Crítica | Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes

Engenharia do Cinema Após a fracassada versão cinematográfica de “Dungeons & Dragons“, lançada em 2000, Hollywood estacionou a franquia por um tempo. Porém, com o sucesso de filmes como “Transformers” e “GI Joe“, resolveram retornar com este projeto que foi passando por estúdios como Warner, Universal e finalmente sendo idealizado pela Paramount Pictures. Com um elenco estelar contendo astros como Chris Pine, Michelle Rodriguez, Hugh Grant, Justice Smith, Regé-Jean Page e Sophia Lillis, foi uma grata surpresa ver que realmente mesmo tendo uma história simples, o longa tenha funcionado.     A história é focada em um grupo de mercenários liderados por Edgin (Pine) e Helga (Rodriguez), onde após a traição inesperada de Forge (Grant), acabam ficando presos durante um bom tempo. Após saírem da prisão, a dupla une forças com o mágico Simon (Smith) e Doric (Lillis), para resgatar a filha do primeiro (que está sob a guarda de Forge) e tentar salvar o reino das mãos da bruxa Sofina (Daisy Head) e do terceiro. Imagem: Paramount Pictures (Divulgação) Com roteiro assinado por John Francis Daley, Jonathan Goldstein (estes dois também cuidam da direção) e Michael Gilio, temos em pauta um enredo que em um primeiro momento procura estabelecer uma ligação com o público, por meio do carisma dos personagens (que são totalmente embasados no perfil pessoal dos próprios atores). Para isso, temos o galã atrapalhado (Pine), a mulher durona (Rodriguez), o mágico destrambelhado (Smith), a adolescente audaciosa (Lillis) e o galã que se orgulha em ser o vilão (Grant). E isso ajuda ainda mais no enredo, uma vez que gostamos dos atores envolvidos e suas retratações. Por se tratar de uma adaptação de um jogo em RPG (cujo arco e narração são totalmente exercidos pelos próprios jogadores, na hora dele ser jogado), a direção de Daley e Goldstein procura estabelecer este cenário desde o princípio. Somos apresentados aos pontos positivos e negativos dos personagens; Todos os desafios onde eles são colocados possuem um interlocutor que apresenta como os desafios devem ser feitos (inclusive, o ator Regé-Jean Page casa direitinho com esta função em determinado contexto. Embora ele apareça relativamente pouco) e claro, há a presença de dragões e magias em situações já previstas. E quando isso ocorre, os efeitos visuais realmente são muito bem conduzidos, como a sequência na “Caverna do Dragão” (trocadilho infame, uma vez que estes personagens são do mesmo universo de “Dungeons & Dragons” e possuem uma ponta fraquíssima no enredo), onde embora nitidamente tenha sido gravada em um estúdio com fundo verde, funcionou perfeitamente. “Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes” termina sendo uma agradável surpresa, ao conseguir sutilmente transformar uma narrativa simples, em um jogo de RPG.

Crítica | O Rei da TV (2ª Temporada)

