Entrevista | A Olívia – “Houve uma curadoria consciente das músicas”

A Olívia lançou recentemente o álbum Obrigado Por Perguntar, trabalho que marca um novo momento na trajetória do grupo paulistano. Com 13 faixas que transitam entre o rock, reggae, punk, indie e referências da música brasileira, o disco é resultado de um processo coletivo, diverso e reflexivo. Ideia Maluca, uma das faixas em destaque do novo álbum, ganhou um videoclipe internacional gravado em Buenos Aires. Aproveitando sua primeira turnê fora do país, A Olívia registrou todos os momentos que antecederam os shows na capital da Argentina em junho passado. O clipe passa por alguns dos principais bairros de CABA (Cidade Autônoma de Buenos Aires) e foca na arte de rua, nos museus, nas paisagens inusitadas e nos personagens da cultura pop que unem o universo latino americano. Em entrevista ao Blog n’ Roll, o vocalista e guitarrista Louis Vidall e o baixista Pedro Tiepolo falaram sobre as temáticas do álbum, o processo criativo, a experiência de gravação, a parceria com a ForMusic e os discos que mais os influenciaram. Confira abaixo. O novo álbum reflete bastante o momento atual do mundo. Como as inquietações globais influenciaram o processo criativo? Louis: A gente tenta soar atual, tanto na sonoridade quanto nas letras. Duas músicas centrais do disco, Boa Tarde e Insustentável, foram escritas em 2017 e continuam atuais. Isso mostra como temas como guerra e sustentabilidade sempre voltam. A rotina traz essas questões pra perto, mesmo sem a gente querer. Mesmo compostas anos atrás, as letras ainda soam atuais. Como vocês enxergam isso depois da pandemia? Louis: Muitas faixas vieram de antes, mas a pandemia trouxe um olhar mais introspectivo. Quando entrei na banda, passamos a falar de temas mais amplos e, no álbum, conseguimos amarrar tudo em um conceito claro. Pela primeira vez houve uma curadoria consciente das músicas que realmente fariam sentido juntas. Como surgiu o título Obrigado Por Perguntar? Louis: Foi uma síntese das letras e intenções. É reflexivo e desabafo, mas também tem ironia: ninguém perguntou, mas a gente quis falar. A frase vem de Boa Tarde e traduz essa ideia de desabafar quando alguém pergunta se está tudo bem. O pano de fundo é a empatia, esse espaço de conversa que a capa do disco também simboliza. A sonoridade é bastante diversa. Isso é planejado ou acontece naturalmente? Louis: Os dois. Temos influências variadas e fomos encontrando o som da Olívia ao longo dos EPs. No álbum, mais da metade das músicas foram feitas em 2023, e a diversidade veio de forma intuitiva: ora reggae, ora mais pesado, sempre lapidando até soar como Olívia. Não seguimos uma lista de estilos. A ideia é justamente não ter preconceito com os caminhos sonoros. Quais as influências mais presentes no som da banda? Louis: Trago muito do indie mais atual, mas também gosto dos clássicos. O Pedrão é mais ligado ao rock clássico e jazz, o Murilo vem do hardcore, o Marcelo puxa pro Deep Purple e solos de guitarra. Todos têm pontos em comum: Beatles, Talking Heads, Red Hot Chili Peppers, Clube da Esquina. Entre as nacionais, Titãs e Paralamas são referências diretas, inclusive já tocamos cover deles. O disco teve parte da gravação na Serra da Cantareira. Como foi essa experiência? Louis: Gravamos bateria e baixo na Da House, vozes no Flap Studios e as guitarras na Serra. Eu cresci lá, então fez sentido. Como eram muitas guitarras, seria inviável pagar horas de estúdio. Na Serra tivemos tempo, tranquilidade e até a companhia da cachorra, que ajudava a aliviar a tensão. Isso deixou o processo mais leve. O que representa a parceria com a ForMusic? Pedro: Foi natural, até porque já trabalho lá. Sempre existiu essa possibilidade, mas quisemos esperar o momento certo. Agora a banda cresceu e precisava desse apoio. Estar com a ForMusic dá corpo ao projeto. Saímos da lógica de adiar decisões para um compromisso real, com mais profissionais envolvidos. Isso fortalece a banda. Quais os três discos que mais influenciaram vocês? Louis: Cabeça de Dinossauro (Titãs), London Calling (The Clash) e a coletânea azul dos Beatles. Pedro: Speaking in Tongues (Talking Heads), Vamos Pra Rua (Maglore) e Whatever People Say I Am, That’s What I’m Not (Arctic Monkeys).
A Olívia expande os horizontes no single “Hasta Luego”

