Destaque de Alagoas, Gato Negro transita entre passado e presente em Mestiço

Se na mitologia grega Cérbero, o cão de três cabeças, guarda o submundo, para a banda alagoana Gato Negro, sua contraparte felina guarda o paraíso. E é por isso que ela estrela a capa de Mestiço, segundo álbum de estúdio do trio, onde mergulha fundo nos grooves mais psicodélicos e dançantes dos anos 1970, mesclando ao rock alternativo e ao blues. “Mestiço é a evolução natural de Cio, nosso disco de estreia. Uma mistura de sentimentos aguçada pelo isolamento da pandemia e uma vontade louca de emanar energias positivas”, conta o vocalista e guitarrista Paulo Franco, que também assina a produção musical. Além dele, a banda conta com Wilson Silva na bateria e André Damasceno no baixo. O disco ainda traz Natan no trompete e flugelhorn. Iniciada em 2007, a Gato Negro reuniu um repertório autoral que une funk, soul, rock e blues indo de Tim Maia até Led Zeppelin. Seu disco de estreia, Cio, foi lançado em 2015, e durante a pandemia eles se inspiraram na vontade de trazer algo novo, algo luminoso. Disponível em todas as plataformas musicais e com capa assinada pela artista plástica Ana Noronha, Mestiço é um disco para se ouvir no fim de noite ou para relaxar em casa e mostra uma nova página de um grupo que quer se reinventar para se aproximar do público.

Nobat potencializa seu sincretismo musical em Mestiço; ouça!

“Um álbum que celebra a música brasileira de todos os tempos”. É assim que o cantor e compositor mineiro Nobat descreve seu quarto disco solo, Mestiço, que chega às plataformas digitais nesta quinta-feira (21). A obra potencializa o sincretismo musical do artista mesclando um registro inédito na voz de Elza Soares com samples e citações a mestres da música brasileira, como Cartola, Clara Nunes e Tom Jobim. “É resultado de uma pesquisa profunda sobre a cultura do Brasil, a qual acendeu um lugar que sempre pareceu ser meu, porém nunca tinha ganhado sua devida importância na minha discografia. A música brasileira, meu maior campo de referências desde a infância, sempre esteve no meu trabalho, mas aqui ocupa um lugar de centralidade inédito”, conta Nobat. Concebido entre março de 2020 e maio de 2022, Mestiço é um álbum de encontros, criado por muitas mãos e mentes em Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo. “Cada faixa tem praticamente uma banda diferente. Foram mais de 20 músicos e musicistas participando do processo, sem contar os técnicos, produtores de mixagem e a galera do selo”, afirma Nobat. Menina Erê e Jovem exemplificam o caráter colaborativo do disco, pois os músicos foram um por vez ao estúdio para respeitar o então isolamento social em vigor. O repertório segue com Me Deixa Sambar, que conta com as vozes de Elza Soares e BNegão; Aqueles Homens, parceria com Mariana Cavanellas; Fortaleza, feita com o bloco carnavalesco Então, Brilha!; e Beira do Mar, feat de Nobat com a esposa, Lulis. Esta última canção ainda conta com uma citação à Água de Beber, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes. A faixa-título, por sua vez, faz referência à Canto das Três Raças, de Paulo César Pinheiro e Mauro Duarte, eternizada nas vozes de Clara Nunes e Elza Soares. Já no fim da tracklist, entre Quarta-feira de Cinzas e Montanha Russa, Cadência das Horas traz um sample de Preciso me encontrar, de Cartola. Antes de apresentar Mestiço na íntegra, Nobat ilustrou o álbum com uma trilogia de clipes: Menina Erê e Me Deixa Sambar, ambos dirigidos por Natacha Vassou e Lucas Espeto, e Aqueles Homens, assinado por Tiago Tereza. “Foi a forma que encontrei de salvar o Brasil que amo e que está sob o ataque total de uma ala conservadora e intolerante no país. Um Brasil que reconhece na sua ancestralidade a chave para seu futuro e que celebra sua principal vocação: a diversidade”, explica Nobat. “É um projeto que fala da mistura e das conexões. Estamos todos conectados, mas vemos e vivemos o mundo por abas distintas e foi justamente isso que eu quis levar para o estúdio”.