Engenharia do Cinema Sendo uma das mais polêmicas séries lançadas em 2022 (devido ao próprio apresentador Silvio Santos e sua família não terem gostado da mesma), “O Rei da TV” teve sua segunda temporada lançada de forma tímida no catálogo do Star+. Com oito episódios, a atração tenta englobar o máximo de acontecimentos do Grupo Silvio Santos/SBT em um curto período de tempo, causando uma grande estranheza por ter colocado algumas personalidades como vilãs e outros fatos sem sentido algum de terem ocorrido. Os episódios se passam em duas épocas, onde a primeira é no ano de 2010 quando Silvio (José Rubens Chachá) terá de lidar com a crise financeira do Banco PanAmericano. Já a segunda é durante os anos meados dos anos 80/90, quando ele diretamente competia com a Rede Globo, pela audiência aos domingos e ao mesmo tempo almejava se tornar Presidente do Brasil. Imagem: Star Productions (Divulgação) Se tratando de uma atração voltada para os fãs do apresentador e que vivenciaram as épocas citadas na série, a sensação de bagunça na abordagem é gigantesca. Em um curto período de semanas, a televisão brasileira viu o hilário encontro da Gretchen com o ator Jean-Claude Van Damme, os sequestros de Patrícia Abravanel (Bárbara Maia) e do próprio Silvio Santos e a polêmica entrevista do PCC mostrada no programa do Gugu (Paulo Nigro), resultando em sua ida para TV Record (que ocorreu quase 10 anos depois disso). Isso certamente foi executado com o pretexto de que havia uma insegurança de não ser mostrado em uma possível terceira temporada.     E essa rapidez chega a ser bizarra, pois não há uma profundidade na abordagem dos assuntos (para se ter uma ideia, a situação de Gugu durou anos até ele tomar a decisão de mudar para a Record). Porém, é mostrado o quão a Rede Globo estava disposta a detonar o SBT em vários sentidos, tanto que o apresentador Fausto Silva (Herton Gustavo Gratto) era um verdadeiro peão na mão de Rossi (Celso Frateschi, que é um pseudônimo do próprio Boni), até ele se conciliar como líder aos domingos. Mas esse é o único assunto que pode-se dizer que foi abordado com bastante calma e com tempo do espectador se assimilar com o que estava sendo apresentado. Já que em sua maioria, tudo é resumido e colocado de uma maneira pela qual o público precisará do “auxílio” do Google, para poder compreender direito o que estava sendo mostrado (como o arco quando Gugu foi empresário da banda “Dominó”, e sofria constantes pitacos de Patrícia). Uma lástima também, é que não houve nenhuma amostra dos carros chefes da emissora naquela época, que eram a Hebe Camargo (cujo nome é apenas citado), Ratinho, Jô Soares e Serginho Groisman. Marília Gabriela, Jackeline Petkovic e Ronald Golias chegam a ter válidas e breves participações. Apesar de estar completamente bagunçada em vários sentidos, a segunda temporada de “O Rei da TV” continua entretendo e mostrando os fatos no estilo pastelão e cafona, como eram executados os programas do SBT no passado.

Crítica | O Urso do Pó Branco

Engenharia do Cinema Há tempos que o cinema trash não dava as caras nas telonas, e não hesito em dizer que “O Urso do Pó Branco” foi o retorno triunfal do gênero. Com uma premissa totalmente inusitada (e que chama a atenção da maioria dos espectadores), o longa é incrivelmente inspirado em fatos reais e serviu como base para criar este enredo (que mescla os estilos de clássicos como “Piranha” e “A Bolha Assassina“). Porém, a falta de habilidade da atriz Elizabeth Banks como diretora (que já havia estampado N erros no recente “As Panteras”), prejudicaram algumas sequências que poderiam ter sido melhor executadas (uma vez que estamos falando de um filme com censura 18 anos). A história se passa em pleno anos 80, onde após um carregamento de cocaína cair esporadicamente em uma floresta, o mesmo passa a ser ingerido por um urso. Isso não apenas lhe transforma em um viciado, como também desperta no mesmo uma ira tremenda por mais droga, desencadeando uma onda de mortes brutais. Imagem: Universal Pictures (Divulgação) Embora o interesse central seja vermos o próprio urso se drogando e causando o caos, a trama é dividida em três grupos de personagens. O primeiro é uma dupla de traficantes (Alden Ehrenreich e O’Shea Jackson Jr.), que estão indo procurar o carregamento da droga a pedido do chefão e pai de um deles (Ray Liotta, em um dos seus últimos papéis). O segundo é o policial Bob (Isiah Whitlock Jr.) que está na procura destes e por último temos uma mãe (Keri Russell) que está à procura de sua filha (Brooklynn Prince) com um amigo desta (Christian Convery).     Por se tratar de um filme trash, o roteiro de Jimmy Warden (que já tinha escrito os divertidos dois filmes de “A Baba”) não consegue estabelecer um sentido mais profundo ou até mesmo que faça sentido entre as motivações e decisões dos personagens citados. Para se ter uma ideia, em menos de cinco minutos vemos uma cena de luta em um banheiro e duas crianças falando naturalmente sobre usarem drogas (e a bizarrice resulta em vários risos). Sim, estamos falando sobre um filme de um urso usuário de cocaína. Mas como ele é retratado? Embora o CGI esteja um misto de “bom e ruim” (dependendo do contexto onde o próprio é inserido), ele poderia ser melhor executado na sua inserção da trama, uma vez que ele chega aparecer relativamente menos do que o esperado (e quando surge, resulta em ótimas cenas). Com uma violência regada em um aspecto cartunesco (resultando em boas risadas), as cenas de ataque tem a sensação que foram feitas porcamente com dois intuitos: falta de conhecimento da própria Banks ao retratar este tipo de contexto e o interesse da Universal em obter uma censura para menores poderem ver o próprio nas telonas (algo que não ocorreu). E uma cena que posso exemplificar isso, é a envolvendo os socorristas na ambulância. Os posicionamentos não transmitem sensações que deveriam, mesmo se tratando de uma obra trash. “O Urso do Pó Branco” consegue se estabelecer como o retorno triunfal do cinema trash, nas telonas e ainda abre brecha para uma possível franquia. Vamos torcer que seja nas telonas.

