Crítica | Hate Uber Alles – Kreator
Pareceu uma eternidade desde o lançamento de Gods of Violence (2017), último álbum do Kreator. De lá para cá, o mundo passou por diversas turbulências, mas isso não impediu os lendários alemães de partir pra cima e editar o seu décimo quinto álbum de estúdio, Hate Uber Alles. E, apenas para variar um pouquinho, a porrada come solta durante todo o artefato. Evidente que os tempos de Endless Pain (1985) e Pleasure to Kill (1986) estão muito distantes, pois hoje o Kreator conta com músicos maduros e uma produção primorosa. Mas isso não tira o peso do material, pelo contrário. Comandada pelos eternos Mille Petrozza (voz, guitarra) e Ventor (bateria, pena que não se arrisque mais nos vocais), a banda entrega onze petardos (tirando a intro) para fã nenhum botar defeito. Experimente ouvir no talo torpedos como a faixa-título, Killer of Jesus, Strongest of The Strong (épica e com um refrão matador), Midnight Sun (que riffs!) e Dying Planet, que encerra esse ótimo trabalho de forma cadenciada, mas com outro refrão que não é difícil imaginar a multidão gritando na atual tour do grupo. Salvo alguns álbuns mais experimentais que não encontraram tanto respaldo entre seus seguidores, o Kreator pode ser considerado um dos maiores nomes do metal mundial, com uma carreira rica e íntegra. Palavras não são mais úteis aqui, portanto, acione o play e boa diversão. Hate Uber AllesAno de Lançamento: 2022Gravadora: Nuclear BlastGênero: Thrash Metal Faixas:1-Sergio Combucci is Dead2-Hate Uber Alles3-Killer of Jesus4-Crush The Tyrants5-Strongest of The Strong6-Become Immortal7-Conquer And Destroy8-Midnight Sun9-Demonic Future10-Pride Comes Before The Fall11-Dying Planet
Crítica | Modern Primitive – Septicflesh
Os gregos do Septicflesh podem ser considerados uma das mais bandas originais do cenário extremo. Sua precisa mistura de death com partes atmosféricas e sinfônicas, além dos vocais guturais e melódicos já rendeu verdadeiras obras primas, como Communion (2008) e Fallen Temple (1998), esse último conta inclusive com um espetacular cover de The Last Time, do Paradise Lost. Em 2022 os gregos atacam novamente com Modern Primitive, sem perder uma molécula de sua fúria e autenticidade. O som do Septicflesh pode ser complicado num primeiro momento, porém uma audição mais cuidadosa revela uma banda com incontáveis qualidades. Seja os guturais de Spiros Antoniou, ou os riffs malévolos de Sotiris, tudo se encaixa perfeitamente. E, claro, as partes sinfônicas, que sempre foram o cartão de visitas da banda, estão aqui maravilhosamente representadas em sons como Self-Eater, Neuromancer, a forte A Desert Throne (com um groove espetacular em sua metade), e as tétricas A Coming Storm e a Dreadful Muse. O Septicflesh já está na ativa há mais de trinta anos, e se você nunca teve contato com o trabalho dos gregos, eis uma excelente oportunidade de entrar no mundo obscuro do Septic. Sem dúvida, os reis do death metal sinfônico. Modern PrimitiveAno de Lançamento: 2022Gravadora: Nuclear BlastGênero: Death Metal Sinfônico Faixas:1-The Collector2-Hierophant3-Self-Eater4-Neuromancer5-Coming Storn6-A Desert Throne7-Modern Primitives8-Psychohistory9-A Dreadful Muse
Crítica | Complete Control – Misery Index
Os americanos do Misery Index podem não ser tão populares aqui no Brasil, mas é uma das melhores bandas podronas do mundo atualmente. Exagero? Então ouça torpedos como Rituals of Power (2019, já resenhado por aqui) ou Discordia (2006). A precisa mistura de death metal com grindcore que o grupo executa é quase impossível de ser ignorada. Complete Control, lançado em maio último, é o sétimo álbum de estúdio desses miseráveis, e tal como os anteriores, é uma aula de destruição sonora capaz de causar náuseas nos mais sensíveis. É impossível em uma análise do Misery Index não mencionar o batera Adam Jarvis, pois o cara toca como uma besta, seguramente um dos principais músicos do estilo em todos os tempos. Mark Kloeppel divide os vocais com o baixista Jason Netherton com resultados brutais, inclusive nos violentos riffs de guitarra, que carregam ainda uma certa influência HC. Com tudo isso, é se preparar para a tempestade de metal extremo que encontramos em faixas como The Eaters And The Eaten, Complete Control, Rites of Cruelty e Necessary Suffering. Brutal e impiedoso, assim é o Misery Index. Complete ControlAno de Lançamento: 2022Gravadora: Century Media RecordsGênero: Death Metal/Grindcore Faixas:1-Administer The Drag2-The Eaters And The Eaten3-Complete Control4-Necessary Suffering5-Rites of Cruelty6-Conspiracy of None7-Infiltrators8-Reciprocal Repulsion9-Now Defied!
