Crítica | Oferenda ao Demônio

Engenharia do Cinema Chega a parecer piada, mas por mais ridículos e preguiçosos que sejam os longas de horror lançados ultimamente, nos cinemas nacionais, eles ainda conseguem chamar a atenção do espectador e renderem bilheterias plausíveis em algumas praças. “Oferenda ao Demônio” chegará com este intuito, e provavelmente vai se destacar por onde irá passar, principalmente por ter chego na “Semana do Cinema” (onde os ingressos estarão por R$ 10,00 em todo o Brasil). Após uma misteriosa morte de um dos colegas de seu Pai, Arthur (Nick Blood) se vê obrigado a voltar para sua casa natal com a esposa Claire (Emily Wiseman) que está grávida, para auxiliar no funeral e tentar se reaproximar de seu patriarca. Só que quando ele começa a trabalhar na funerária que o mesmo é proprietário, começa a perceber coisas estranhas acontecendo a sua volta, assim como sua esposa. Imagem: Paris Filmes (Divulgação) O roteiro de Hank Hoffman e Jonathan Yunger usa e abusa para todas as situações já criadas e desenvolvidas em vários outros longas do gênero, causando uma verdadeira sensação de exaustão e sono. Realmente, já cansou ser sempre contada da mesma forma os arcos englobando um demônio que quer possuir uma criança que está prestes a nascer, situações macabras em uma funerária, crianças que possuem presenças dark e até mesmo o famoso “só eu estou vendo isso?”. Isso sem citar que quase não há sangue nas cenas brutais, muito menos aquele típico impacto que algumas produções causam. Isso acaba sendo demérito também de Blood, pois mesmo estando ciente que seu personagem não é bem escrito (uma vez que ele só parece ser arrogante, e nem como antagonista é plausível), ele é totalmente canastrão. Enquanto para Wiseman, só sobram situações cansativas e totalmente previsíveis, para intercalar com seu arco. “Oferenda ao Demônio” termina não sendo um filme de terror realmente considerável para ser visto, e sim uma verdadeira vergonha, pela qual podemos deixar para gastar os nossos R$ 10,00 em quaisquer outros longas disponíveis nos cinemas.
Crítica | Alerta Máximo

Engenharia do Cinema Não é novidade que Gerard Butler está cada vez mais se destacando como astro dos filmes de ação, e conseguindo fazer um enorme sucesso com suas produções. Até mesmo em um cenário de lockdown, “Destruição Final” conseguiu se tornar um dos maiores sucessos cinematográficos de 2020 (com um público de 370 mil espectadores, e rendendo cerca de R$ 5,8 milhões, mesmo com as restrições impostas). Em Alerta Máximo, ele usa e abusa de seu rótulo brucutu e nos apresenta mais uma divertida produção descompromissada, que conseguirá entreter até quem não é fã do estilo. Aqui ele interpreta o piloto de aeronaves comerciais Brodie Torrance, que em mais um dia normal de trabalho, acaba sendo surpreendido por uma forte tempestade. A mesma acaba acarretando com que ele faça um pouso forçado em uma ilha, totalmente dominada por criminosos. E neste cenário caótico, ele terá de se juntar ao condenado Louis Gaspare (Mike Colter), pelo qual ele foi encarregado de transportar no seu avião, para tentar sair do local. Imagem: Paris Filmes (Divulgação) Realmente estamos falando de um filme que não busca aprofundar muito seus personagens, muito menos tirar alguma lição de moral. O foco está no roteiro da dupla Charles Cumming e J.P. Davis, que coloca o maior número de situações plausíveis, dentro de um cenário mostrado e que o diretor Jean-François Richet (“Inimigo Público Número 1”) faça a magia. Felizmente essa combinação acabou dando certo. Porém, ainda existem algumas ressalvas que poderiam ser evitadas, que vão de decisões estúpidas de alguns personagens, até situações que poderiam ser resolvidas sem “complicações narrativas”. Mas como estamos falando de um projeto que o intuito é entreter com cenas de ação, Richet dá conta do recado. Por mais que o arco da queda do avião seja bem filmado, o impacto da cena é reduzido pelo fator “previsível” (já que está na sinopse o que acontece). Agora, quando o enredo parte para as cenas de embate e suspense na ilha, o mesmo consegue fazer momentos impactantes, de tirar o fôlego. Tanto que Butler e Coulter (cujo personagem possui poucas linhas de diálogos), possuem uma enorme química em cena e combinam exatamente com este tipo de filme. Embora o próprio enredo não explore mais detalhadamente o perfil de ambos (uma vez que o foco se concentra nas horas que eles possuem, para saírem do local), muito menos a reação das famílias dos passageiros (já que fora da ilha, se resume a vermos escritório da agência aérea e a casa da filha de Brodie, onde ela sempre vê o mesmo noticiário). “Alerta Máximo” realmente mostra que o ano está começando bem para o cinema de ação, e depois de “Esquema de Risco“, é mais um acerto do gênero. Vida longa ao cinema brucutu.
Crítica | Gemini: O Planeta Sombrio