Revisado | A Paixão de Cristo

Engenharia do Cinema Lançado em 2004, “A Paixão de Cristo” foi um dos maiores filmes bíblicos já lançados e feitos na história do cinema. Com um orçamento de US$ 30 milhões, rendeu mundialmente US$ 612 milhões (se tornando a maior bilheteria de um filme não falado em inglês, na história) e desde então se discute em fazerem a sua continuação, rotulada de “A Ressurreição de Cristo” (com todos os envolvidos do primeiro, voltando).     Dirigido, escrito e produzido por Mel Gibson (que é católico praticante), o próprio tem como marca a violência em suas cenas e não poupa o realismo nas mesmas. O resultado acabou com muitas pessoas não indo aos cinemas ver o mesmo na época (o que fez Gibson lançar uma versão “light” do longa um ano depois, para estes irem conferir sem problemas), e algumas até morreram nas exibições (de tamanho realismo que foi criado). Mas um fato é: até hoje este filme sempre é citado de alguma maneira (e não apenas em programas religiosos).    O enredo é centrado nas últimas 12 horas na vida de Jesus Cristo (Jim Cavieziel), desde quando ele foi dedurado por Judas (Luca Lionello) até seu crucificamento. Neste meio tempo, vemos o quão o mesmo foi judiado pelos homens que o perseguiam e como a sociedade estava dividida, em relação de sua índole e poderes milagrosos. Imagem: 20th Century Studios (Divulgação) Um fato é que Mel Gibson sempre teve um carinho enorme por este seu trabalho (tanto que ele proibiu de dublarem o mesmo, durante 10 anos. Ocasionando até em exibições legendadas, na TV Record), e desde seu princípio isso é nítido. Seja pela concepção dos diálogos, atuações e o cuidado na direção de arte e figurino da atmosfera apresentada. Agora os trabalhos mais primordiais foram a fotografia (que remete ao clima árido de todo contexto), e a maquiagem (já que os machucados de Cristo, estão totalmente realistas), que acabaram sendo consequentemente indicados ao Oscar (juntamente com a categoria de Trilha Sonora, que realmente não merecia figurar).     Isso porque ainda não entrei no aspecto da atuação de Jim Caviezel, que passou maus bocados nos sets (uma vez que ele foi atingido por um raio, teve uma fratura no ombro na hora de carregar a cruz e um dos figurantes errou o golpe da chicotada, resultando em uma cicatriz de 35 cm, em suas costas). Convencendo desde o primeiro momento como Cristo, sua atuação consegue ser realista ao extremo (o que nos faz crer em estarmos vivenciando todo aquele momento) e até consegue tirar lágrimas dos mais durões.     Vale enfatizar que o próprio roteiro assinado por Gibson e Benedict Fitzgerald, é sutil e não fica explicando quem é quem na narrativa (uma vez que eles deduzem que o espectador já conhece a passagem bíblica). E isso fica nítido até na retratação de Lúcifer (na icônica cena do próprio carregando um bebê, que é descrito como a figura do demônio), que é representado com um ser não binário (já que ele não possui sexo).     “A Paixão de Cristo” consegue se destacar até hoje como um dos melhores filmes sobre a temática, e realmente o seu impacto fica cada vez mais plausível com os dias atuais. Obs: o longa está disponível na plataforma Star+, sem opção do áudio original da obra (em Aramaico) e sim com dublagens em inglês (que está horrível) e português. Inclusive, própria imagem está aparentemente em uma resolução menor de 720p, ou seja, é melhor conferir o mesmo em mídia física (já que dificilmente o serviço vai alterar este arquivo).

