Aula de crossfit com duo, Jake Bugg consistente e Noel Gallagher vencendo na reta final

O Kenwood House, no norte de Londres, promove anualmente uma série de shows em seu gramado, entre junho e agosto. A trinca curiosa Confidence Man, Jake Bugg e Noel Gallagher formaram o lineup do último dia 19. Confidence Man O Confidence Man é um duo australiano de indie electro pop. O som destoa bastante das outras duas atrações da noite, Jake Bugg e Noel Gallagher. Os primeiros 15 minutos foram divertidos. Janet Planet e Sugar Bones mostram uma disposição fora do comum no palco. Pulam, dançam, fazem números circenses. Em Toy Boy, faixa que abriu o show, por exemplo, pareciam dois fantoches com movimentos corporais incomuns. Com dois álbuns na bagagem, Confident Music for Confident People (2018) e Tilt (2022), o duo perde a força da metade para o fim do show. As coreografias começam a ficar bem simples, beirando a infantilidade e o teatro de mau gosto. As músicas também começam a soar parecidas transformando o show em um super aulão de crossfit. Se você gosta dessa modalidade, o som pode ser interessante para estimular os treinos, aliás. Bubblegum, faixa que encerrou o show, já estava como um chiclete sem gosto. Você percebe que um show está chato quando ele dura 30 minutos, mas parece ter sido feito em três horas. Jake Bugg Aos 28 anos, o inglês Jake Bugg já não tem mais o hype que tinha há dez anos quando deixou estourou mundialmente com Two Fingers e Lightning Bolt. No entanto, segue com um show deles extremamente competente e com poucas palavras. Jake Bugg abriu o show com duas canções de seu último álbum, Saturday Night, Sunday Morning (2021): Lost e Kiss Like the Sun, que não animaram muito o público que ainda chegava ao Kenwood House. Com Slumville Sunrise, do Shangri La (2013), seu segundo disco de estúdio, o músico arrancou aplausos mais efusivos e contou com um apoio maior na hora do refrão. About Last Night, do último disco, veio na sequência, mas tal como as duas primeiras também não empolgou. Ciente do que estava rolando, Jake Bugg passou a intercalar canções do Shangri La e do disco de estreia homônimo (2012). Deu certo. Seen It All, Me and You e Simple as This funcionaram muito bem para o público que parecia conhecer apenas os dois primeiros álbuns do guitarrista. Prova disso é que o terceiro e quarto álbum, On My One (2016) e Hearts That Strain (2017), foram totalmente ignorados no repertório. Antes de Two Fingers, Jake Bugg brincou que há dez anos escreveu essa música e o pensamento é o mesmo até hoje. Broken e Lonely Hours deixaram a apresentação com uma cara mais intimista. São duas baladas bem fortes do repertório de Jake Bugg. Mas o descanso para o público durou pouco. Lightning Bolt, Simple Pleasures e What Doesn’t Kill You elevaram a temperatura e coincidiram com a trégua da chuva também. All I Need, single do álbum mais recente de Jake Bugg, deu números finais ao show. A essa altura o Kenwood House já estava bem cheio para ver Noel Gallagher. Noel Gallagher Com sua banda High Flying Birds, que inclui guitarras, baixo, bateria, backing vocals, metais e até uma tesoureira (sim, uma mulher que toca tesoura), Noel Gallagher faz de tudo para garantir que é possível ter uma vida sem o Oasis. Em resumo, ele é muito bem sucedido na empreitada. Fort Knox, Holy Mountain e It’s a Beautiful World funcionam muito bem para o público logo no início da apresentação. Tal como seu irmão, Noel tem uma carreira solo consolidada e um público completamente apaixonado pela sua obra pós Oasis. Black Star Dancing e Dead in The Water também foram cantadas como se fossem hinos do Oasis, tamanha emoção do público. Mas, inevitavelmente, Oasis ainda é o que mais mexe com o coração do público. E Noel não aliviou na reta final. Emendou Little by Little, The Importance of Being Idle, Whatever, Wonderwall, Half the World Away e Stop Crying Your Heart Out. Uma rápida pausa e Noel retorna com mais dois sons poderosos de sua carreira solo: If I Had a Gun… e AKA… What a Life!, essa dedicada para todos os torcedores do Manchester City, o que gerou alguns gritos de apoio e vaias. O final apoteótico veio com Don’t Look Back in Anger, cantada por todos presentes no Kenwood House, certamente um dos highlights da temporada de shows de verão do parque.