Engenharia do Cinema É difícil imaginar que em meio a um cenário com vários filmes que não conseguem verba para serem feitos, com a mesma temática, “Gemini: O Planeta Sombrio” conseguiu ganhar sinal verde do estúdio. Feito em parceria entre o cinema russo e estadunidense, não conseguia ver outra coisa, a não ser os diversos erros de edição, mixagem (inclusive era nítido que alguns diálogos foram alterados na pós-produção, por não baterem ao movimento dos lábios dos atores) e roteiro. Em meio a uma situação apocalíptica que vem se encontrando o planeta terra, um grupo de cientistas são enviados para o espaço para procurarem um planeta que seja habitável para os seres humanos. Só que eles não imaginavam que encontrariam um ser alienígena, disposto a exterminar um por um. Imagem: Paris Filmes (Divulgação) Realmente é perceptível que os roteiristas Natalya Lebedeva e Dmitriy Zhigalov eram fãs dos longas “Alien” e “Interestelar“, pois o enredo é uma mescla totalmente pobre destes e para se assemelhar algumas situações gritantes são colocadas. Como por exemplo a relação amorosa entre os cientistas Steve (Egor Koreshkov) e Amy (Alyona Konstantinova), que mesmo não possuindo alguma química (e atuações que beiram a primeira aula de teatro) em cena, são colocados em um arco totalmente pobre e que remete ao segundo filme citado. Isso sem citar algumas situações totalmente chulas, que acabam sendo uma afronta para a inteligência do espectador (bastava alguém de fora ter comentado com os envolvidos no projeto, que as decisões não estavam sendo as melhores). E quando somos apresentados ao próprio alienígena, faltou aquela presença, medo e ameaça, já que acabamos torcendo para ele terminar o serviço e o filme terminar o mais rápido o possível. “Gemini: O Planeta Sombrio” termina sendo mais um filme de horror que só serve para encher o catálogo das plataformas de streaming, e causar raiva naqueles que perderam tempo vendo uma história cheia de problemas.
Crítica | Boa Sorte, Leo Grande