Crítica | Um Filho

Engenharia do Cinema O dramaturgo Florian Zeller ficou mundialmente conhecido ao adaptar sua peça teatral “Meu Pai“, para os cinemas e conseguir ganhar o Oscar de Roteiro Adaptado, e principalmente ter auxiliado Anthony Hopkins a ganhar seu segundo careca dourado. Era esperado por muitos que seu novo projeto, “Um Filho” (que também é uma adaptação de sua peça teatral) fosse fazer o mesmo sucesso, porém estamos falando de um tema complexo e delicado que é a depressão na adolescência. Apesar de não conseguir sequer ser lembrado nas premiações, estamos falando de uma produção feita para ser absorvida e refletida. A história mostra o importante executivo Peter (Hugh Jackman), que está vivendo uma vida tranquila com sua atual esposa Beth (Vanessa Kirby) e seu filho recém nascido. Porém, tudo muda quando sua ex-esposa Kate (Laura Dern) lhe avisa que seu filho Nicholas (Zen McGrath), quer ir morar com ele. Imagem: Diamond Filmes (Divulgação) Ao contrário de “Meu Pai” (cuja narrativa era na perspectiva da mente do protagonista, que tinha Alzheimer), o roteiro de Zeller (que também assina a direção) com Christopher Hampton coloca o enredo no olhar do próprio Pai, que assiste a decadência do filho, em meio a um cenário de depressão. Realmente aquele sabe como conduzir este tipo de filme, uma vez que ele deixa os diálogos como o grande ode de sua produção (se abstendo de uma trilha sonora melancólica, que muitos diretores usam e abusam). O resultado disso foram ótimas atuações de Jackman, Kirby, Dern e principalmente de Zen McGrath. Realmente ele convence a todo momento como uma pessoa doente, e com sérios problemas apenas com seus jeitos, olhares e ainda coloca em dúvida se ele está tendo crises de depressão ou até mesmo psicóticas (o que chega a assustar, dependendo do seu tipo de imersão na narrativa). Não posso deixar de citar a breve aparição de Anthony Hopkins, que interpreta Anthony, pai de Peter e curiosamente é o mesmo personagem do longa citado no primeiro parágrafo (fato confirmado pelo próprio Zeller, inclusive este filme se passa antes dos eventos mostrados naquele). A presença do ator foi certamente uma voz estonteante dentro do enredo.    “Um Filho” é um longa feito para nós refletirmos o quão a depressão pode desencadear uma série de problemas em uma família, com direito a uma ótima interpretação de Hugh Jackman.

