Rashid dá salve à cultura hip hop em Gênesis, single da HQ Soundtrack

Gênesis é uma palavra que nos remete ao começo de tudo e à criação. Não à toa, Rashid escolheu o termo para dar nome ao seu novo single, lançado nesta quarta (27). O rapper evoca Racionais e Sabotage logo nos primeiros segundos da música para abrir os caminhos de uma letra que percorre por sua trajetória. Em comemoração aos 50 anos do hip hop, entre as rimas presentes na faixa, ele extrapola as alusões aos artistas que o inspiraram e passa pelos elementos que fazem dessa cultura uma ferramenta de revolução, evolução, transformação e pertencimento. São eles: a música rap, o DJ (e os beats), o breakdance e o grafitti. Gênesis é a trilha sonora criada por Rashid para conectar com a HQ Soundtrack, lançada por ele e Guilherme Match em dezembro de 2023. Com a participação do cantor e compositor Thiago Jamelão, o single chega, além das plataformas de áudio, em formato de visualizer no YouTube – com ilustrações de Guilherme Match e animação de Felipe Figueiredo. “Desprendido da prerrogativa da crença, eu quis fazer uma metáfora com algo que todos nós tivemos contato em algum momento da vida e tentei traçar esse paralelo com a música rap, que foi o começo de tudo para mim. Vou citando os artistas que foram ajudando a formar o meu universo durante esses meus 36 anos”, comenta Rashid sobre a escolha do título da canção. “Tem uma certa ingenuidade nessa música que me remete ao começo de tudo, quando eu ainda contava moedas para pagar a condução de ida para as batalhas. E a volta a gente entregava nas mãos de Deus”, diverte-se. Em Gênesis, um verso marcante indaga: “o que é que o som faz quando entra na mente da gente?”. Está aí a ponte entre a faixa e a história em quadrinhos Soundtrack, também de Rashid (em parceria com Guilherme Match). A HQ, que tem como protagonista o MC Mayk, traz uma metáfora para o efeito da música na mente do ser humano – solucionando a charada apresentada na canção. Para envelopar esta trilha, o rapper contou com a produção musical de Duda Raupp. Eles partiram, juntos, da emoção que Rashid gostaria de explorar por meio do single para, em seguida, pensarem qual seria a direção sonora. Dessa forma, uma guitarra neo soul se tornou a protagonista de Gênesis, com uma bateria marcada e sopros que remetem a um soul mais clássico – um tipo de sonoridade muito explorada no rap e sem deixar de fora os scratches (dando um salve à importância dos DJs no cenário). “Gênesis é a minha maneira de dizer o meu muito obrigado aos mestres que vieram antes, que me ensinaram que a arte é maior do que os padrões e limites impostos pela sociedade. E também um muito obrigada a todos as vezes que uma canção me salvou”, resume Rashid. Ouça Gênesis, de Rashid

Rashid anuncia show gratuito do último disco no SESI AE Carvalho

Em Movimento Rápido dos Olhos, Rashid entrega um novo formato de consumo para o público. O quarto trabalho de estúdio é definido pelo artista como um álbum-áudio-filme e intercala as músicas com animação em quadrinhos ao longo de 15 faixas. Estas constroem uma jornada de mudanças regida pela evolução pessoal e pelos questionamentos às regras. Agora, no dia 28 de outubro, o rapper leva esta experiência para o palco do SESI AE Carvalho, em São Paulo, e conduz, diretamente, o espectador pela imersão na saga do protagonista Samurai. Os ingressos são gratuitos e já estão disponíveis para reserva. O disco apresenta uma nova faceta de Rashid, não só musicalmente, reforçando suas influências fora do rap, como também o artista multifacetado responsável por entregar uma nova experiência de consumo, sem estar preso a fórmulas e sem perder a sua marca nas rimas afiadas e necessárias. “Movimento Rápido dos Olhos é cinema para os ouvidos”, explica o cantor. Além das novas canções, o repertório também contempla os principais sucessos da carreira do cantor paulistano como Pipa Voada, parceria com Emicida e Lukinhas, que conferiu o primeiro Disco de Diamante à trajetória do rapper; e Bilhete 2.0, colaboração com o carioca Luccas Carlos que rendeu ao artista um certificado de Platina Duplo. Serviço: Rashid @ SESI AE Carvalho, SP Data: 28 de outubro (sábado) Horário: 16h Local: SESI AE Carvalho Endereço: Rua Deodato Saraiva da Silva, 110 – Cidade A E Carvalho – São Paulo – SP Ingressos

