Exaltado por Stones e Killers, Sam Fender é o nome do verão britânico

Responsável pela abertura do show do The Killers, no Emirates Stadium, em Londres, na última sexta-feira (3), o guitarrista inglês Sam Fender vem conquistando seu espaço com muito merecimento. Antes mesmo de lançar seu primeiro álbum de estúdio, Hypersonic Missiles, em 2019, Fender já lotava shows em Londres, Nova York e Los Angeles. Com o segundo disco, Seventeen Going Under, de 2021, cresceu mais ainda. A faixa-título desse trabalho virou seu single com mais streams. Agora, na atual temporada, segue obtendo conquistas importantes. O show com o The Killers foi o primeiro do artista em um estádio. Algo que ele fez questão de mencionar: “estou muito feliz de estar aqui. É o meu primeiro show em estádio”. Chama a atenção a personalidade deste jovem de 28 anos. No palco, consegue comandar a plateia como poucos. Entra em cena acompanhado com uma superbanda com metais, guitarras, baixo e teclado. A sonoridade também é de quem não ficou acomodado com o que escutava quando adolescente. Fã declarado do Kings of Leon, Fender é fascinado por Jimmy Page, Jimi Hendrix e Slash. O som, no entanto, está mais voltado para a linha de Bruce Springsteen. E isso é bom demais. Em algumas entrevistas, chegou a declarar que seu irmão o apresentou os álbuns Born to Run e Darkness on the Edge of Town, do The Boss. Aliás, por falar em personalidade, ele deixa isso bem claro em pequenos gestos também. Por exemplo, esticar uma bandeira do Newcastle, seu time de coração, em cima do teclado, mesmo sabendo que está na casa do Arsenal. Quem se importa, né? Fender também atrai muito o público jovem por ter mantido uma carreira de ator em papéis secundários em séries de TV. No show na casa do Arsenal (chamo assim porque os vizinhos do estádio simplesmente ignoram o nome Emirates Stadium), Fender tocou dez músicas. Foram seis do álbum mais recente, duas do primeiro, uma do EP Dead Boys, além de um b-side de Seventeen Going Under. Aliás, as duas músicas destacadas do show foram as presentes nesse single: Seventeen Going Under fechou a apresentação com o estádio quase inteiro cantando junto, enquanto Howdon Aldi Death Queue veio com uma pegada bem punk rock, acompanhada por um vídeo cheio de críticas sociais. Fender fala com propriedade desses problemas. Nunca foi um abastado. Desde os 15 anos canta na rua para ajudar a família. Seu padrasto, que serviu as Forças Armadas, chegou a viver como sem-teto por mais de um ano, enquanto a mãe precisou se aposentar precocemente por conta da fibromialgia. Em entrevistas recentes, Fender conta que as drogas sempre estiveram presente em sua região. Conseguiu fugir do vício que levou muitos de seus amigos embora, mas não esconde que pensou em vender para poder ajudar a família com o dinheiro. Felizmente a música mostrou um caminho melhor. Por fim, não bastasse as conquistas recentes, Sam Fender também tocará com os Rolling Stones no Hyde Park, em Londres, em julho. Que esse fenômeno chegue logo ao Brasil!

