. Uma edição limitada também ganha destaque por mostrar o alcance global do músico, com músicas em espanhol, italiano, francês, alemão e japonês, International Nat King Cole.

Cole, que já foi seriamente desaprovado pelos críticos por ter trocado a carreira de pianista cult pela comercial cantando baladas como Quizas, Quizas, Quizas Unforgettable se defendia dizendo que ao se tornar pianista de jazz, também começou a cantar como se sentia e assim foi acontecendo. Consegue imaginar um mundo privado da voz de Cole?

No início do texto disse que o músico continuava vivo. O que é uma verdade tanto quanto os pequenos fatos citados acima. No mês passado, Gregory Porter, que ganha destaque por ser a voz da canção popular do jazz clássico e seus standards, editou um dueto que gravou com Nat King Cole, tocando entre si versos de The Girl Of Ipanema. Virtual, claro, mas… não soa familiar? Em 1991, Natalie Cole, sua filha mais velha, fez o mesmo em uma nova versão de Unforgettable. 

Mesmo que com sua morte Cole não pôde desfrutar os frutos por seus talentos e influências que daria, ainda assim é uma lenda: como não reconhecer sua figura, voz que não precisa de primeiros acordes da música para ser identificada?

Bill Evans já dizia “Cole é o maior pianista!” e, posso me atrever a dizer que não teríamos Carmen McRae, Frankie Laine, Bobby Troup, Sammy Davis Jr, Ray Charles, Joe Williams, Johnny Mathis, Chet Baker, Bob Dorough, Dave Frishberg, Nancy Wilson, Mark Murphy, João Gilberto, Johnny Alf e a própria Diana Krall. Todos estes, mestres de um canto em que a letra é tão importante.

Novamente falando sobre sua voz, me perdoem, é mais forte do que eu. Agora ouvindo Nat cantar Mona Lisa nos auto-falantes de casa, a impressão incandescente é notável, como se fosse um feitiço lançado. Que muitos ainda possam ser enfeitiçados.