Crítica | Diabolical – Destruction
Desde o início de sua jornada, com o magistral EP Sentence of Death (1984), Schmier e sua turma jamais decepcionaram seus fãs. Tá certo que o Destruction possui uma fase obscura em sua carreira, principalmente em meados dos anos 1990, mas todos os thrashers têm a tríade alemã Sodom, Kreator e Destruction como entidades absolutas do estilo. E Diabolical chega agora em 2022 para confirmar mais uma vez que a máquina de thrash metal está muito longe da aposentadoria. Diabolical traz uma novidade. É a primeira gravação do Destruction sem o lendário guitarrista e membro original Mike Sifringer, que se retirou da banda devido aos seus problemas com alcoolismo. Uma baixa sentida, sem sombra de dúvidas. Porém, o argentino Martin Furia e o suíço Damir Eskic são autênticos monstros das cordas, despejando riffs e solos muito convincentes em toda a extensão do álbum. A fila anda… A única ressalva que alguns podem ter sobre Diabolical é que ele soa exatamente igual a tudo que o Destruction tem feito de 2000 para cá. Tal afirmação tem lá sua verdade, mas os thrashers realmente querem algo diferente? Por que a essa altura da carreira os alemães iriam inventar ser o que não são? Dito isso, a devastação thrash rola à vontade em faixas boas como Diabolical, Repent Your Sins, State of Aphaty, Servant of The Beast, Ghost From The Past e a paulada que encerra o álbum, City Baby Attacked By Rats, excelente cover do lendário GBH, que certamente trará ótimas lembranças aos mais saudosistas. Um time afiado de músicos, uma capa maravilhosa e a integridade intacta. O que mais pedir? Ouça! Diabolical – Destruction Ano de Lançamento: 2022Gravadora: Napalm RecordsGênero: Thrash Metal Faixas1-Under The Spell2-Diabolical3-No Faith In Humanity4-Repent Your Sins5-Hope Dies Last6-The Last of a Dying Breed7-State of Apathy8-Tormented Soul9-Servant of The Beast10-The Lonely Wolf11-Ghost From The Past12-Whorefication13-City Baby Attacked By Rats
Crítica | Churches Without Saints – Desaster
Os alemães do Desaster não são conhecidos exatamente por lançarem material a todo momento. Em seus trinta anos de estrada, Church Without Saints é apenas o seu nono álbum de estúdio, que vem suceder o ótimo The Oath Of An Iron Ritual (2016). Sendo o vocalista e guitarrista Infernal seu único membro original, o grupo permanece fiel às suas raízes, para a alegria dos seguidores. Para quem não conhece, o Desaster executa um blackned thrash metal totalmente oitentista, sem a menor intenção de inovar ou inventar um estilo novo. O que ouvimos em Churches Without Saints em nada difere dos oito álbuns anteriores. E está bom assim! Vocais guturais (porém totalmente inteligíveis), guitarras que cospem riffs que vão do thrash metal à Destruction e ao black metal à Mayhem e uma cozinha correta, que não abusa das firulas, porém totalmente eficaz. O já citado Destruction com certeza exerce influência aqui, assim como Kreator, Slayer (antigo), Aura Noir e até uma ou outra coisa de Judas Priest. Junta tudo isso num caldeirão e temos faixas realmente convincentes como Learn to love The Void, Exile is Imninent, Hellputa, Primordial Obscurity e Endless Awakening. A velocidade e a violência do thrash metal fundem-se ao obscuro clima do black metal, formando a receita perfeita para o banger sedento por podreira que, é certo, tem o Desaster em sua playlist infernal. Ouça! Churches Without SaintsAno de Lançamento: 2021Gravadora: Metal Blade RecordsGênero: Black/Thrash Metal Faixas:1-The Grace of Sin (intro)2-Learn To Love The Void3-Failing Trinity4-Exile Is Imninent5-Churches Without Saints6-Hellputa7-Sadistic Salvation8-Armed Architects of Anihhilation9-Primordial Obscurity10-Endless Awakening11-Aus Asche (outro)
