Crítica | Elementos
Engenharia do Cinema Em meio a diversas bombas e fracassos, finalmente a Disney conseguiu acertar em uma animação que foi lançada nos cinemas. “Elementos” não é na mesma pegada de clássicos da Pixar como “Up“, “DivertidaMente” e até mesmo “Toy Story“, porém consegue cativar o espectador por conta de sua simplicidade e reflexão transposta para o público, com relação a família as suas diversas histórias de origem. A história é centrada na jovem chama Ember, que aguarda o dia que irá conseguir assumir a loja de seu Pai, e assim fazer o próprio e sua mãe ficarem orgulhosos de suas atitudes. Mas, após um incidente no local, ela acaba tendo seu destino cruzado com a gota d’água Wade, que a faz refletir ainda mais sobre a vida. Imagem: Walt Disney Pictures (Divulgação) Em sua abertura, fica nítido que se trata de um projeto que busca a ligar ao espectador não pelo seu visual, mas sim pelo roteiro (indo na contramão das últimas obras do estúdio, que procurava focar nos dois quesitos). Concebido pelo trio John Hoberg, Kat Likkel e Brenda Hsueh, logo nos primeiros minutos já começamos a criar um vínculo com a família de Ember, pois é inegável que muitos de nós tivemos uma origem similar (com parentescos que vieram de outras nacionalidades e se sustentaram por comércios populares). Por conta disso, conseguimos comprar facilmente a nossa protagonista (que realmente é bastante humana), e por consequência, o coadjuvante Wade (que também é bem conduzido, mas é totalmente o oposto daquela, em sua personalidade e forma). A criação de um universo com vários elementos distintos, não chega a ser como as últimas obras da Disney/Pixar (que sempre abria brechas para possíveis spin-offs e outros arcos paralelos, em futuros curtas), mas funciona dentro daquela premissa (inclusive, se assemelha a produções como “Divertidamente” e “Detona Ralph“). “Elementos” consegue ser uma grata animação da Disney/Pixar, onde mesmo em tempos que o selo vem entregando produções animada de qualidade mediana/ruim, é bom sabermos que ainda a chama do estúdio não apagou.
Crítica | Lightyear
Engenharia do Cinema Quando “Lightyear” foi anunciado no início de 2021, muitos ficaram na dúvida se era necessário termos um spin-off de “Toy Story” focado no personagem Buzz Lightyear. Apenas com a informação que o personagem seria dublado agora por Chris Evans no original (que é conhecido por ser o intérprete do Capitão América), muitos literalmente se confundiram com o fato de que Tim Allen havia sido deixado para escanteio (após ele ter dublado o mesmo, na franquia principal). Porém, o próprio Evans e a Disney fizeram questão de explicar que se tratava do “filme que Andy assistiu em 1995, e lhe fez comprar o boneco Buzz Lightyear”. Só que como a Disney/Pixar não está andando nos seus melhores dias, desde 2020, com “Soul” (que foi a última vez pelo qual o estúdio teve um lançamento que realmente cativasse o público), infelizmente este longa que vos falo, mostra que o estúdio ainda está no automático. A história se passa em um planeta à anos luz da terra, onde após um acidente envolvendo sua nave, o astronauta Buzz Lightyear e todos os tripulantes da mesma acabam tendo de viver no local. Porém, ele acredita que irá conseguir buscar uma forma de conseguir tirar todos do local e fazer com que eles voltem para casa. Imagem: Walt Disney Pictures (Divulgação) Apesar dos primeiros cinco minutos de projeção referenciarem a primeira cena do personagem no clássico longa de 95, o restante do longa parece ter sido uma mera aventura espacial e totalmente discrepante do talento do personagem Buzz (que ele já mostrou ter nos outros longas). Não há uma explanação que lhe faça ser o melhor astronauta de todos, e que seja um exemplo para todos os outros tripulantes. Só vemos um caractere que gosta de agir sozinho, com ego grande e não ligando para as consequências. O roteirista Jason Headley realmente parece não ter feito a lição de casa mínima, pois nitidamente ele não conhece nada do universo de “Toy Story“, da franquia animada de “Buzz Lightyear” e até mesmo não deve ter prestado atenção nas conversas com criadores do personagem. Porque não há um momento épico, ou até algo que faça com que nos importemos com a origem do mesmo e com os novos coadjuvantes apresentados (que em maioria são bem clichês). A única grande exceção é o gato robótico Sox, que consegue tirar ótimos risos e ser um carismático parceiro para Buzz (inclusive, nos faz ter vontade de ver mais do mesmo futuramente). Mas realmente não estou falando de uma bomba, pois mesmo com estes descuidos a animação ainda consegue entreter dentro da premissa que lhe foi imposta. A direção de Angus MacLane (co-diretor de “Procurando Dory“) realmente teve como inspiração algumas tomadas do recente “Top Gun Maverick” (vide a sequência envolvendo Buzz tentando captar a velocidade necessária, em uma missão no espaço), pelas quais chegam a ser bem executadas na forma visual e sonora. Além de algumas cenas de ação, envolvendo o vilão Zurg (que foi uma tremenda decepção). Confesso que não conferi o longa na versão dublada, e sim na legendada (que teve um lançamento limitado, em alguns cinemas). A mesma foi bem executada, embora curiosamente o trabalho de Chris Evans seja uma mera tentativa de cópia do trabalho maravilhoso feito por Tim Allen. Mas, até que ele não estava ruim e a diferença não acabou sendo gritante. “Lightyear” termina sendo uma aventura genérica da Pixar, que realmente não consegue ser tão marcante como os quatro títulos da franquia “Toy Story“.
