Duda Raupp volta aos anos 70 e 80 em Meu Guia, feat com Cristal

Segundo lugar na categoria “Produtor Revelação” no 1º Prêmio Rap Brasil, Duda Raupp apresentou mais um motivo por ter merecido o título: o seu mais novo projeto inspirado no soul dos anos 1970 e 1980. E para guiar esse trajeto o primeiro lançamento é o single Meu Guia, com participação de Cristal em uma dedicatória para o RAP. Através de seus pais, Duda cresceu escutando os sons da época setentista e oitentista. De cantores como Tim Maia, The Jackson 5, Cassiano, entre outros, o gênero sempre foi acompanhando a vida do produtor e ganhando ainda mais espaço junto com os representantes dessa nova década, como Anderson Paak, Free Nationals e Kali Uchis. Sendo assim, carregado de influências, Duda gravou um vídeo produzindo um beat em que explorava esse seu lado e o que não esperava era a repercussão que teve, entre os artistas que chegaram interessados no trabalho, Victor Xamã foi quem arrematou a produção, que veio a se tornar, com participação de Luedji Luna, Vigésimo Andar, uma das mais escutadas do novo disco do artista. Com isso, o produtor percebeu que a onda de misturar o antigo com o novo era uma vibe bem aceita para vários ouvidos. Esse foi o primeiro passo para o início do seu projeto, o segundo foi a ideia de músicas que brincaria com a ambiguidade, a letra que aparenta falar sobre uma relação amorosa com uma pessoa, na verdade fala sobre uma relação com alguma outra coisa. O desafio logo foi aceito por Cristal, parceira de Duda nas faixas O Plano É Não Voltar Pra Casa e Posse, e a rapper resolveu se declarar para o seu mais leal amor: o rap. “Acredito que foi consequência do que tô vivendo agora e minha relação com o meu trabalho mesmo. Lancei minha primeira música em 2019, apesar de ser muito recente, desde então eu mergulhei na cultura e o rap foi ferramenta de transformação na minha vida. Então por que não dedicar uma música pra ‘ele’?” comenta Cristal. Ouça Meu Guia

Duda Raupp com Nill e Cristal em O Plano é Não Voltar Pra Casa

Duda Raupp já comprovou que entende quando o assunto é ritmo, melodia e harmonia. E mais uma vez, o produtor e beatmaker mostra a sua especialidade com O Plano É Não Voltar Pra Casa, convidando para aprimorar a obra Cristal e Nill. O single começou a ser criado quando Duda Raupp participou da edição do Clube da Costura – evento virtual de produtores e beatmakers – e apresentou o beat onde utilizou um sample. Logo que a ideia em transformá-lo em música veio à tona, Raupp substituiu o sample com uma nova criação usando suas próprias teclas e vozes. “É bem especial para mim que uma produção que veio desse evento se tornou uma música, pois eu ajudei a organizar o Clube do início, e tem sido uma fonte de inspiração e conexão com a música nesses tempos pandêmicos”, conta o produtor. Para a alegria dos fãs de rap nacional, faz um tempo que Duda acompanha e admira os trabalhos de Nill e Cristal. Já imaginava o feat dos rappers em seu trabalho quando converteu o beat em canção e não perdeu a oportunidade da parceria com a Foco na Missão para conseguir o contato dos cantores. “Esse convite foi muito inusitado na verdade, o Rashid me apresentou o trabalho do Duda e me convidou pra colaborar com ele, eu particularmente não faço música com pessoas q não conheço, mas ali foi um convite especial de um cara que eu admiro, e em seguida conheci o Duda que é um moleque 100% e muito talentoso, por isso a musica fluiu facilmente, em seguida já conversamos em colaborar mais vezes, inclusive a ideia de chamar a Cristal foi sensacional também, nós dois não tínhamos musica juntos ainda e casou muito a vibe de nos três!”, relata Nill. “Quem fez a ponte para esse projeto do Duda foi o Rashid, e achei muito massa que o Nill já estava no projeto, um artista que escuto muito e já queria trabalhar junto! O Duda foi demais, a sessão foi tão leve e tão fluída, estávamos na mesma vibe, fomos trocando e acrescentando ideias e ficou um trabalho lindo, uma música linda de se sentir, de relaxar, de fechar os olhos e poder imaginá-la”, completa Cristal. Cristal é referência na cena de Porto Alegre, que é a cidade de Duda, o que possibilitou os dois se conhecerem no estúdio. Já Nill é de São Paulo. A união das regiões Sul e Sudeste resultou no single que mistura Rap, R&B e Neo Soul. As vozes acompanham o som da batida com a leveza instrumental enquanto contam sobre um encontro e desencontro numa noite estrelada com O Plano É Não Voltar Pra Casa.