Crítica | We Are The Apocalypse – Dark Funeral
Seis longos anos foram precisos para os fãs da horda norueguesa finalmente poderem conferir o novo álbum dos cavaleiros nórdicos, essa massa sonora conhecida como Dark Funeral. Acabou a espera. Nunca tanta coisa aconteceu em tão pouco tempo, incluindo guerra e pandemia, mas We Are The Apocalypse não irá decepcionar os seguidores. Que assim seja. Mantendo a tradição de capas belíssimas, que acontece desde o clássico debute The Secrets of The Black Arts, We Are The Apocalypse traz o Dark Funeral esbanjando boa forma, potência, melodias obscuras e muita, muita porrada sonora, resultando em um ataque que pouquíssimas bandas conseguem fazer igual. Ou você encontra facilmente por aí músicas tão perfeitas como Nightfall, Nosferatu, Beyound The Grave, Leviathan ou a épica faixa-título? Os vocais desesperados de Lord Ahriman são a cereja do bolo, tombados sobre os malignos riffs de guitarra que podem ser ouvidos em toda a extensão do álbum. Sendo a Noruega o templo do black metal, o Dark Funeral é o mais poderoso sacerdote da seita. Desde já o mais desgraçado lançamento de 2022. We Are The ApocalypseAno de Lançamento: 2022Gravadora: Century Media Records Faixas:1-Nightfall2-Let The Devil In3-When Our Vengeance is Done4-Nosferatu5-When I´m Gone6-Beyound The Grave7-A Beast to Praise8-Leviathan9-We Are The Apocalypse
Crítica | Roots of Damnation – Grave Noise
Quarteto espanhol formado em 2013, o Grave Noise é uma bela surpresa para os thrashers brasileiros, pois a banda ainda é basicamente desconhecida por aqui. Seu primeiro álbum, From The Cradle To The Grave, saiu em 2018 e catapultou o Grave Noise paras a infinitas estradas do metal. Aliás, em 2022, Roots of Damnation vem para por sequência na jornada dos thrashmaniacs espanhóis. O estilo é mesmo o thrash metal, como deixa claro a faixa de abertura, Rotten System. Em resumo, estão lá os elementos que fazem a alegria dos fãs: os riffs secos e virulentos, bumbos duplos e velocidade estonteante, perfeita para o mosh pit. Contudo, o Grave Noise possui sutis influências de death metal melódico, como Arch Enemy, dando uma bem vinda modernidade ao material, como bem fica explícito na faixa The Ghost Plague, cujos riffs melódicos são o prenúncio para um belíssimo solo de guitarra, um dos highlights do álbum. No entanto, as pauladas thrash comem soltas em faixas incendiárias como Fuckcism, Broken Land, Disorder e Mass Hysteria. Todas rápidas, trabalhadas, recheadas de backing vocals bombásticos e muita adrenalina, enfim uma aula de thrash metal que você terá que escutar. Roots of DamnationAno de Lançamento: 2022Gravadora: Art Gates RecordsGênero: Thrash Metal Faixas:1-Rotten System2-Fuckcism3-Broken Land4-The Ghost Plague5-Terror6-In God We Trash7-Disorder8-Mass Hysteria9-No One Higher10-Perpetual Anxiety
Crítica | Acts of God – Immolation
Quando se fala em death metal, é natural lembrarmos do início dos anos 1990, e dos inúmeros clássicos que foram lançados na época. De Nova Iorque, o Immolation estreou em 1991 com Dawn of Possession, sendo desnecessário dizer que é ítem obrigatório a todo deathbanger. De lá para cá, o som do grupo passou por uma natural evolução, mais técnica foi sendo adicionada ao death metal poderoso dos “early days”, haja visto álbuns excelentes como Here in After e Shadows in The Light. Mas isso não significa que o som ficou menos pesado. Longe disso, como comprova Acts of God, novo petardo dos americanos, que