Ao Infinito e Além sempre, sempre, sempre! Assista ao trailer de Lightyear
A espera acabou! Confira o trailer novinho em folha e repleto de ação de Lightyear, da Disney e Pixar, um longa-metragem original com lançamento em 17 de junho de 2022. Em resumo, a aventura de ficção científica apresenta a história definitiva da origem de Buzz Lightyear – o herói que inspirou o brinquedo – apresentando o lendário Guarda Espacial que conquistou fãs de todas as gerações. Aliás, Chris Evans (Vingadores: Ultimato) empresta sua voz a Buzz. “A frase ‘é um sonho que se tornou realidade’ é muito usada, mas ela nunca foi tão verdadeira em minha vida quanto agora”, diz Evans. “Quem me conhece sabe que meu amor por filmes de animação é enorme. Não acredito que vou fazer parte da família Pixar e que vou trabalhar com estes artistas verdadeiramente brilhantes que contam histórias como ninguém. Vê-los trabalhar é simplesmente mágico. Todos os dias me belisco para ver se estou sonhando”. Por fim, o diretor vencedor do Annie Award e animador veterano da Pixar, Angus MacLane, que codirigiu Procurando Dory (2016), dirige Lightyear. Enquanto Galyn Susman (curta Toy Story: Esquecidos pelo Tempo) é o produtor.
Crítica | Soul – prepare o lencinho que a Pixar vai te fazer chorar mais uma vez
Que a Pixar sabe emocionar crianças e adultos, não é nenhuma novidade. É assim desde Toy Story – Um Mundo de Aventuras, em 1995, seu primeiro longa de animação. Óbvio que alguns são mais infantis, como Carros e Monstros S.A., enquanto outros conseguem dialogar bem com públicos distintos, sempre mexendo com a emoção. Impossível não derramar lágrimas com Viva – A Vida é Uma Festa ou Up – Altas Aventuras. Soul, a nova aposta do estúdio e a primeira com um protagonista negro, que estreia nesta sexta-feira (25) exclusivamente na Disney+, não deixa por menos. Prepare o lencinho. É uma pena não estar nos cinemas, mas totalmente compreensível. Afinal, vermelho é vermelho. Devemos ficar em casa mesmo. Em Soul, Joe Gardner (Jamie Foxx) é um professor de música do ensino fundamental que tem a chance de tocar no melhor clube de jazz de Nova Iorque. No entanto, um pequeno acidente o leva das ruas da Big Apple para o Pré-vida, um lugar fantástico onde novas almas obtêm suas personalidades, peculiaridades e interesses antes de irem para a Terra. Determinado a retornar à sua vida, Joe se junta a uma alma precoce, 22 (Tina Fey), que nunca entendeu o apelo da experiência humana. Enquanto Joe tenta desesperadamente mostrar a 22 o que é ótimo na vida, ele pode apenas descobrir as respostas para algumas das perguntas mais importantes da vida. Trilha sonora O visual colorido e a trilha sonora impecável ajudam a dar mais força para o longa. As composições e arranjos de jazz são do renomado Jon Batiste, indicado ao Grammy pela performance de Saint James Infirmary Blues. O artista nos proporciona um mergulho nos clubes esfumaçados de jazz de Nova Iorque. É impressionante como trilha e história caminham em sintonia. O vocalista do Nine Inch Nails, Trent Reznor, e Atticus Ross, premiados no Oscar pela trilha sonora do filme A Rede Social, são os responsáveis pelo instrumental original do longa. Não será surpresa alguma se concorrerem à estatueta mais uma vez. Mas, voltando ao enredo, o diretor Pete Docter (Divertida Mente e Up – Altas Aventuras) segue firme na arte de emocionar. A morte é abordada de uma forma muito sútil. Mais do que falar de um assunto difícil para adultos e crianças, o longa bate na tecla da importância de viver e dar valor às pequenas coisas. Nossa passagem por aqui é breve. E por mais triste que isso possa parecer, o mais importante é saber aproveitar todos os momentos como se fossem os últimos. Soul também tem humor Mas nem tudo são lágrimas em Soul. A parceria entre Jamie Foxx e Tina Fey garante momentos divertidos. Os diálogos entre os dois são puros e recheados de sátiras.Infelizmente não tive acesso ao filme dublado. Porém, o resultado deve ser tão incrível quanto o original. Só para citar dois grandes talentos envolvidos temos Jorge Lucas (Joe Gardner) e Luciana Mello (Dorothea Williams). Dorothea, por sinal, merece um destaque. Ela é a lenda do jazz que dá a chance para Joe Gardner mostrar o seu trabalho como pianista de alto nível. É a líder e saxofonista do quarteto.