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Entrevista | Sá e Guarabyra – “Fazendo uma comparação, esse repertório é a nossa Seleção de 70″

Após 46 anos em meio ao pó da estrada, seria natural a dupla Sá e Guarabyra botar o pé no freio. Mas se engana quem acha que eles pensam no merecido descanso. Pelo contrário, acabam de lançar o álbum Cinamomo, que reúne regravações em estúdio de canções que marcaram a trajetória da dupla – e do trio, que incluía Zé Rodrix, falecido em 2009.

Além disso, Sá tem na gaveta um trabalho solo previsto para ver a luz do sol no primeiro semestre de 2019. Mais: os shows do projeto Encontro Marcado – com 14 Bis e Flávio Venturini – serão retomados. E não acabou: os artistas já estão compondo músicas novas, que devem resultar em um disco de inéditas até o fim do ano que vem, como adianta o músico nesta entrevista. Afinal, hoje ainda é dia de rock…

Cinamomo inclui músicas de todas as fases da carreira de vocês. Como se deu a escolha das faixas?

Chegamos num ponto em que os shows estavam muito depurados, com a banda afiada, e o repertório por acaso condensava nossa história. Queríamos registrar isso com uma qualidade de estúdio.

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É um disco para a pessoa ter como resumo da nossa carreira: tanto aquele que tem todos os nossos álbuns, como quem está começando a nos conhecer. Fazendo uma comparação futebolística, esse repertório é a nossa Seleção de 70.

Como foi retomar o trio com Zé Rodrix, em 2001, após quase 30 anos separados?

Fomos convidados pelo Rock in Rio 3 para uma homenagem ao rock rural. Era justo chamar o Zé. Ele estava em casa, não queria mais viajar, mas colocamos pilha e ele aceitou. Seria uma única apresentação, mas gostamos tanto da reunião que saímos do show com contrato assinado (Som Livre). O retorno resultou em um disco ao vivo (Outra Vez na Estrada, 2001) e outro de inéditas (Amanhã, 2010). Na semana em que estávamos mixando o último, ele faleceu.

Como foi lidar com a ausência repentina do Rodrix?

Tivemos de nos reconstruir. Não é fácil perder um amigo de 40 anos.

O último álbum de estúdio da dupla, Rio-Bahia, foi lançado há duas décadas. Há planos para um novo trabalho com inéditas?

Temos cerca de 20 músicas prontas, planejamos lançar no ano que vem. Também tenho um CD solo engatilhado, em que estarei acompanhado de amigos como Frejat, Roupa Nova, Golden Boys.

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Qual será o legado que a dupla deixará para a música brasileira?

Espero demorar muito para saber (risos). Nossa virtude foi fixar essa ponte pós-tropicalista, fazer um mix de estilos. Pegamos a onda hippie, mergulhamos de cabeça na experiência de sair por aí e viajar.

Imagino que, no início da carreira, a situação nem sempre era das mais favoráveis?

Eram precárias. Tínhamos que viajar com dois caminhões para levar o equipamento. Fizemos uma turnê margeando o Rio São Francisco que foi heróica. Teve lugar em que ligávamos o som e, puf!, a energia da cidade caía (risos). Acho que ainda somos uma banda de estrada, mas, agora, com mais possibilidades.

Qual o perfil atual do público que acompanha vocês?

Tem gente que nos acompanha desde o começo. Somos padrinhos de filhos desses fãs que se tornaram amigos, e eles começam a levar os netos. Já estou me assustando de ver neto grande na parada (risos)! Mas acabamos nos transformando em algo cult, o que leva gente nova aos shows. Quando você vai envelhecendo, ou vira cult ou some do mercado. Porque você não será mais o interesse das gatinhas (risos).

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O compositor de Giramundo, gravada em 1967, por Pery Ribeiro, ainda é o mesmo de hoje?

Foi a música que me lançou. É autobiográfica, como muitas das que ainda faço. Compus após tomar um pé na bunda (risos). Eu trabalhava num banco. Ganhei em um mês o que só conseguiria em um ano. Antes do Pery morrer, demos muita risada sobre aquele período. Nem sei onde estaria se não fosse essa canção.

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