Cristal comenta lançamento de $incera, parceria com Djonga e sucesso de Ashley Banks

A rapper Cristal, de 17 anos, soltou o clipe de $incera na última quinta-feira (19). Recentemente, a artista teve a oportunidade de fazer um feat com o Djonga, para o novo álbum do rapper Histórias da Minha Área. A parceria surgiu após a artista ter visto o rapper ouvindo sua música Ashley Banks, em uma rede social. Tal música foi lançada em dezembro do ano passado. E também abriu portas para ela adentrar à cena do eixo Rio-São Paulo, já que ela é de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Mas, tudo isso não seria possível sem a ajuda de sua família, que trabalha com ela. Muito menos sem a ‘visão de futuro’ que ela tem da sua arte e as mensagens que passa nas letras. Conversei com a Cristal sobre todos esses assuntos e um pouco mais, pega a visão:        A música $incera tem uma pegada meio caseira e aborda a questão racial. Foi essa pegada que você quis passar? A letra tem umas falas ácidas, algumas pessoas podem enxergar como algo mais agressivo. Mas, na verdade, $incera, com o cifrão, já diz muito do que a pessoa vai descobrir ao longo da letra: tudo tem um preço. O jeito que você se expressa tem um preço, a sua sinceridade, você ser verdadeira tem um preço. Eu quis falar essas verdades, abordar, por exemplo, a apropriação cultural e assuntos relacionados à questão racial com uma forma despojada de falar. Eu me inspirei muito na Lady Leshurr. O jeito que ela usa a expressão, de se vestir, ela faz rap com o corpo.  Bitch, não!Tu sabe, não vai me chamar assimNasceu com a cor da Angélica e agora quer ser a TaísAmiga, melhor chamar o seu táxiSua farra de black face, acaba aquiE ela diz que é fã da Queen BAgora ela quer ter big lipsPros nigga quer fazer strip teaseEla disse que já nasceu assimMinha filha, cadê sua melanin’? Trecho da música $incera E o clipe não tem nada de profissional, juntou eu, meu primo, que é meu produtor, o MDN Beatz, e a minha prima, que atuou, fez a maquiagem e direcionou os figurinos no clipe.  Você foi convidada para participar do álbum do Djonga. Como foi isso?  Cara, foi uma loucura! Ashley Banks foi a música que me fez abrir porta para outros artistas, pude ser conhecida no eixo Rio-São Paulo. O Djonga tinha postado um stories na barbearia, cantando Ashley Banks com os amigos. Eu comentei o stories e ele respondeu me chamando pro álbum. Eu surtei! Depois, ele me ligou para explicar a ideia. Fui com minha mãe até ele. A gente tem essa coisa de trabalhar em família, eu me identifico muito. E esse encontro de gerações, a escrita da música foi isso, abordamos de tudo, como educação financeira, ancestralidade. Foi mágico e inesquecível.  Como foi lidar com o sucesso de Ashley Banks? Na verdade, saber lidar eu estou aprendendo cada dia mais. No momento que eu escrevi a letra e mostrei para os meus amigos, depois para Agência Denegrir, que produziu o clipe, a gente esperava ser destaque. Mas não sabíamos em qual proporção. Botamos muita fé que iria ser foda. Viver tudo isso é outra parada!  E tem mais trabalhos para esse ano?  Sim! Eu já tenho músicas engavetadas. Espero lançar um videoclipe até o final do mês, além de feats que vão rolar esse ano. Também estou no processo do meu primeiro EP. Não tem data, nem previsão, mas estou no processo. Você vai ficar no trap ou pretende expandir?  Não é meu objetivo fazer só trap, tenho outros estilos de músicas. Não gosto de me prender em uma coisa só, posso lançar coisas diferentes com o MDN Beatz. Apenas calhou dos meus lançamentos serem no beat de trap.  O que você espera alcançar com a sua arte?  Acho que essa resposta acaba respondendo por que fazer arte. E foi como falei na palestra do TEDX Laçador 2019 . Eu falo que quero eternizar a arte com nós, pessoas pretas, como protagonistas. Eternizar a história da nossa família, das nossas vidas em qualquer forma de arte.   Caminhada de Cristal nas artes A Cristal começou no rap em junho de 2019, quando lançou seu primeiro single Rude Girl. A música tratava sobre autoestima preta, o recorte racial do estado e a relação que isso tem com a cena atual do rap. Porém, sua caminhada como artista começou desde cedo. A jovem artista aos 15 anos já manifestava sua arte em versos de poesia nos slams. Em 2017, sagrou-se campeã da etapa regional e representou seu estado pela primeira vez no SLAM BR – Campeonato de Poesia Falada, ao lado do amigo e poeta, Bruno Negrão, em São Paulo. Tem um livro lançado de poesias autorais, Quando O Caso Escurece, e participou de outros projetos literários, como Poetas Vivos – Vida Longa à Resistência Vol. I, e antologia Querem Nos Calar: Poemas para serem lidos em voz alta, organizada por Mel Duarte contendo escritoras de todo país, com prefácio de Conceição Evaristo. Dentre suas experiências, participou das gravações do filme Aos Olhos de Ernesto, também pela Casa de Cinema de Porto Alegre. Ela recita alguns versos seus no longa. O lançamento está previsto para este ano.  Seu mais recente trabalho como atriz, é com a personagem Kalliny na série O Complexo, da Verte Filmes. Acompanhe o trabalho da artista pelas redes sociais Facebook e Instagram.