Acompanhado do Chic, Nile Rodgers faz show com cara de VH1 Storyteller

O guitarrista e produtor Nile Rodgers tem uma história incrível na música. Uma série sobre a importância desse senhor de 69 anos na história da música precisaria certamente de algumas temporadas. Quando está junto do lendário grupo Chic, a coisa fica ainda mais pesada. Headliner de um evento em Kenwood House, no norte de Londres, no último sábado (18), Rodgers aproveitou o tempo no palco para fazer uma espécie de VH1 Storyteller, intercalando histórias curiosas sobre alguns de seus maiores sucessos e hits em sequência. A primeira parte do show foi toda dedicada aos hits do Chic. Em sequência vieram Chic – Chic, Dance, Dance, Dance e I Want Your Love, todas acompanhadas em coro pelos fãs, que dançaram muito para esquentar diante de uma chuva forte e gelada. Na primeira pausa para falar com o público, Rodgers avisou que tocaria algumas músicas bem conhecidas. “As pessoas me perguntam porque não faço tanta música com o Chic. Mas a resposta é que estou sempre atendendo outros grandes artistas, como Diana Ross, Madonna, David Bowie, Duran Duran, entre muitos outros”. Foi a deixa para iniciar I’m Coming Out e Upside Down, ambas bem conhecidas na voz de Diana Ross. As homenageadas da sequência foram as irmãs do Sister Sledge, com mais dois hits gigantes: He’s the Greatest Dancer e We Are Family. Rodgers, que tem em seu currículo contribuições e serviços prestados a nomes como Aretha Franklin, Mick Jagger e Stevie Ray Vaughan, contou sobre sua experiência com Madonna. “Ela (Madonna) já havia lançado um álbum e me convidou para trabalhar com Like A Virgin. Mostrei algumas coisas que ela poderia fazer, mas ela disse ‘beija minha bunda’. Hoje vamos tocar do jeito que imaginamos”, disse Rodgers antes de emendar Like A Virgin e Material Girl. Antes de encaminhar a apresentação para o fim, Rodgers fez questão de exaltar o trabalho de David Bowie. “Ele era incrível! Vamos mostrar um pouco do que fizemos juntos”. Modern Love e Let’s Dance foram as escolhidas. A primeira cantada pelo tecladista do Chic. A parceria com o duo francês Daft Punk e o norte-americano Pharell Williams, Get Lucky, foi outro ponto alto da apresentação. “Estamos vendo tantas coisas ruins no mundo. Eu venci dois cânceres e acredito que isso tem muito a ver com Lucky (sorte). Quero muito que as pessoas pensem positivo e alcancem o que precisem”. A reta final foi dedicada ao Chic, com as backing vocals dando um show. Le Freak e Good Times deixaram os fãs ainda mais entusiasmados. Rapper’s Delight, de Sugar Hill Gang, deu números finais ao show. Billy Ocean A abertura do evento em Kenwood House ficou a cargo de Billy Ocean, cantor que emplacou uma série de hits entre os anos 1970 e 1980. Aliás, tocou praticamente todos nessa apresentação com cara de greatest hits. Entre os seus principais sucessos podemos destacar as canções When the Going Gets Tough, the Tough Get Going, parte da trilha sonora do filme A Joia do Nilo (1985), Suddenly, Get Outta My Dreams, Get into My Car e Caribbean Queen, todas tocadas no show. Love Really Hurts Without You, logo no início do show, também se mostrou como grande hit, com boa parte do parque cantando junto. Para quem não conhece, nos últimos anos, Billy Ocean voltou a ficar conhecido por seu nome ser bastante citado na série Todo Mundo Odeia o Chris, onde a personagem Tonya, vivida pela atriz Imani Hakim, é sua grande fã.