Engenharia do Cinema Esta é mais uma daquelas típicas produções que funcionarão perfeitamente para o público feminino dos 40 anos, para frente. Digo isso com total clareza, pois a dramaturga Emma Thompson (“Cruella“) já é conhecida por entender este tipo de pensamento há bastante tempo (só pegarmos quaisquer de seus filmes durante os anos 90). Apesar dela não ser responsável por nada atrás das câmeras, vemos que a roteirista Katy Brand e a diretora Sophie Hyde fizeram “Boa Sorte, Leo Grande” totalmente pensado para ser estrelado pela veterana. A história tem inicio com a acanhada professora Nancy Stokes (Thompson) que resolve contratar o garoto de programa Leo Grande (Daryl McCormack) para ter um simples atendimento. Porém, a medida que ambos começam a conversar sobre seus pensamentos sobre sexo e paixão, a dupla percebe o problema é mais complexo do que imaginam. Imagem: Paris Filmes (Divulgação) Apesar de 90% da narrativa se resumir a um quarto de hotel e conversas entre os personagens citados, é inevitável que o público feminino se sentirá totalmente mais a vontade com este tipo de enredo. Assim como ocorreu no recente “A Filha Perdida” (que foi até indicado ao Oscar), estamos falando de uma temática bastante delicada, pelas quais muitas mulheres ainda possuem certo receio em comentar (que é o sexo depois de uma determinada idade). E acaba caindo como uma luva Thompson ter sido escalada para este tipo de papel, pois além dela ser uma verdadeira Camaleoa, há um certo público que já está íntimo do trabalho da atriz e desta maneira se sente “livre” de ver ela falando abertamente destes assuntos. Ainda mais por conta do enorme parâmetro que é exercido por McCormack, que realmente se mostra como o verdadeiro “psicólogo” da situação (cujos enquadramentos de Hyde, em seus olhos, são quase sempre sobre este intuito). “Boa Sorte, Leo Grande” é um filme que poderá fazer um enorme sucesso entre o público mais maduro, e fará o público feminino a refletir bastante sobre a questão de ter “amor próprio”.
Crítica | A Última Noite

Engenharia do Cinema Esta é uma daquelas produções que realmente foram feitas com base na situação mundial atual, englobando com alguns fatos já ocorridos na história. Com produção do renomado cineasta Matthew Vaughn (da franquia “Kingsman“), “A Última Noite” coincidentemente terminou suas gravações principais exatamente um dia antes da pandemia começar a estourar na Europa (inclusive o mesmo só chegou a ser finalizado quase cinco meses depois da quarentena). Com roteiro e direção da estreante em longas Camille Griffin (que coincidentemente na vida real é mãe dos atores Roman Griffin Davis, Gilby Griffin Davis e Hardy Griffin Davis, que vivem os filhos de Keira Knightley e Matthew Goode), vemos que ela consegue extrair várias situações reflexivas diante de um cenário bastante atual. A história gira em torno de uma família, onde durante a ceia de Natal acaba passando por diversas situações delicadas e conflituosas, enquanto a Russia acabara de soltar pela Inglaterra um gás mortal que matará todos os presentes e cidadãos do país. Imagem: Paris Filmes (Divulgação) Começo destacando que este é um filme sobre o cenário apresentado, e não sobre o perfil dos personagens. A começar que enquanto Art (Roman Griffin Davis) está preocupado com o cenário apocalíptico, seus pais (Knightley e Goode) estão ligando para coisas bastantes supérfluas. Há um debate bastante plausível também, pois enquanto muitas pessoas acabam indo atrás das recomendações do governo, Art tenta trazer a tona o debate à mesa e se realmente eles sabem o que estão falando e possui respostas debochadas por pensar diferente (algo que realmente vem acontecendo, no cenário de pandemia). Apesar do ator mirim ser um dos destaques centrais do longa, vale destacarmos que mesmo tendo nomes como de Knightley, Goode, Annabelle Wallis, Lily-Rose Depp, Lucy Punch e Kirby Howell-Baptiste, nenhum deles possuem grandes atuações ou momentos bastante memoráveis. Eles estão operantes como se estivéssemos vendo um monólogo ou até mesmo peça teatral (uma vez que a produção se passa em um único cenário), e isso vai incomodar o espectador que procura algo aos moldes dos recentes “Não Olhe Para Cima” e “Destruição Final”. “A Última Noite” acaba conseguindo fazer um interessante parâmetro com o nosso cenário atual, justamente em uma época natalina (pelo qual nos encontramos).