Eu lembro de um momento da vida como a minha entrada ao rock. Meu pai, organizando a sua minha coleção de discos e eu pirralho do lado dele, olhando as capas. AC/DC, Ozzy Osbourne, Beatles, Led Zeppelin, Elton John, Pink Floyd e Deep Purple. Lembro de ter pego a capa do disco Burn, de 1974, e visto aquelas velas com os rostos dos integrantes. O que uma criança que vivia em um mundo centrado em Elton John e Beatles poderia pensar? Eis que eu falo “Deep Purple… quem é ?” e meu pai me olhando assustado como se eu tivesse blasfemado “Tu nunca ouviu Deep Purple?” – “Não”. Ele tentou cantarolar o refrão de Smoke in the Water, mas não rolou.
Aí ele fuxica na parte do Purple e pega o álbum Live in London, vira o disco pro Lado A, coloca a agulha e diz “Ouça.”. Chiados… a plateia gritando e o locutor falando:
“This band’s been called the loudest band in the world, they didn’t say they’re the best band in the world. Put your hands together please, Burn with Deep Purple.”
Tradutor:
“Esta banda foi chamada de a banda mais barulhenta do mundo, eles não disseram que eles são a melhor banda do mundo. Junte suas mãos, por favor, Burn com Deep Purple”.
E de repente, para o mundo desse garoto, a cabeça abriu. Uma explosão de bateria, guitarra, baixo e orgão. Sabe o que é você passar de La la las dos Beatles e Elton John e levar uma marretada de afundar a cabeça? Foi tipo isso. De repente, Coverdale cantando, Glenn Hughes berrando e eu “Isso é sensacional“. E a guitarra do Blackmore? QUE BAGAÇA É ESSA? E meu pai falando “Esse é o guitarrista que eu mais gosto“.
Eu cresci, já com 15 anos já tinha expandido meu mundo musical, sabia o catálogo de Purple, Sabbath, Ozzy, Zeppelin e outras bandas de cabo a rabo. E para desgosto do meu pai, meu guitarrista preferido no Deep Purple é o Chimbinha Tommy Bolin.
Aproveitando o aniversário de lançamento do álbum Stormbringer, no último dia 10, que fez 42 anos, o Som na Vitrola vai relembrar esses caras que fizeram a cabeça de muita gente balançar !
- Ritchie Blackmore
Ritchie, co-fundador da banda, esteve atuante dos anos 1968-1975 e acabou voltando de 1994-99. O Purple foi batizado por este nome, pois a sua avó era fã de uma música do mesmo nome. Capaz que vocês achem no youtube numa versão do Donny Osmond e Marie Osmond (Coragem para quem for pesquisar, ela ao mesmo tempo que vicia, consegue ser meio pentelha).
O guitarrista carrancudo se tornou um dos focos centrais da banda pelos motivos de: Explodir autofalantes, ocasionando numa fuga do Black Sabbath para não serem pegos com drogas após chamarem a polícia quando Blackmore explodiu e botou fogo numa pilha de auto falantes, e por ser um cara extremamente chato.
Sabe aquele vizinho que não empresta a bola, e se emprestar, ninguém pode roubar a bola dele, e só ele pode fazer gol? Este vizinho é um aprendiz de Blackmore. A própria banda falava mal do cara em entrevistas de shows. Mas ele deu uma sossegada de leve após o Eddie Van Halen descobrir que ele utilizou peruca em uma época, e deu o apelido carinho de Peruquinha. Deu treta? Deu.
Tanto no Deep Purple, quanto no Rainbow, Blackmore sempre tocou com a sua inseparável Fender Stratocaster, geralmente com o captador central desligado.
Bandas:
- Rainbow
- Blackmore’s Night
- Tommy Bolin
Bolin entrou no Deep Purple após a saída do Peruquinha, citado aí em cima. Para alguns (no meu caso), foi uma sonoridade totalmente nova, algo sensacional. Um Smoke In The Water e Burn com uma levada suingada. Para a galera do outro lado foi uma besteira sem precedentes, de quebrar discos, dizer que a banda perdeu o poder que tinha.
Com o lançamento de Come Taste The Band – outra capa icônica da banda de uma taça de champanhe com os rostos da banda (Esses caras colocam o rosto em pedras, em velas, em uma taça de champanhe, o que falta?) – aconteceu o fato citado acima. Mas queriam o que? O Glenn Hughes já era um porra louca tocando baixo fazendo linhas “funkeadas”. “Vamos mudar o som da banda. Vamos chamar esse garotão que lembra um Elvis Presley, mas com o diferencial que sabe tocar guitarra e ver no que dá“. E na minha opinião – podem me julgar, to nem aí – a banda deu uma respirada totalmente nova.
Infelizmente, Tommy Bolin, que era um assíduo guitarrista das marcas Stratocaster e Les Paul, faleceu no dia 4 de dezembro de 1976, aos 25 anos de idade, vítima de overdose de heroína, cocaína, lidocaína, morfina e álcool.
Pra quem se interessar, procure Savannah Woman e Private Eyes. O cara era brilhante!
Bandas:
- Zephyr
- James Gang
- Billy Cobham
- Moxy
- Alphone Mouzon
- Steve Morse
E, não menos importante, chegamos à Steve Morse, que entrou em 1994 e após a saída de Mr. Peruca, e já embarcou gravando o álbum Perpendicular, e continua até os dias de hoje.
Mesmo não tendo o calibre de Blackmore – Não briguem comigo, foi ele mesmo que disse isso – Morse tem uma linguagem “blueseira, jazzista, countrysta“, e consegue fazer na cozinha a junção desses três gêneros. Por um lado, ele acabou mudando a sonoridade da banda.
Morse é lembrado por usar uma “Frankstein”, uma guitarra de corpo Tele com cabeça de Strato. Atualmente, desde sua entrada no Purple, ele usa sua Signature.
Bandas:
- Dixie Dregs
- Kansas
- Flying Colours
1 Comment
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Marcello D' Pinho
12 de dezembro de 2016 at 16:05
A cara do Deep Purple sempre foi Richie Blackmore, no disco Come Teste The Band, Tommy Bolin envenenou a banda com um swing negro que para mim é um dos álbuns mais bonitos, Stevei Morse é um exímio guitarrista, e não deixa nada a desejar aos antecessores . mas Deep Purple sempre será uma banda impar em relação a qualquer outra, eu tive o privilégio de ve-la ao vivo com Joe Lee Turne ao vocal, descobri que e a magia pode mudar, mas os magos serão sempre os mesmos, afinal, seja qual o guitarrista que ocupar o lugar de honra dentro desta banda, jamais conseguirá mudar o que já é perfeito !!!!
Obs: Tommy Bolin toca e canta pra caralho !!!!!!!