Faixa por Faixa: Dua Lipa lança Future Nostalgia
“Sabe quando você trabalha muito e algo meio que foge das suas mãos e sai mais cedo? É decepcionante, claro”. Com fortes incertezas sobre um lançamento adiantado, Dua Lipa antecipou a estreia de Future Nostalgia, seu segundo álbum. Em entrevista à Kiss FM UK, Dua comentou as dúvidas sobre o lançamento, que ocorre em meio à uma pandemia. Portanto, a esperança é de garantir um ‘respiro’ aos fãs. “Espero que tire as pessoas um pouco do que tá rolando no mundo e dê um momento de felicidade, diversão”. Entretanto, sob forte campanha de divulgação desde o lançamento dos primeiros singles, o álbum já tinha tudo para ser um sucesso. Agora, a prova foi lançada ao mundo. E vamos partir pra resenha. Confira uma análise faixa-por-faixa de Future Nostalgia, de Dua Lipa! Future Nostalgia A faixa-título tem diversas influências, de hip hop a música eletrônica. Realmente, cria um clima retrô futurístico, com uso de sintetizadores, recursos estilísticos e visuais modernos. Dua arquiteta a canção mais desconstruída do álbum, com montagem moderna e um som que dá para visualizar artisticamente. Um quê de Janelle Monáe e St. Vincent, talvez? Don’t Start Now Não tem como não se identificar com a batida deste single. Ademais, a melodia é eletrizante, voando do disco ao soul em poucos versos. Os vocais, que embalam tons crescentes a cada parte da estrutura, criam um clímax delicioso no refrão. Aqui, Dua cria a atmosfera perfeita para construir toda a essência do álbum. Don’t Start Now foi uma escolha bem assertiva como single, pois traduz por completo o conceito do disco. Cool Aqui, vamos de experimentos com música eletrônica e synth pop. Porém, ironicamente, essa é a faixa que mais ressoa à atualidade: soa como um pouco de Taylor Swift, Katy Perry e músicas pop da última década. Com movimento, Cool flui de forma bem gostosa, aproveitando cada detalhe para testar um novo recurso. Physical Muita gente comparou título, coreografia e pegada estética com o hino Let’s Get Physical, de Olivia Newton-John, de 1981. A inspiração é inegável, e extremamente assertiva. Afinal, como criar uma atmosfera oitentista sem recorrer a alguns amuletos da época? Mais uma trilha que te faz pedalar uma bicicleta imaginária, mesmo que você não frequente academias. Baseada nos graves, a faixa é pesada, noturna e sensual, mas ao mesmo tempo mantém o clima nas alturas. Aposto em uma inspiração no pós-punk gótico britânico, com referências a The Cure e Joy Division, além de um bom industrial. Levitating Romântica e dançante, a canção é bem leve e completa bem as outras composições. Não tem muito destaque, mas é uma boa pedida para curtir um som agradável. É uma cereja no bolo da influência disco, com corais divertidos harmonizando a canção. Pretty Please Os beats embalam uma pausa deliciosa da energia frenética, porém, novamente, seguindo a marca dos graves. O pós-disco fica evidente, com uma pegada mais suave, que lembra os tempos da brilhantina sem deixar claras suas inspirações. Focando em sexo e paixão, embala em sensualidade, mas sem deixar de posicionar a força feminina nas relações. Hallucinate Os beats continuam com força total. O ritmo é ingrediente essencial do álbum, compondo toda a atmosfera dançante neo-futurista. Portanto, esta faixa tem papel importante na composição do disco, além de ser divertida, dançante e contagiante. Love Again Todos amamos ouvir Dua Lipa falando sobre amor. Pautada em dúvidas e sentimentos conflitantes, a cantora solta a voz para as desilusões da paixão. As vibes de Whitney Houston, Tina Turner e George Michael trazem um senso de identidade bem forte, delicioso para os fãs do dance. Break My Heart O mais recente single lançado tem um potencial estilístico gigante. Além do clipe muito bem produzido, a canção também conta com muito cuidado na produção. Somada às influências disco, a faixa lembra alguns artistas pop atuais que gostam de mesclar conceitos retrô. Entre eles, Bruno Mars e Justin Timberlake são destaque. Good in Bed Uma batida à moda de Amy Winehouse, com versos divertidos e ousados a la P!nk. O piano é aplicado de forma bem rítmica, mas destoa um pouco das outras canções. O tom debochado abre a parte mais autêntica em letras, como uma despedida das canções românticas, seguindo uma tendência também utilizada por Lizzo em Cuz I Love You (2019). A estratégia oferece uma quebra da narrativa, sem papas na língua, voltando a entoar a Dua Lipa rebelde e girl power que conhecemos em seu primeiro disco. Boys Will Be Boys A faixa tem uma levada mais pop, mas conta com instrumental encorpado. Para bom entendedor, meio verso basta: satírica, a letra fala de papéis sociais e patriarcado. Disfarçada em uma melodia angelical que normatiza o machismo, a música comenta situações que as mulheres enfrentam no cotidiano em relação à violência. Um exemplo são as chaves entre os dedos, nos punhos fechados, quando voltam para casa. No fim das contas, ela reforça a força feminina: “garotos serão garotos e garotas serão mulheres”. Saldo geral: positivo! Não falta ritmo nos embalos de Dua Lipa. O álbum é um prato cheio para os fãs de música disco e eletrônicas, mas também conta com letras divertidas e identificáveis. Ideal para motivar os treinos em casa durante a quarentena! Além disso, conta com todo tipo de canções: faixas divertidas, românticas e críticas. Dua Lipa não perde o tom e mantém seu disco afiado, portanto, mantendo sua essência. Um prato cheio no entretenimento, Future Nostalgia também é um ótimo tributo aos anos 1980, mas sem perder sua atualidade.
Dua Lipa lança Break My Heart com clipe cinematográfico
Falta um dia para o lançamento de Future Nostalgia e Dua Lipa adiantou seu último single. Break My Heart, nona faixa do álbum, veio acompanhada de um videoclipe. Com muita dança, cores e direito à pista de dança bem disco, Dua mantém o estilo retrô. Porém, nesta faixa, aumenta o nível de sua produção no audiovisual. A ideia do vídeo é criar um conceito de “montanha-russa” sobre a jornada de tentativas e turbulências nos relacionamentos. Entretanto, a mensagem se passa unicamente pela perspectiva de Dua, sem uma cena de “contato” com seu interesse amoroso. Para interpretar esse conceito, foi necessário um trabalho impecável na direção. Especialmente na direção de arte, que é um de seus maiores trunfos. Com cenas divertidas, cortes bem feitos e uma estrutura narrativa bem construída, o resultado final é muito positivo. Confira o clipe de Break My Heart: O single sucede Don’t Start Now, Future Nostalgia e Physical. Seguindo referências dos anos 1980, Dua Lipa lançará o álbum completo nesta sexta-feira (27), pelas plataformas digitais.