A banda A Olívia inicia hoje uma nova fase com o lançamento de Hasta Luego, o primeiro single do seu segundo álbum. A música traz um frescor pop e latino para a levada rock que dá o tom dos hits da banda, dispensando fórmulas prontas e traduzindo sua essência. Inicialmente idealizada pelo vocalista Louis Vidall no violão, com uma leveza remetendo a Manu Chao, a canção foi ganhando novas formas, incorporando guitarras distorcidas e uma rica bateria. A letra celebra a liberdade e vontade de viver através de frases de impacto e um ritmo contagiante. “É sobre fingir saber dançar até saber como se dança, e apreciar a vida enquanto se está consciente do que acontece no mundo. A vontade de dançar é maior do que os problemas”, explica Louis. Hasta Luego surgiu no final do ano passado, em um momento de contemplação entre sonhos, planos e a realidade. “Foi um sentimento positivo que surgiu ali na hora, quase sem pensar. A música ainda não tinha nascido e, em teoria, o repertório do disco já estava fechado. A mensagem que fica é que sempre vale a pena dar espaço para a intuição”. Intitulado Obrigado por Perguntar, o próximo álbum sucede Jardineiros de Concreto (2017). Desde então, A Olívia vem se destacando com lançamentos originais, entre singles e EPs. Com 13 faixas que exploram o conceito que dá nome à obra, Obrigado por Perguntar é o maior projeto da carreira da banda e será disponibilizado em 2025 pelo selo ForMusic Records. As gravações contaram com a participação de parceiros de longa data do grupo, e ocorreram nos renomados estúdios Dahouse e Flap, além da Serra da Cantareira, em um processo imersivo. A produção foi assinada por Kaneo Ramos, enquanto a mixagem e masterização ficaram a cargo de Zeca Leme. Além de Louis Vidall, no vocal e guitarra, o grupo é composto por Pedro Lauletta (teclado e percussão), Pedro Tiepolo (baixo), Murilo Fedele (bateria) e Marcelo Rosado (guitarra).
A Olívia prepara ambicioso EP com o lançamento do single Lobo Guará

A Olívia prepara o lançamento do EP Selva Rock Brasileira. O EP traz a identidade brasileira de forma pouco óbvia, através dos elementos nos arranjos, das escolhas de melodia e da temática socioambiental do último single Lobo Guará, que chegou ao streaming na última sexta-feira (23). Lobo Guará cativa com sua autenticidade, riff hipnotizante e letra provocativa. Um verdadeiro mergulho no rock pop que remete à vibração dos anos 80 e 90, com referências icônicas de bandas como Midnight Oil e Echo and The Bunnymen. A música também presta homenagem aos grandes refrões do rock brasileiro, enquanto levanta questões ambientais em sua narrativa, destacando-se no cenário musical contemporâneo. Louis Vidall, vocalista da A Olívia, afirma que “cada música desse EP foi feita com muito cuidado. Desde as escolhas dos bichos que estampam as capas, até as temáticas das letras. Algumas brincam com os instintos, outras com um sentimento de liberdade. No caso de Lobo Guará, a mais intensa do projeto, estamos falando de um animal muito representativo da fauna sul-americana, bastante identificado com o cerrado brasileiro e que foi o último escolhido para estampar uma nota, a de R$ 200,00.” “Essa foi a primeira parceria que Louis e eu fizemos. Ao mesmo tempo que é uma letra irreverente, é bastante explícita. Quando questionamos se o lobo é bicho ou nota, estamos na verdade questionando até que ponto a humanidade será capaz de provocar tanta destruição, ameaçando até mesmo a sua própria sobrevivência, só para manter intactos determinados interesses”, diz Marcelo Rosado, guitarrista.
A Olívia convida para dançar em uma noite sem fim no single Deixa Minguar

Num mundo totalmente conectado, com facilidades a um click de distância, é fácil confundir independência com individualismo. No entanto, somos seres sociáveis e gostamos de dividir. A liberdade de escolher precisa ser acompanhada da vontade de compartilhar. Às vezes, a melhor notícia do dia pode ser um simples convite para sair por aí. E foi nesse espírito de compartilhar que nasceu a música Deixa Minguar, novo single de A Olívia, já no streaming pela gravadora Orangeira Music. A faixa conta com a participação de Natália Nó e é o terceiro single do EP Selva Rock Brasileira que já teve lançadas as músicas Quando Você Vem e Entre na Agua. “Essa música é especial, tanto pela forma dela quanto pela mensagem. A ideia é quase uma resposta a Dancing With Myself do Billy Idol, que eu amo por sinal. É massa saber se divertir sozinho, mas é muito bom poder compartilhar”, disse Louis Vidall. Com pegada pop, Deixa Minguar refresca o calor das guitarras distorcidas e traz um mix de batida eletrônica e acústica, transformando uma bela canção em uma música potente com final catártico. O clipe com os bastidores foi gravado e editado pela própria banda. A produção musical é de Kaneo Ramos, Mixagem e Master de Zeca Leme e captação de Leo Emocija. O design e a identidade visual assinados por Lucas Tonon acompanham o projeto desde o lançamento da animação original com roteiro de Diogo Pacifico e Louis Vidall. O EP Selva Rock Brasileira tem estreia prevista para o começo de 2024, com o lançamento do último single.
A Olívia ressalta a diversidade natural e social do país em Entre na Água

Entre na Água é a segunda música do projeto A Olívia – Selva Rock Brasileira, formado em São Paulo, que lança pela gravadora Orangeira Music uma série de músicas que bebem na origem da nossa diversidade natural e social, uma alegoria com os comportamentos humanos e instintos selvagens. Entre na Água é uma faixa de pop rock, com influências de indie que também possui momentos de funk music. O animal escolhido para ilustrar a capa é a onça e a letra é inspirada no inconsciente coletivo. O que acontece com um país onde a política não era seriamente debatida pela população e de repente vira o assunto principal de toda uma década? Um clima tenso e monotemático pesa no ar. Entre na água fala sobre a importância de se refrescar, e a melhor forma de fazer isso é dando um belo mergulho. Feito um mar traiçoeiro, Entre na Água vai da calmaria às águas turbulentas em segundos, trazendo pressão e leveza à temática do projeto que tem como inspirações claras o álbum Selvagem, dos Paralamas do Sucesso, e Homem Primata, dos Titãs, com uma sonoridade moderna que flerta com o pop e rock internacional. Ouça Entre na Água, da A Olívia