Crítica | Luther: O Cair da Noite

Engenharia do Cinema Responsável por alavancar a carreira de Idris Elba, a série “Luther” foi um dos maiores sucessos da BBC entre 2010 e 2019. Sendo um dos destaques da Netflix (uma vez que a mesma esteve na plataforma, em vários países, inclusive no Brasil), a mesma adquiriu os direitos do próprio para poder realizar este longa metragem que é descrito como uma espécie de “encerramento oficial”. Porém, já adianto que ao conferir “Luther: O Cair da Noite“, ficou claro que não era necessário conhecer a atração citada, ou seja, a diversão funciona de forma totalmente independente. A história se passa logo após os eventos da última temporada, com o agente John Luther (Elba) sendo levado para a prisão após ser condenado por vários crimes, em meio a suas investigações. Porém, o inescrupuloso serial killer David Robey (Andy Serkis) aproveita da situação para realizar vários de seus crimes. Imagem: Netflix (Divulgação) Escrito pelo próprio criador e showrunner da atração original, Neil Cross tinha consciência de que por se tratar de um lançamento direto para a Netflix, muitas pessoas iam se deparar com o título sem saber que era inspirado em uma série. Então, ele concebeu uma história com uma pegada antológica, embora brevemente ele tenha executado algumas referências na atração citada. Porém, é nítido que Elba sempre teve um carinho pelo personagem e sua presença em cena é contingente com este tipo de narrativa (um detetive que transpõe respeito). Mesmo sendo uma mistura de Sherlock Holmes e Jason Bourne (uma vez que ele é hábil nas lutas e investigações), o roteiro parece ter bebido e muito dos clássicos “O Fugitivo” (com Harrison Ford) com “15 Minutos” (com Robert De Niro), uma vez que ele não tenta elaborar muito sacrifício para o espectador pensar e prever o que realmente vai acontecer. Ainda sim, há algumas menções honrosas na produção, como o vilão vivido por Andy Serkis realmente ter uma presença de igual para igual com Elba, e ainda transpor medo quando se deve ter. Embora o roteiro não tenha ajudado muito o mesmo (assim como nenhum dos outros personagens), e tenha deixado para escanteio grandes nomes como de Cynthia Erivo (que vive a superiora de Luther, a agente Odette Raine). Isso quando não há situações bizarras e totalmente estranhas (como quando determinado personagem toma uma facada em uma cena, e na outra sai andando e fazendo mil e uma coisas), que acabam tirando um pouco do foco realista do filme (que por incrível que pareça, ainda há). “Luther: O Cair da Noite” não chega a fazer jus ao legado da série, mas acaba terminando como um bom entretenimento pipoca para se ver na Netflix.
Crítica | A Fera

Engenharia do Cinema Este filme realmente faz parte de uma estratégia curiosa da Universal Pictures, pois ele está saindo primeiro na América Latina e depois nos EUA. “A Fera” certamente não vinha sendo tratado como um grande projeto no estúdio, pois além da premissa ser bastante conhecida nos cinemas, não temos este tipo de produção nas telonas há um bom tempo (o último foi “Predadores Assassinos“, em 2019). Filmes de um protagonista lutando contra um animal assassino, ultimamente estão sendo direcionados ao streaming, pois além de serem filmes pequenos, as bilheterias não estão favorecendo mais este gênero há tempos. A história mostra Nate (Idris Elba) que resolve levar suas filhas Meredith (Iyana Halley) e Nora (Leah Jeffries) para uma viagem até a África. Mas durante uma trilha, eles acabam tendo seu caminho cruzado com um leão assassino e, sedento para atacar quaisquer pessoas que estão em seu habitat natural. Imagem: Universal Pictures (Divulgação) O roteiro de Ryan Engle e Jaime Primak Sullivan não nos poupa de colocar várias situações clichês e já conhecidas do gênero (Pai tendo conflito com as filhas, personagens que só aparecem para serem descartados, protagonista de ferro e por aí vai). Mas se tratando de um filme desse estilo, isso já era esperado, porém o problema está exatamente aí. Isso porque o diretor Baltasar Kormákur (“Evereste“) é um profissional que sabe conduzir apenas tomadas de ambiente, mas não às dramáticas. Enquanto temos um visual impecável nas cenas que mostram o visual da África, com vários de seus animais (como Girafas, Leões e etc), temos uma fotografia e cenas realmente bem filmadas neste aspecto. Mas quando ele procura exercer uma atmosfera dramática, acaba perdendo um pouco o tato, uma vez que tanto o roteiro, quanto Halley e Jeffries não são boas atrizes (e se tornam duas presenças irritantes na trama). O mesmo não se pode dizer de Elba e Sharlto Copley, que além de transparecer serem amigos de anos, nos transpõem todo o medo e tensão que eles estão passando à todo momento. Só que quando estes entram em verdadeiro “campo de batalha” com o Leão (que inclusive o CGI em torno dele e de vários outros animais, estão ótimos), faltou uma violência mais gráfica, pois realmente tudo parecia bastante genérico e havia um certo “medo” de mostrar ao público. “A Fera” acaba sendo não só um dos mais esquecíveis filmes de Idris Elba, como também um mero entretenimento pipoca que poderia ter sido jogado diretamente para streaming.