Crítica – Daisy Jones & The Six

Engenharia do Cinema Inspirado no sucedido livro de Taylor Jenkins Reid, a minissérie “Daisy Jones & The Six” realmente conseguiu transpor em seus 10 episódios aquela sensação nostálgica de como eram as bandas de rock’n roll nos anos 70, e como os bastidores eram conturbados para algumas delas. Sendo estrelada por Riley Keough (neta de Elvis Presley, na vida real) e Sam Claflin (“Como Eu Era Antes de Você”), mesmo não sendo inspirada em fatos reais, mas sim na história da banda inglesa Fleetwood Mac (que fez bastante sucesso no fim dos anos 60), a produção é mais um dos notórios casos onde uma qualidade final é tão grande, que nos faz buscar mais sobre a história de seu desenvolvimento. A história é contada na perspectiva de um documentário fictício, onde os integrantes da banda Daisy Jones & The Six comentam toda a trajetória da mesma e os fatores que levaram ao conflito fatídico acontecimento que resultou no encerramento da mesma. Sendo encabeçados pela própria Daisy Jones (Keough) e o vocalista Billy Dunne (Claflin), vemos o quão a relação entre ambos era mais complexa do que imaginávamos. Imagem: Prime Video (Divulgação) Não hesito em dizer que esta minissérie se sobressai não só por conta do carisma de todos os atores, mas também pelo quesito da trilha sonora ser um dos fatores que cativam o espectador desde seu princípio. Seja pela música cantada pela própria Daisy Jones & The Six, “Aurora” (que vem feito um breve sucesso) e a canção da abertura da atração “Dancing Barefoot”, de Patti Smith. Apesar desta ter sido lançada em 1979 (e a atração se passar alguns anos antes), muitas das outras músicas que compõem a trilha sonora tem este mesmo detalhe. Porém, não chega a ser um incômodo, uma vez que combinam com o estilo da narrativa.    Sendo neta do Rei do Rock, a atriz Riley Keough realmente transparece os seus genes familiares ao interpretar uma cantora com tremenda naturalidade, em vários sentidos. Seja por intermédio de seus lados profissionais, amorosos e crises com drogas e afins. Tanto que não hesito que a mesma seja reconhecida em várias premiações como Emmy. O mesmo pode-se dizer de Sam Claflim, que tem dado azar de pegar poucos trabalhos que reconheçam seu talento como aqui. Como menções honrosas, digo que o enredo ainda consegue desenvolver com maestria algumas subtramas com os integrantes da banda Karen (Suki Waterhouse, que é cantora na vida real e aqui interpreta a tecladista), Graham (Will Harrison) e Eddie (Josh Whitehouse). Com relação aos coadjuvantes de fora da banda, a esposa de Billy, Camila (Camila Morrone, que é enteada de Al Pacino fora das telas) e o empresário da mesma, Teddy Price (Tom Wright, cuja sua presença em cena já será suficiente para alavancar a sua carreira, em vários sentidos). Porém, a atração continua com um erro que vem sendo constante em várias outras séries, que é pegar um episódio da temporada, com o intuito de focar exclusivamente em um coadjuvante. Aqui o foco é o casal Simone (Nabiyah Be) e Bernie (Ayesha Harris), pelo qual o foco narrativo nestas não acrescenta em absolutamente nada na narrativa. A sensação é que foi colocado este contexto, apenas com o intuito de cobrir uma “lacuna”. Em aspecto técnico, o mérito também é da equipe de diretores, pois eles conseguem saber exatamente o que deverá ser focado, seja na tonalidade dramática, na execução das canções e até mesmo quando deve ou não ser executada a trilha sonora de fundo (tópico que muitos cineastas não estão sabendo mais usar) e até mesmo. A única sensação que você tem, é no trabalho de figurino e cenário terem sido genéricos demais. Datada a temática, ambos deveriam ter sido melhor trabalhados.    “Daisy Jones & The Six” termina sendo uma divertida série no universo musical, onde em seu término nos faz pedir mais um bis, de forma emocionante.

