Toda roda de roqueiro que se preze já virou a mesa, quando o assunto era: Quem foi o melhor baterista da história ? Muitos acabam esquecendo dos famigerados jazzistas Gene Krupa e Buddy Rich, e o assunto sempre acaba caindo no alucinado do Keith Moon e do pesado John Bonham.
O “maior baterista do tipo Keith Moon no mundo”, como ele próprio se denominava, abominava batidas repetidas pelo motivo de dar tédio, dito pelo próprio em entrevista sobre o seu jeito de tocar. Um jeito alucinado que acabou dando inspiração aos criadores do Muppets Show para a criação de seu mais célebre personagem: O Animal.
Levando em seu currículo destruições de quarto de hotel – lembrando da famosa história envolvendo um Rolls Royce e uma piscina, que resultou em sua expulsão permanente da cadeia de hotéis Holiday Inn – e kits de bateria, dava a entender que Moon não era apenas um baterista, mas um artista perfomático. Ninguém até o momento em que o Who foi apresentado ao mundo, prestava atenção no baterista, mas em sua primeira turnê e apresentação em televisões americanas, Moon subornou um contra regra para colocar explosivos dentro do bumbo. Resultado: Americanos assustados, um Pete Townshend quase surdo, um Roger Daltrey rindo da situação, e John Entwistle como sempre na dele, vendo o circo pegar fogo, e o palhaço se ferrando.
Ele era uma orquestra. Ele era tipo o “garoto dos tímpanos” de uma orquestra que indicava o momento do drama. John tocava linhas de Jazz, Pete tinha que acelerar. Keith nos fazia não dar 100% de nós, mas 500%. Infelizmente, perdemos Keith, e o The Who nunca mais será aquilo que ouvimos. Aquele som, acabou.
- Roger Daltrey, em entrevista após o falecimento de Keith Moon em 1978.
Keith faleceu numa noite em 1978 de overdose de remédios, no mesmo quarto em que anos antes, Mama Cass Eliot, vocalista do The Mamas & The Papas, falecia após se engasgar com um sanduíche de Churrasco Grego da XXV de Março em São Paulo,de problemas no coração.
No primeiro álbum do Led Zeppelin (nome dado à banda, diz a lenda, por Keith Moon por dizer que o som da banda soava feito um Zeppelin de Chumbo), John Bonham mudava a história e sonoridade da bateria. Jimmy Page até hoje lembra-se do impacto para época quando a música “Good Times, Bad Times” foi lançada:
Era engraçado ver várias pessoas apostando que John usou dois bumbos na gravação, mas na verdade utilizava apenas um.
Com um instinto impecável na conduta das baquetas, pesado, rítmico e bastante ousado, John aproveitou pouco do que realmente deveria. Uma música como Moby Dick, sendo seu carro chefe, nos mostra o brilhantismo que tinha quando fazia os shows da banda e seu solos duravam às vezes 20 minutos, e se desse sorte (ou azar), quase uma hora.
Sendo um curso ambulante de “alfabetização de divisão rítmica”, John acaba conquistando seu lugar ao céu pelo seu carisma e a brutalidade e agilidade que tinha na bateria.
Acabou falecendo no dia 28 de setembro de 1980, após beber cerca de 40 doses de vodka com suco de laranja. Sem a presença de drogas pelo corpo, o que foi uma tristeza para a imprensa sensacionalista da época após as histórias em que durante as músicas ele pegava com a mão punhados de cocaína e enfiava no nariz, foi contastado que Bonham morreu por asfixia pelo próprio vômito.
Moon e Bonham entraram para o “Céu do Rock’n’Roll” pelas músicas, técnicas, velocidade e maluquices. E eles merecem. Se não fosse essas duas inspirações, hoje não teríamos Stewart Copeland (The Police), Neil Peart (Rush), Dave Grohl (Foo Fighters, Nirvana), entre outros bateristas sensacionais pra tacar o ar do bumbo na nossa cara.