Antes de Tom Waits se tornar um personagem obscuro, de músicas estranhas com a sua rouquidão, marca registrada que estamos acostumados, tanto em seus álbuns quanto em filmes, o pianista lançou Closing Time em 1973. O disco foi o primeiro de seus principais trabalhos pelo selo Asylum.
Com momentos puxados para o folk, jazz e blues, Waits te leva para um álbum recheado de melancolia, com canções que giram em torno de escapismo, solidão, mas com um brilhantismo extremo que só Tom Waits, no auge de seus 23 anos de idade, consegue entregar.
Na época de seu lançamento, Tom era frequentador assíduo da histórica casa de show em Los Angeles, Troubadour. O destaque, além das canções do álbum, foi a sua capa mostrando um Tom Waits sentado em um piano de bar, com cigarros, garrafas de cerveja, além de uma luminária de bilhar acima de sua cabeça. Existem poucos álbuns na história em que a capa se identifica perfeitamente com a sonoridade de um álbum.
O debute abre com Ol’ 55, canção que se tornaria conhecida também pelo Eagles, para o álbum On The Border (1974). A waltz-country-rock de Old Shoes segue a mesma linha da faixa de abertura do álbum, considerado por muitos como folk, mas cada um, cada um. Outras canções como Virginia Avenue, Midnight Lullaby, Hush Little Baby, Ice Cream Man e Grapefruit Moon, seguem uma linha jazzística e lentas, algumas com trombetas fazendo um fundo, na faixa-título instrumental que fecha o álbum.
Para quem já conhece Tom Waits pelos seus papéis no cinema, como Renfield em Drácula de Bram Stoker (1992), ou pela suposta homenagem que Heath Ledger fez à sua voz ao interpretar o Coringa, vai achar estranho ao ouvir uma voz límpida e harmoniosa. Demoraria mais dois álbuns para Tom começar a fazer gargarejo com caco de vidro.
Então, após chegar cansado em casa, depois de um dia de trabalho, afrouxe a gravata, pegue um uísque e liga Closing Time. De nada, e bom álbum para vocês.
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