Crítica | Entre Mulheres

Engenharia do Cinema Entre os vencedores do Oscar 2023, “Entre Mulheres” realmente consegue ser um dos piores longas metragens em vários sentidos. Apesar de ter conseguido conquistar o prêmio de Roteiro Adaptado, a produção escrita e dirigida por Sarah Polley (“Madrugada dos Mortos“) parece falar apenas para o público feminino e ativista, esquecendo de passar sua mensagem para o espectador como um todo. Baseado no livro de Miriam Toews, a história gira em torno de uma aldeia com seguidores da religião Menonita e vivem de forma isolada, em pleno ano de 2010. Cansadas dos abusos e agressões dos homens do local (que chegavam até mesmo a estuprar aquelas, e geravam seus filhos), elas resolvem se unir para discutir se devem enfrentá-los, ir embora ou ficar na mesma situação.     Imagem: Universal Pictures (Divulgação) Para se conseguir ter uma intimidade e emoção em um filme dramático, é necessário fazer um parâmetro com o público, como todo. E não existe um arco convincente e que transpareça isso nesta obra. Em momento nenhum o espectador liga para a situação apresentada, muito menos para as personagens relatando situações degradantes que estavam passando. Isso só vai funcionar se você for um ativista ou já ter vivenciado situações similares. Ressalvo que o descuido é mais por parte da própria Polley, que realmente fez a obra pensando em exercer uma mensagem para aqueles que já lutam pela causa, ao invés de tentar vender a própria para aqueles que desconhecem algumas situações (por incrível que pareça). E é triste ver isso acontecer, pois o elenco conta com bons nomes como Rooney Mara, Claire Foy, Frances McDormand (estas duas últimas estão bastante apagadas), Jessie Buckley (que realmente está se prendendo em filmes desta temática) e Ben Whishaw (que está genérico demais). Eles conduzem bem as atuações, dentro das pequenas brechas. Mas não existe um destaque (quando neste tipo de história, deveria haver), muito menos uma personagem central (apesar da direção forçar demais a personagem de Mara, Ona) “Entre Mulheres” é um filme feito para ganhar o Oscar e realmente conseguiu cumprir seu papel. Mas facilmente será esquecido nos próximos meses.   

Crítica | O Estrangulador de Boston

Engenharia do Cinema Temos em mãos outro caso de que a própria Disney não está sabendo trabalhar com seus principais lançamentos, onde os bons filmes acabam sendo direcionados diretamente para o streaming, ao invés de irem para os cinemas. “O Estrangulador de Boston” não chega a ser um título de Oscar (uma vez que possui uma temática e abordagem raramente explorada pelo mesmo), mas facilmente consegue captar a atenção do espectador por conta do seu enredo.    Baseado em fatos reais, a história se passa nos anos 60, quando as jornalistas Loretta McLaughlin (Keira Knightley) e Jean Cole (Carrie Coon) se juntam para investigar uma misteriosa onda de assassinatos em Boston, pelas quais são vitimadas várias mulheres distintas. Em meio a um cenário onde nem a própria polícia sabia o que fazer, a dupla foi totalmente responsável por uma revolução no caso.    Imagem: 20th Century Studios (Divulgação) Durante boa parte da exibição do longa de Matt Ruskin (que também cuida do roteiro), só me fizeram refletir como o jornalismo atual realmente não se aplica no mesmo padrão de qualidade de antigamente. Pode parecer clichê, mas o texto pontua a importância de Loretta e Jean sempre irem atrás das informações verdadeiras, para não passarem mentiras só para terem audiência. Mesmo com a sociedade tendo um total viés machista por conta delas cuidarem deste assunto (embora a forma como este assunto seja abordado, é totalmente banal e repleta de frases de efeito), e os políticos e outros veículos de comunicação da cidade terem politizado totalmente o caso, apenas por interesse próprio (uma vez que muitos sequer sabiam o que fazer, enquanto a dupla de jornalistas demonstravam mais maturidade). Porém, Ruskin não possui uma imagem própria, porque o tempo todo ele remete aos trabalhos de David Fincher em “Zodíaco” (fotografia escura demais, enquadramento nos atores em momentos tensos e a forma como ele apresenta as cenas envolvendo os crimes citados) e Tom McCarthy em “Spotlight“. Neste tipo de filme, uma imagem própria do diretor faz toda diferença (porque na hora de você refletir sobre determinada situação, o diferencial acaba pesando). Agora na retratação das personagens, apesar dele conseguir desenvolver muito bem Loretta (inclusive, Knightley está ótima no papel) e fazer o espectador criar uma empatia por ela, faltou o mesmo detalhe para Jean (uma vez que ambas possuem grande importância para o enredo, apesar de Coon combinar perfeitamente com a própria). “O Estrangulador de Boston” não é um suspense como aparenta ser, e sim uma ótima produção que nos faz refletir que um bom jornalismo consegue intervir em situações pelas quais muitos não encontram soluções viáveis.

