Já são 13 anos de espera para o lançamento de um material inédito do System Of a Down. O efeito colateral dessa novela entre os integrantes da banda é que Daron Malakian teve o primeiro álbum do Scars On Broadway, de 2008, esquecido por algumas pessoas. Agora, após dez anos, o guitarrista remonta o SOB e lança Dictator, um trabalho de inéditas onde Malakian esteve sentado no projeto, sem vontade alguma de mexer neste devido à confusão que gira em torno do System Of a Down, deixando não só ele, mas todos nós confusos e pensando: “então, System Of a Down? QUE DIABOS ESTÁ ACONTECENDO?”

E, deem as mãos e agradeçam, pois o guitarrista se mostra decidido a libertar o álbum que ele tem mantido escondido na última década, reacendendo o que é uma lembrança do que o mundo está esquecendo.

Lembrando que Daron sempre teve grande participação nas composições do System Of a Down, não é surpresa de que o novo álbum não se afaste de sua antiga banda. A primeira faixa, Lives, entra cambaleando com um riff de pernas bambas que soa como se estivesse prestes a desmoronar sob o próprio peso, onde subitamente decola, inesperadamente. “Nos somos as pessoas que foram expulsas da história”, canta Daron como um toque para a cultura armênia e o genocídio que diz muito sobre o trabalho do SOAD.

Angry Guru, possui o mesmo espírito independente, com implacáveis ataques dando lugar a um ritmo desequilibrado. O álbum desde a segunda música se mostra mais do que um nocaute no SOAD, já que Daron não é estúpido para tentar questionar os falatórios proféticos de Serj Tankian, e nem preguiçoso ao ponto de apenas reciclar os maiores sucessos.

Os momentos mais empolgantes do álbum acontecem quando é deixado de lado o modelo de 20 anos e tremula sua própria bandeira sonora. Till The End é uma explosão difusa que – pasmem- soa como o Weezer plugado por um pedal de distorção na potência máxima. 

Gie Mou, surpreende pelo instrumental emocionante de uma canção grega, cujo título se traduz como My Son (Meu Filho), como se fosse um vislumbre à parte da herança multicultural de Malakian. Assimilate, a mais pesada do álbum, é a sua resposta de não estar aberto a se entregar ao world music. 

Claro que não é difícil olhar o álbum como um tremendo FOD#-$! de Malakian para seus colegas do SOAD, ou talvez para o que estão segurando a chance de fazer um grande álbum em potencial. Já começa com o nome da banda: Daron Malakian & Scars On Broadway, uma resposta definitiva para a pergunta “Quem precisa de vocês, afinal?”

Uma perda para o System Of a Down. Um ponto alto para a carreira de Daron.