Crítica | Trem-Bala

Engenharia do Cinema Não hesito em dizer que estamos falando de mais um excelente entretenimento de ação que o cinema nos promoveu neste ano junto de “Top Gun: Maverick” e “Ambulância“. “Trem-Bala” não chama a atenção por ter vários nomes conhecidos encabeçados por Brad Pitt, mas também por se tratar de ter como diretor David Leitch (que depois de “John Wick”, tem conquistado Hollywood por saber trabalhar bem em filmes do gênero). Inspirado no livro de Kôtarô Isaka, a história mostra o habilidoso assassino profissional Joaninha (Pitt) que é contratado por Maria (Sandra Bullock) para pegar uma mala misteriosa em um trem, descer na primeira estação que aparece e lhe entregar. Seria algo fácil, se no mesmo local não tivesse com vários outros assassinos que estariam dispostos a completar suas respectivas missões. Imagem: Sony Pictures (Divulgação) Claramente o roteiro de Zak Olkewicz sabe que ele tem um cenário pouco explorado no cinema, e que várias possibilidades poderiam ser criadas. Então junto de Leitch o mesmo acaba criando uma verdadeira atmosfera que se assemelha demais ao icônico cinema Yakuza (gênero bastante popular no japão, pelos quais mostram intensas e violentas batalhas entre máfias locais) e ao estilo investigativo de Agatha Christie (mais precisamente “O Assassinato No Expresso Oriente“), porém com pitadas satíricas de humor negro e muita violência gráfica (mas tudo dentro do contexto, nada é jogado de forma exagerada). Isso sem citar que ele está ciente que há em mãos vários perfis que ele poderia dominar e abordar, e é quando temos momentos icônicos com personagens como os irmãos assassinos Tangerina (Aaron Taylor-Johnson) e Limão (Brian Tyree Henry), a misteriosa Príncipe (Joey King, que não só rouba a cena, como também está excelente no papel de uma jovem psicopata), e o vingativo mexicano Lobo (Bad Bunny). Junto a eles existem algumas pontas breves de nomes como Zazie Beetz, Logan Lerman, Karen Fukuhara e outras pelas quais deixarei como “surpresas” para você (já que entrarei em território de spoilers). E claro, Pitt está bastante à vontade no papel e está ciente da farra satírica desenvolvida ali.     Mas já aviso de antemão que estamos falando de um mero entretenimento escapista, por tanto, deixa a lógica e mentalidade na entrada da sala de exibição (já que existem muitas maluquices sendo executadas, dentro da possibilidade do universo estabelecido). Tanto que os amantes da cultura japonesa, sentirão que Leitch não só teve um enorme respeito com a nacionalidade, como 30% do longa é falado na língua (algo raro de se ver em produções deste nicho). “Trem-Bala” acaba sendo um retrato satírico do cinema Yakuza e Agatha Christie, pelos quais lhe fazem ser mais um excelente e divertido filme de ação.

