Crítica | Megatubarão 2

Engenharia do Cinema Com o primeiro filme tendo rendido cerca de US$ 530 milhões mundialmente, tendo custado apenas US$ 130 milhões para a Warner Bros, era óbvio que o próprio iria começar a desenvolver uma nova franquia com o ator Jason Statham. Além de ter uma enorme pegada trash, e muitas cenas não fazerem o menor sentido (lembrando inclusive, o icônico “Sharknado“, no quesito “nonsense”), essa continuação exerce o seguinte princípio de “vamos fazer coisas ainda mais malucas, não vistas no antecessor”. Mesmo bebendo demais de fontes como o próprio “Tubarão” e “Jurassic World“, “Megatubarão 2” pode funcionar se você se desligar totalmente.  Imagem: Warner Bros Pictures (Divulgação) Antes de começar a entrar a fundo nesta análise, já deixarei claro mais uma vez, que estamos falando de uma produção do gênero trash, onde ela mesma sabe que é ruim, e busca entreter o público com seus absurdos. Embora se trate de uma produção cujo foco são os tubarões, o roteiro de Jon Hoeber, Erich Hoeber e Dean Georgaris procura explorar outras ameaças que existem no ambiente aquático, neste primeiro plano, que vão da falta de ar até a claustrofobia.     Mas como o diretor Ben Wheatley (do horrendo remake de “Rebecca“), não tem uma especialidade na direção deste tipo de projeto, óbvio que o próprio iria sofrer na retratação destes quesitos (e ele acaba “se safando”, por se tratar de uma produção trash). Tudo acaba sendo colocado em prol do carisma de Statham e Jinh (que rouba a cena como o “chinês imortal”), que conseguem salvar o enredo e entreter o público. Em contraponto a eles, temos vilões genéricos, coadjuvantes que servem só para ajudar os dois personagens citados. Isso porque não entrei no mérito de situações clichês, que só servem para causar risos inusitados nos espectadores, que vão de personagens com desfechos previsíveis, que sempre sobrevivem em situações fatais e que só servem para “serem as crianças”da narrativa (Shuya Sophia Cai, que retorna no mesmo papel do original).    “Megatubarão 2” termina sendo uma continuação no mesmo nível de seu antecessor, porém só irá conseguir conquistar os fãs daquele e do cinema trash.

Crítica | Esquema de Risco: Operação Fortune

Engenharia do Cinema Previsto para ser lançado em 2022, “Esquema de Risco: Operação Fortune” ficou quase um ano na gaveta de vários distribuidores mundiais por conta do conflito entre Rússia e Ucrânia (uma vez que o arco envolvia antagonistas ucranianos, que estavam envolvidos no tráfico de armas). Sendo a quinta parceria entre Guy Ritchie e Jason Statham (que já trabalharam juntos em “Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes“, “Snatch: Porcos e Diamantes“, “Revólver” e “Infiltrado“), e a terceira daquele com Hugh Grant (que nos últimos anos fizeram “O Agente da Uncle” e “Magnatas do Crime“), a sensação é que era uma reunião entre amigos, ou seja, poderia dar muito certo ou errado (uma vez que estamos falando de um ambiente de conforto). A história mostra o respeitado agente Orson Fortune (Statham), sendo recrutado pela CIA por intermédio de seu velho chefe Nathan Jasmine (Cary Elwes) para tentar rastrear uma perigosa transação de venda bélica, que será realizada pelo bilionário Greg Simmonds (Grant). Mas para chegar perto dele, Orson contará com a hacker Sarah (Aubrey Plaza), o atirador JJ (Bugzy Malone) e até mesmo a inusitada presença do astro de Hollywood Danny Francesco (Josh Harnett). Imagem: Diamond Films (Divulgação) Mesmo soando se tratar de ser um mais do mesmo, o cineasta Guy Ritchie consegue colocar sua cara nesta história ao retratar os personagens da trama de forma mais detalhada e sarcástica, mesmo sendo bastante breve. Embora ele coloque sátiras a personalidade dos próprios atores (o que fez nomes como Hugh Grant e Josh Harnett ficarem bem à vontade nos papéis, e renderem a melhor sequência do filme), a graça é ele ter tirado momentos interessantes e divertidos até mesmo com coadjuvantes do mesmo. Enquanto Sthatam vive mais uma vez o brucutu que se diverte diante das situações propostas pelo roteiro, Elwes e Plaza interpretam mais uma vez o “cara certinho” e a “menina maluca”. Em relação ao desenvolvimento do roteiro da trama (escrito por Ritchie e seus constantes parceiros Marn Davies e Ivan Atkinson), por se tratar de um filme de Richie com Statham de protagonista, qualquer situação proposta acaba sendo um álibi para cenas de luta e até mesmo ação (até mesmo uma cena de conversa aleatória, acaba se transformando em um cenário de pancadaria). Isso funciona, pois já estamos dentro da atmosfera da narrativa, que não se leva a sério desde sua abertura (onde o personagem de Eddie Marsan diz que está chamando Orson para a missão, simplesmente por ele ser o “f*dão e nada mais além”). “Esquema de Risco: Operação Fortune” acaba se tornando uma divertida produção que remete aos filmes brucutus dos anos 80/90, e que raramente são lançados nas telas do cinema.