UK Rocks: The Killers empolga com show repleto de surpresas no Emirates Stadium

Após dois anos de uma série de adiamentos em função da pandemia do coronavirus, o The Killers, enfim, está conseguindo apresentar o último álbum de estúdio, Imploding The Mirage, de 2020, para o público europeu. Depois de viajar para o México, a banda deu start aos concertos britânicos em maio, passando por cidades como Sheffield, Doncaster, Bristol, Coventry, Southhampton e Middlesbrough. Na última sexta-feira (3), Londres recebeu o primeiro de dois shows de Brandon Flowers e companhia. O local escolhido foi o Emirates Stadium, casa do Arsenal. Diante de 65 mil pessoas, Flowers entregou o que se espera do The Killers: um show próprio para arenas. O palco, aliás, é uma grande surpresa. Inicialmente parece bem simples, minimalista ao extremo. Mas basta rolar os primeiros acordes da banda, completamente diferente (sobrou Flowers e Vanucci na bateria), e três telões imensos com imagens em alta definição são revelados. My Own Soul’s Warning, um dos singles de Imploding The Mirage, abriu o show. Aliás, com explosão e chuva de papel picado logo no início, o que já despertou a atenção dos fãs. Importante destacar como o grupo segue deixando suas canções sempre aptas para momentos triunfais dos shows. A breve passagem por Enterlude preparou o público para uma trinca clássica do Killers: When You Were Young, Jenny Was a Friend Mine e Smile Like You Meant It. Com um equilíbrio interessante no set, a banda visitou todos os álbuns trazendo canções como Shot at The Night e Running Towards a Place, antes de entregar mais dois super hits: Human e Somebody Told Me. Aliás, Human veio com dezenas de bailarinos nos quadradinhos dentro do telão, que dançaram uma coreografia com menções à letra. Flowers e Vanucci seguem como os capitães do navio. São eles que comandam os novos integrantes e o público. Os ingleses acompanharam o vocalista em todos os momentos de interação. Shadowplay, cover do Joy Division, foi mantida no repertório, que ainda trouxe uma novidade para os fãs mais atentos: Pressure Machine, faixa-título do último álbum da banda, lançado em 2021. Foi a primeira vez que ela foi tocada ao vivo. Confuso? A turnê é para divulgar o penúltimo álbum, mas no caminho já saiu outro disco. No entanto, o foco é mesmo Imploding The Mirage, representado com cinco canções, a mesma quantidade de Hot Fuss, maior sucesso comercial da banda. Pressure Machine, por exemplo, só teve duas faixas lembradas: a homônima e In The Car Outside, que vieram em sequência. Sobre a escolha de Pressure Machine no set, Flowers deu uma explicação curiosa durante o show: “Jo Whiley (radialista), ela sempre nos defendeu desde o início – ela está aqui esta noite. Ela deveria ter um jubileu, certo? Ela disse algumas coisas maravilhosas sobre esta próxima música e ela pediu hoje à noite – se você não gosta, culpe-a. Chama-se Pressure Machine“. Em For Reasons Unknown, Flowers fez o que o público brasileiro já viu na última passagem da banda pelo País, no Lollapalooza. Viu um fã com um cartaz dizendo que queria tocar uma música com eles e o convidou para assumir a bateria. O escolhido foi Patrick, que mostrou muita personalidade ao chamar o público para o acompanhar nas batidas. Vanucci foi para a guitarra nesse momento. Ao término da canção, Patrick deixou a cena, mas Flowers foi atrás para abraçar o menino. Parecia impressionado com o que vou no palco. O público gritou o nome de Patrick, que estava visivelmente emocionado. A Dustland Fairytale foi o momento das luzes dos celulares roubarem a cena. Com o Emirates Stadium completamente iluminado pelos fãs, Flowers iniciou a canção de forma acústica para deixar a plateia ainda mais emotiva. Sempre à vontade para homenagear suas influências e artistas marcantes, Flowers puxou uma versão de The First Time Ever I Saw Your Face, de Ewan MacColl & Peggy Seeger. Da parte do público, porém, passou quase batida. Runaways, que tem um refrão perfeito para explodir em estádios, veio na sequência, acompanhada por Read my Mind e Dying Breed. Antes da pausa costumeira para o bis, o Killers apresentou mais dois highlights da apresentação: Caution, com chuva de papel picado e explosões nas areias mostradas no telão, além de All These Things That I’ve Done, com o estádio inteiro cantando junto. Spaceman e Mr. Brightside apareceram no bis. A segunda, no entanto, começou bem descaracterizada por entrado em uma versão remix. Felizmente, a original foi tocada na sequência, garantindo um final apoteótico na casa dos Gunners, com muita queima de fogos em cima do palco.