Crítica | Cidade Perdida

Engenharia do Cinema Realmente os cinemas vem carecendo de boas comédias com toques de aventuras, até mesmo produções com tais temáticas (afinal, os estúdios estão mirando mais em franquias lucrativas). “Cidade Perdida” não só trás Sandra Bullock de volta a este gênero (que não estava neste tipo de filme desde “As Bem Armadas“, lançado em 2013), como também consegue trazer consigo grandes nomes como Channing Tatum e Daniel Radcliffe. Porém, estamos falando de um filme totalmente genérico com o intuito de divertir por duas horas e nada além disso. A história gira em torno da escritora Loretta (Bullock), que após o lançamento de mais um livro de sua franquia de sucesso, acaba sendo misteriosamente sequestrada pelo bilionário Abigail Fairfax (Radcliffe). Este ordena que ela use suas habilidades para traduzir uma série de desenhos, que segundo o próprio podem levá-lo para um grande tesouro. Só que ambos não esperavam que o dublê de capa dos livros de Loretta, Alan (Tatum) iria até o local para resgatá-la.    Imagem: Paramount Pictures (Divulgação) O roteiro de Oren Uziel, Dana Fox, Adam Nee e Aaron Nee (estes últimos também assinam a direção) procura seguir um escopo bastante clichê (chegando a lembrar um pouco “Tudo Por Uma Esmeralda” e até mesmo “A Proposta“), deixando o desenvolver da narrativa ser levado pelo carisma dos atores. Apesar de Bullock e Tatum terem bastante química, o grande destaque acaba sendo para o astro Brad Pitt. Mesmo sendo uma participação curta, ele acaba tirando muitos risos e referenciando justamente o papel que lhe deu o Oscar em “Era Uma Vez Em… Hollywood“. Infelizmente não podemos dizer isso para Radcliffe, que realmente aceitou o filme para se divertir (uma vez que seu vilão é bastante desinteressante e banal). Com cerca de 110 minutos de duração, certamente o problema principal deste filme é tentar tirar várias esquetes na narrativa com o intuito de promover risos. Isso acaba fazendo a produção se tornar um pouco rasteira e sonolenta, em vários aspectos (vide o arco da empresária Beth, vivida por Da’Vine Joy Randolph, onde acham que é engraçado ainda ver uma mulher obesa berrando). Seria mais fácil terem deixado Pitt com mais tempo de tela. Em seu desfecho “Cidade Perdida” acaba sendo uma esquecível produção marcada apenas por conseguir entreter o espectador por apenas duas horas e nada mais.

