Entrevista | The Wombats – “As portas vêm se abrindo gradualmente”

A banda inglesa The Wombats está de volta ao Brasil após nove anos. Se na primeira vez, o público era bem limitado, nesta sexta (25), às 15h35, o trio de Liverpool terá uma multidão pela frente, no dia inaugural do Lollapalooza, no Autódromo de Interlagos, em São Paulo. Na bagagem, o Wombats traz o último álbum, Fix Yourself, Not The World. Aliás, só para variar, o disco é bem eclético e mostra o poder de inovação constante da banda em sua discografia. Direto de um hotel em São Paulo, o baterista do Wombates, Dan Haggis, conversou com o Blog n’ Roll sobre a expectativa para o festival, o último álbum e o que pretende assistir no Lollapalooza. Confira abaixo. Muita coisa mudou para o The Wombats desde o início da carreira. Como encaram essas mudanças de alcance? Sinto que ao longo dos anos as portas vêm se abrindo gradualmente, um dia de cada vez, uma música de cada vez. Claro que se você olhar para o início da nossa carreira e agora, é louco, pois tivemos momentos nas nossas carreira, como no show que fizemos em Santiago, no Chile, em que nos perguntamos “Como estamos aqui?”, a um voo de 14 horas de distância, e meio a várias pessoas dançando e cantando nossas músicas. Na primeira vez que vieram ao Brasil, vocês tocaram em lugares menores, agora no Lolla. Mês que vem o Wombats tem um show grande na O2 Arena, em Londres. Acho que nunca perdemos essa sensação, pois começamos a fazer música em Liverpool, 20 anos atrás, e hoje estamos tocando para essas pessoas, é doido pensar. Mas todo show, para 200 ou 20 mil pessoas, só queremos ir para o palco, tocar nossas canções, criar uma conexão com as pessoas. Obviamente você sente mais a adrenalina quando toca em grandes festivais, e nós vínhamos querendo voltar ao Lollapalooza, que honestamente, é o único festival que nós importunamos o nosso agente para vir, clamando todo ano “Vamos ao Lollapalooza, queremos voltar para a América do Sul”, e ele dizia: “Estou tentando”. É tão difícil conseguir isso, e agora que conseguimos estamos muito animados, e tem sido ótimo até agora, pessoas adoráveis, clima ótimo, comida ótima, drinks ótimos, e Wombats muito felizes. Queria que você falasse um pouco sobre o título do álbum, Fix Yourself, Not The World. Ele pode ter muitas interpretações. O que inspirou vocês para esse nome? Quando estávamos gravando o álbum, durante a pandemia, Murphy estava em Los Angeles, Tord em Oslo, e eu em Londres. Tord conseguiu ir para Londres, e ficou lá por cinco semanas, mas estávamos em lockdown. Então não haviam restaurantes abertos, não havia muito o que se fazer, éramos só nós e a música. E eu acho que durante a pandemia, para todos provavelmente, se você está passando por algum tipo de problema na sua mente, você terá que confrontá-lo, pois tudo que você tinha era o seu cérebro para lidar, então não foi fácil e as músicas nos ajudaram muito. Aliás, quando estávamos falando sobre o álbum, conversamos muito sobre o título, e como você disse, levanta muitos questionamentos, e nós não queríamos que soasse egoísta, como se você devesse pensar apenas em si e esquecesse o resto. É a última coisa que gostaríamos que entendessem. Para nós é mais a questão de se você está lidando com problemas de saúde mental, como depressão ou ansiedade, com dificuldade de levantar da cama, e não está lidando com isso, não conseguirá ajudar ninguém. Então perceber a importância de resolver suas questões primeiramente, para depois sair pelo mundo, ajudar pessoas, fazer a diferença, ser uma parte positiva da sociedade. Penso que muitas pessoas ignoram e negligenciam seus problemas, e vão se distrair, jantar, beber algo com os amigos, sempre tentando evitar pensar sobre certas questões. Até que percebem a importância de conversar sobre sua saúde mental e seus problemas, percebendo que todos também têm problemas, não é só você, são todos, e quantos mais conversarmos sobre, melhor. E pensamos que nosso álbum poderia ser parte desta mudança, que fizesse as pessoas pensarem como resolver esses problemas, e abraçar seus demônios. O The Wombats é uma banda inquieta. Nunca está em uma zona de conforto. Vocês sempre buscam uma modernização no som, acompanhando todas as evoluções musicais que rolam. Tudo isso sem perder as referências mais antigas. Como equilibrar isso na hora de compor? Acho que nós sempre tivemos os elementos centrais que compõem nossa identidade, independente do tipo de música que tentamos fazer, a combinação da voz do Murphy, e o jeito que ouvimos e fazemos música. Acho que mesmo se começarmos algo como Method To The Madness, que soa tão diferente de nós, mas ainda acaba soando como nós de algum jeito. Sinto que é interessante explorar outros gêneros que tenham nos inspirado ao longo de nossas vidas, seja Lo-Fi, Hip-hop, Eletrônica, Grunge, Folk, Punk, todos esses elementos entraram e saíram nas nossas músicas em períodos diferentes, dependendo do que sentimos quando fazemos a música. Nós sempre buscamos trabalhar com ótimos produtores, como Eric Valentine, Mark Crew, e nós sempre aprendemos, observamos, prestamos atenção. Aliás, quanto mais você aprende sobre produção, música e composição, mais é capaz de se colocar em um lugar novo, abraçar novas tecnologias, sons. Queremos sempre nos sentir o mais motivado possível. E se algum de nós não está se sentindo motivado, nós tentamos algo novo, é sempre muito experimental no estúdio. Nós amamos música pop também, os Beach Boys e os Beatles, gostamos de muitos tipos diferentes de música, é como se fosse uma tela de pintura que jogamos várias tintas e vemos o que acontece. Fix Yourself, Not The World começou a ser produzido em 2019, antes da pandemia. Algo mudou na forma como tiveram que gravar esse álbum? Quais foram os principais desafios e as vantagens? O principal desafio foi que tivemos que ser mais organizados, antes de iniciar a gravação. Antes da pandemia tínhamos, talvez, já metade do álbum, fizemos por