Som na Vitrola #13 – As guitarras do Deep Purple

Som na Vitrola #13 – As guitarras do Deep Purple

Eu lembro de um momento da vida como a minha entrada ao rock. Meu pai, organizando a sua minha coleção de discos e eu pirralho do lado dele, olhando as capas. AC/DC, Ozzy Osbourne, Beatles, Led Zeppelin, Elton John, Pink Floyd e Deep Purple. Lembro de ter pego a capa do disco Burn, de 1974, e visto aquelas velas com os rostos dos integrantes. O que uma criança que vivia em um mundo centrado em Elton John e Beatles poderia pensar? Eis que eu falo “Deep Purple… quem é ?” e meu pai me olhando assustado como se eu tivesse blasfemado “Tu nunca ouviu Deep Purple?” – “Não”.  Ele tentou cantarolar o refrão de Smoke in the Water, mas não rolou.

Aí ele fuxica na parte do Purple e pega o álbum Live in London, vira o disco pro Lado A, coloca a agulha e diz “Ouça.”. Chiados… a plateia gritando e o locutor falando:

“This band’s been called the loudest band in the world, they didn’t say they’re the best band in the world. Put your hands together please, Burn with Deep Purple.”

Tradutor:

“Esta banda foi chamada de a banda mais barulhenta do mundo, eles não disseram que eles são a melhor banda do mundo. Junte suas mãos, por favor, Burn com Deep Purple”.

E de repente, para o mundo desse garoto, a cabeça abriu. Uma explosão de bateria, guitarra, baixo e orgão. Sabe o que é você passar de La la las dos Beatles e Elton John e levar uma marretada de afundar a cabeça? Foi tipo isso. De repente, Coverdale cantando, Glenn Hughes berrando e eu “Isso é sensacional“. E a guitarra do Blackmore? QUE BAGAÇA É ESSA? E meu pai falando “Esse é o guitarrista que eu mais gosto“.

Eu cresci, já com 15 anos já tinha expandido meu mundo musical, sabia o catálogo de Purple, Sabbath, Ozzy, Zeppelin e outras bandas de cabo a rabo. E para desgosto do meu pai, meu guitarrista preferido no Deep Purple é o Chimbinha Tommy Bolin.

Aproveitando o aniversário de lançamento do álbum Stormbringer, no último dia 10, que fez 42 anos, o Som na Vitrola vai relembrar esses caras que fizeram a cabeça de muita gente balançar !

 


  • Ritchie Blackmore

NEW YORK CITY, NY - MARCH 19: Richie Blackmore of Rainbow performs at Madison Square Garden on March 19 1984 in New York City, New York. (Photo by Larry Marano/Getty Images)

Ritchie, co-fundador da banda, esteve atuante dos anos 1968-1975 e acabou voltando de 1994-99. O Purple foi batizado por este nome, pois a sua avó era fã de uma música do mesmo nome. Capaz que vocês achem no youtube numa versão do Donny Osmond e Marie Osmond (Coragem para quem for pesquisar, ela ao mesmo tempo que vicia, consegue ser meio pentelha).

O guitarrista carrancudo se tornou um dos focos centrais da banda pelos motivos de: Explodir autofalantes, ocasionando numa fuga do Black Sabbath para não serem pegos com drogas após chamarem a polícia quando Blackmore explodiu e botou fogo numa pilha de auto falantes, e por ser um cara extremamente chato.

Sabe aquele vizinho que não empresta a bola, e se emprestar, ninguém pode roubar a bola dele, e só ele pode fazer gol? Este vizinho é um aprendiz de Blackmore. A própria banda falava mal do cara em entrevistas de shows. Mas ele deu uma sossegada de leve após o Eddie Van Halen descobrir que ele utilizou peruca em uma época, e deu o apelido carinho de Peruquinha. Deu treta? Deu.

Tanto no Deep Purple, quanto no Rainbow, Blackmore sempre tocou com a sua inseparável Fender Stratocaster, geralmente com o captador central desligado.

Bandas:

  • Rainbow
  • Blackmore’s Night


  • Tommy Bolin

574523_446434988705758_1177530067_n

Bolin entrou no Deep Purple após a saída do Peruquinha, citado aí em cima. Para alguns (no meu caso), foi uma sonoridade totalmente nova, algo sensacional. Um Smoke In The Water e Burn com uma levada suingada. Para a galera do outro lado foi uma besteira sem precedentes, de quebrar discos, dizer que a banda perdeu o poder que tinha.

Com o lançamento de Come Taste The Band – outra capa icônica da banda de uma taça de champanhe com os rostos da banda (Esses caras colocam o rosto em pedras, em velas, em uma taça de champanhe, o que falta?) – aconteceu o fato citado acima. Mas queriam o que? O Glenn Hughes já era um porra louca tocando baixo fazendo linhas “funkeadas”. “Vamos mudar o som da banda. Vamos chamar esse garotão que lembra um Elvis Presley, mas com o diferencial que sabe tocar guitarra e ver no que dá“. E na minha opinião – podem me julgar, to nem aí – a banda deu uma respirada totalmente nova.

Infelizmente, Tommy Bolin, que era um assíduo guitarrista das marcas Stratocaster e Les Paul, faleceu no dia 4 de dezembro de 1976, aos 25 anos de idade, vítima de overdose de heroína, cocaína, lidocaína, morfina e álcool.

Pra quem se interessar, procure Savannah Woman e Private Eyes. O cara era brilhante!

Bandas:

  • Zephyr
  • James Gang
  • Billy Cobham
  • Moxy
  • Alphone Mouzon


  • Steve Morse

morse2

E, não menos importante, chegamos à Steve Morse, que entrou em 1994 e após a saída de Mr. Peruca, e já embarcou gravando o álbum Perpendicular, e continua até os dias de hoje.

Mesmo não tendo o calibre de Blackmore – Não briguem comigo, foi ele mesmo que disse isso – Morse tem uma linguagem “blueseira, jazzista, countrysta“, e consegue fazer na cozinha a junção desses três gêneros. Por um lado, ele acabou mudando a sonoridade da banda.

Morse é lembrado por usar uma “Frankstein”, uma guitarra de corpo Tele com cabeça de Strato.  Atualmente, desde sua entrada no Purple, ele usa sua Signature.

Bandas:

  • Dixie Dregs
  • Kansas
  • Flying Colours