Oscar 2020 tem críticas mais sutis, mas não abandona questões sociais

Diversidade

Como de costume, os discursos de agradecimento durante a cerimônia do Oscar são bem acalorados. Nesta edição, temas como inclusão, igualdade de gênero e veganismo foram as principais pautas, mas não ficaram restritos a críticas faladas. Esta edição não foi tão politizada quanto as anteriores, que já teceram críticas diretas ao governo americano. Em 2020, as críticas foram mais sutis, focando nos temas sociais ao invés de atingir os “agentes responsáveis”. Crítica elegante O principal destaque vai para Natalie Portman. A atriz surgiu no tapete vermelho com um traje interessante. A peça, assinada pela Dione, contava com nomes de diretoras esnobadas na categoria de Melhor Direção. Entre os nomes, constou Greta Gerwig, que dirigiu e escreveu Adoráveis Mulheres. O filme, baseado em um clássico da literatura americana, estava indicado a Melhor Filme, mas não contou com indicação de direção. Lulu Wang (The Farewell), Marielle Heller (Um Lindo Dia na Vizinhança), Alma Har’el (Honey Boy), Céline Sciamma (Retrato de Uma Jovem em Chamas) e Lorena Scafaria (As Golpistas) também foram lembradas. A forte crítica foi destacada pela imprensa, que continua embalada na fase Time’s Up de edições anteriores. Mesmo discreta, a mensagem de Natalie Portman foi alta e clara. Política americana Brad Pitt aproveitou seu discurso para fazer pequenas críticas políticas. O ator venceu pela primeira vez em uma categoria de atuação, levando o prêmio de Melhor Ator Coadjuvante por Era Uma Vez Em… Hollywood. Abriu seu discurso com uma alfinetada. “Eu tenho 45 segundos, é mais do que o senado deu ao John Bolton esta semana”. O ex-consultor de segurança nacional da Casa Branca foi testemunha no processo de impeachment do presidente americano Donald Trump. Mesmo sem abordar claramente o assunto, Pitt deu uma cutucada na audição do processo, que terminou favorecendo Trump. Diversidade Chris Rock e Steve Martin dividiram uma das apresentações de categorias da noite. A dupla subiu ao palco para falar em diversidade, levantando críticas que ficaram em evidência em edições anteriores da premiação. “Cynthia Erivo fez um trabalho tão bom em esconder pessoas negras em Harriet que a Academia a escolheu para esconder todos os nomeados negros!”, afirmou Chris Rock. A atriz foi a única negra indicada neste ano. Na sequência, Steve Martin assinalou que em 1929 não havia atores negros nomeados aos Oscar. Sarcástico, Rock respondeu: “sim, e em 2020 temos um”. Em 2019, Mahershala Ali e Regina King saíram vencedores nas categorias de atuação. Além da dupla, o longa Pantera Negra, cujo elenco é marcado pela diversidade, saiu como um dos maiores vencedores da temporada. Minorias e veganismo Joaquim Phoenix não só fez um excelente trabalho como Coringa, mas também tornou sua voz um pilar de discursos importantes. Por toda temporada, Phoenix tem exaltado temas relevantes. Com a vitória de Melhor Ator durante a cerimônia do Oscar, não seria diferente. Seu comentário partiu de como o ser humano possui uma forte tendência a diminuir os outros. Para exemplificar, o ator até falou de suas próprias mudanças pessoais. Em seu discurso, ele provavelmente foi o mais direto em tratar de questões sociais latentes. Phoenix defendeu os direitos das mulheres, negros, LGBTQIA+, indígenas e dos animais. Ademais, afirmou o compromisso do cinema em dar voz aos que precisam. Vale a pena conferir esse discurso na íntegra: Confira a tradução: “Não me sinto acima de nenhum dos outros indicados ou de qualquer outra pessoa nesta sala. Todos nós compartilhamos o mesmo amor pelo cinema. Esse meio me deu tantas coisas extraordinárias que nem sei o que eu seria sem ele. Mas acho que o maior presente que me deu, e a muitos nessa sala, é a oportunidade de usar nossa voz pelos que não têm. “Seja falando sobre desigualdade entre gêneros, racismo, direitos LGBTQ+ ou indígenas, direitos dos animais, estamos falando sobre lutar contra a ideia de que uma nação, uma raça, um gênero ou uma espécie tem o direito de dominar, controlar, usar e explorar outros sem impunidade. “Acredito que nos desconectamos demais do mundo natural, e nos sentimos culpados por ter uma visão egocêntrica, a crença de que estamos no centro do universo. “Entramos no mundo natural, roubamos seus recursos. Nos sentimos no direito de inseminar artificialmente uma vaca e então roubar seu bebê quando ele nasce, mesmo que seus gritos de angústia sejam perceptíveis. E então bebemos o leite que é destinado ao bezerro e colocamos em nosso café e cereal. “Quando usamos amor e compaixão como nossos princípios, podemos criar, desenvolver e implementar sistemas de mudança que são benéficos para todos os seres e ao meio ambiente. “Fui um canalha minha vida toda. Fui egoísta, cruel às vezes, alguém difícil de trabalhar. Estou grato porque muitos aqui nessa sala me deram uma segunda chance. Acredito que estamos no nosso ápice quando apoiamos uns aos outros. Não quando nos cancelamos por erros passados, mas sim quando nos ajudamos a crescer. Educamos uns aos outros, e nos guiamos no caminho pela redenção”.

Documentário sobre Chris Cornell terá Brad Pitt na produção

Brad Pitt está na produção de documentário sobre Chris Cornell

O filme sobre a vida de Chris Cornell, ex-vocalista do Soundgarden e Audioslave, está em andamento. Com direção de Peter Berg, o documentário será produzido por Vicky Cornell, viúva do músico, e pelo ator Brad Pitt. Intitulado Like a Stone, o longa contará com imagens reais de shows e dramatizações. Lauchlin MacDonald foi escalado para interpretar Chris Cornell. Completam o elenco Drena De Niro, Adelicia Morris, Sandeep e Paul Louis Harrell. O ator Micah Fitzgerald também terá papel destaque, interpretando Axl Rose. Chris Cornell faleceu em 2017, aos 52 anos. A homenagem ao músico também contará com imagens de arquivo de outras bandas, como Pearl Jam e Nirvana. As gravações ainda não começaram, mas de acordo com informações do IMDb, Like A Stone deve ser lançado em 2021.