Palpites finais sobre os ganhadores do Oscar 2023

Engenharia do Cinema Na noite de hoje, 12 de março, às 22 horas, acontecerá a cerimônia do Oscar 2023, com transmissões pela TNT e HBO Max. Um fato é que “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo” será um dos grandes vencedores (inclusive ele está no rótulo de “ame ou odeie”) e provavelmente levará para casa os prêmios de filme, direção (Daniel Kwan e Daniel Scheinert), ator coadjuvante (Ke Huy Quan) e edição. Isso sem citar algumas surpresas que podem fazer o mesmo levar nas categorias de atriz (Michelle Yeoh), atriz coadjuvante (Jamie Lee Curtis) e até mesmo roteiro original.    Outros provavelmente fatores que iremos presenciar nesta cerimônia serão as vitórias de Brendan Fraser por “A Baleia” (que será um dos momentos mais emocionantes da noite), a terceira vitória de Cate Blachett por “Tár” (que lhe fará entrar para o hall limitado de atrizes que mais ganharam o prêmio) e o terceiro Oscar de Guilhermo del Toro pela sua ótima animação “Pinóquio“. O cinema estrangeiro também terá seu espaço com a vitória de “Nada de Novo no Front” nas categorias de filme estrangeiro e fotografia. Podendo levar também na categoria de som (uma vez que ele está no mesmo patamar de “Top Gun Maverick”). Não favoritos na categoria principal, os blockbusters “Avatar: O Caminho da Água” acabará levando como efeitos visuais (uma vez que James Cameron conseguiu inovar totalmente neste quesito, mais uma vez), enquanto “Elvis” ficará com Design de Produção e “Top Gun: Maverick” em Som (como citado anteriormente). Confira a relação com os palpites dos possíveis vencedores, com exceção das categorias de documentário e curta-metragem (pelos quais não vou opinar, por não ter visto aos mesmos). Para ler as análises dos longas, só clicar sobre os respectivos títulos.    Filme: “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo“Direção: Daniel Kwan e Daniel Scheinert – “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo“Ator: Brendan Fraser por “A Baleia“Atriz: Cate Blanchett por “Tár”Ator Coadjuvante: Ke Huy Quan por “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo“Atriz Coadjuvante: Angela Bassett por “Pantera Negra Wakanda Para Sempre“Filme Estrangeiro: “Nada de Novo no Front“Animação: “Pinóquio de Guilhermo Del Toro“Roteiro Original: “Os Banshees de Inisherin“Roteiro Adaptado: “Entre Mulheres”Efeitos Visuais: “Avatar: O Caminho da Água“Som: “Top Gun Maverick“Fotografia: “Nada de Novo no Front“Design de Produção: “Elvis“Figurino: “Babilônia“Canção Original: “Naatu Naatu” de “RRR”Trilha Sonora: “Babilônia“Edição: “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo“Maquiagem e Cabelo: “A Baleia”