chega ao mundo cinco longos anos após Atonement. Denso, obscuro, rápido e pesado, Acts of God junta todos os elementos da carreira do Immolation, reforçado por uma produção primorosa. Os vocais cavernosos de Ross Dolan (que também comanda o baixo) estão lá, intactos, sendo responsáveis pela identidade da banda, assim como os riffs do guitarrista Robert Vigna, outro membro original. Espetacular o trabalho do músico. Completam a formação o também guitarrista Alex Bouks e o batera Steve Shalaty, um autêntico monstro de batidas primitivas. Com tudo isso, não é de se admirar que Acts of God esteja recheado de torpedos do mais puro death metal, como as doentias An Act of God, Noose of Thorns, Shed The Light, Overtures of The Wicked e When Halos Burns, que são números que nos fazem repetir a afirmação de como os americanos são bons na arte do metal extremo. As partes mais doom são perfeitamente inseridas no material, assim como os poderosos blasts de Shalaty, ou seja, tudo que faz do Immolation uma verdadeira lenda do death metal. Tenha certeza que é um dos principais lançamentos do gênero em 2022! Acts of GodAno de Lançamento: 2022Gravadora: Nuclear BlastGênero: Death Metal Faixas:1-Abandoned2-An Act of God3-The Age of No Light4-Noose of Thorns5-Shed The Light6-Blooded7-Overtures of The Wicked8-Immoral Stain9-Incineration Procession10-Broken Prey11-Derelict of Spirit12-When Halos Burns13-Let The Darkness In14-And The Flames Wept15-Apostle
Resenha – Zero And Below – Crowbar
O início dos anos 1990 ficaram marcados por diversos estilos novos que vieram se juntar ao já poderoso cenário do metal. Enquanto o death metal atropelava a todos com velocidade e potência, outros grupos mostraram que também era possível fazer um som extremo sem necessariamente focar na rapidez. Nascia o sludge metal, sendo o Crowbar um dos expoentes do então novo estilo. Seu álbum de estréia, Obedience Thru Suffering (1991), trazia uma forte mistura de vocais guturais, riffs afinados diversos tons abaixo e músicas que misturavam partes não tão velozes com outras lentas, densas. Tudo comandado por Kirk Windstein, que logo após se juntaria a Phil Anselmo para formar o Down, mas isso é outra história. Mais de trinta anos depois, Kirk e seus soldados soltam seu décimo segundo álbum de estúdio, Zero And Below. E, para a alegria dos fãs, o álbum não apresenta nenhuma novidade no perfil da banda. Sim, o Crowbar continua a praticar o sludge metal que mais parece ter saído das profundezas de um pântano. Tudo que fez do Crowbar ganhar a fama que possui está aqui, reproduzido fielmente. O material está pesadíssimo, e facilmente irá agradar aos sludgers mundo afora. Não seria agora que a banda iria arriscar uma mudança e deixar seus seguidores insatisfeitos. Cientes desse fato, o quarteto explode os tímpanos alheios com faixas fortes como The Fear That Binds You, Chemical Godz, Denial of The Truth, Crush Negativity e a melhor de todas, Bleeding From Every Hole, que inclusive ganhou um belíssimo vídeo. Interessante notar que, em meio às partes lentas típicas do sludge, o Crowbar encaixa algumas aceleradas de ritmo (nada como um Morbid Angel, claro) que conseguem dar uma bem vinda variada no álbum. Zero And Below é mais um acerto do Crowbar, uma das bandas mais originais do metal. Confira sem medo! Zero And BelowAno de Lançamento: 2022Gravadora: MNRK LabelGênero: Sludge Metal Faixas:1-The Fear That Binds You2-Her Evil is Sacred3-Confess to Nothing4-Chemical Godz5-Denial of The Truth6-Bleeding From Every Hole7-It´s Always Worth The Gain8-Crush Negativity9-Reanimating a Lie10-Zero And Below