Rashid explora a distopia das metrópoles em Movimento Rápido dos Olhos

Em um futuro distópico, as grandes cidades deixam de ser polos econômicos e se tornam vazios de concreto; a população, então, migra para as regiões interioranas atrás de recursos. A busca por qualidade de vida esbarra, diretamente, no comando do Patriarca, figura corrupta e detentora de riquezas conquistadas por meio de ameaças e intimidações. Uma comunidade instalada na região vive em harmonia até ser dizimada por homens subordinados ao vilão… Assim se inicia a história por trás do novo lançamento de Rashid, o disco Movimento Rápido dos Olhos. Definido pelo artista como um álbum-áudio-filme, o quarto trabalho de estúdio do rapper intercala as canções com animação em quadrinhos, resgatando o formato das radionovelas. Nomes como Liniker, BK’, Marissol Mwaba, Amiri, Don L, Curumin, Macedo Bellini e Stefanie se unem a Rashid como participações especiais ao longo das 15 faixas. Estas constroem uma jornada de mudanças regida pela evolução pessoal e pelos questionamentos às regras. “O disco vem para exagerar a realidade. Ele eleva à enésima potência a atmosfera na qual a gente vive hoje e deduz onde poderíamos parar caso não houvesse mudanças”, comenta Rashid. Com um tempero de utopia, sonho e heroísmo, a narrativa é pautada no processo de autodescoberta de Samurai, protagonista que tem a companhia de Proceder, Oráculo, Davila e Patriarca ao longo da história. Para dar vida a estes personagens, Rashid convidou a jornalista e apresentadora Adriana Couto, o publicitário Rodrigo Carneiro e o dublador Guilherme Briggs. Este último é figura conhecida por emprestar a sua voz para desenhos como Buzz Lightyear, Superman, Mickey e Samurai Jack. “Queria trazer alguém da dublagem para trabalhar num álbum meu há algum tempo, mas ainda não tinha o lugar perfeito. Não imaginava que conseguiria um dos maiores dubladores do país para este trabalho atual”, comemora. A cultura oriental é um forte guia em Movimento Rápido dos Olhos. Seja nas animações, em formato de quadrinhos, ou nos personagens. Isto se deve à admiração que Rashid cultivou ao longo dos anos. “Essa identificação nasceu ainda na época das batalhas, onde toda semana meu talento estava em jogo contra MCs incríveis e eu precisava de uma disciplina intensa para continuar evoluindo. Nessa época, conheci livros como Bushido, Hagakure e a própria história do Miyamoto Musashi, o samurai mais famoso da história do Japão”, lembra o rapper, que complementa: “eu me identifiquei com muitas coisas ali e, a partir disso, formei parte da base do meu pensamento sobre rotina, dedicação e foco”. Para representar visualmente Movimento Rápido dos Olhos, a capa do disco traz o Rashid caracterizado de Samurai. A escolha desta figura para encabeçar o enredo foi algo natural para o artista. “A personalidade do Samurai traduz, de certa forma, muito sobre temas abordados nos meus sons. Ele não só é uma manifestação do eu lírico do Rashid, mas também um retrato de todos que se identificam. Por isso, ele não tem nome, porque ele pode ser qualquer um”, afirma. O ponto de partida da obra é com a faixa Oráculo. Ela é responsável por apresentar a jornada do Samurai e o universo de Movimento Rápido dos Olhos para o público. Deixai Toda Esperança, música na qual Rashid divide os vocais com Macedo Bellini, é uma carta para a Morte e foi inspirada no poema A Divina Comédia, de Dante Alighieri. “Você precisa lembrar daqueles que se foram, mas precisa celebrar também quem continua vivo ao seu lado” é a premissa guia de Rashid em Um Brinde A Todos Que Se Foram, composição que passeia pelas memórias do protagonista e transforma as dores em combustível. Jogo Sério, por sua vez, tem participação de Marissol Mwaba e do rapper BK’, e trata sobre a necessidade de tomar as rédeas da situação, mesmo com todas as adversidades. Ela culmina em Tem Dias Que, um mantra de aceitação que funciona como um lembrete: nem todos os dias são bons e não é preciso dar conta de tudo o tempo todo. A jornada de Samurai tem sequência com Agora Você Me Deve, que antecede a faixa A Lua Atrás Do Prédio, resposta — na perspectiva de uma criança — para o single Porque É Proibido Pisar Na Grama, de Jorge Ben Jor. “São questões que, de tão ingênuas, se tornam profundas e filosóficas em alguma instância”, explica. O dia amanhece na narrativa em Ver Em Cores. Com a participação de Liniker, com sua voz que carrega candura e potência, a canção marca a virada da história. A partir deste momento, a narrativa dá lugar à esperança e a novas descobertas. Marco disso é o interlúdio Contexto, Café e Coragem, quando Samurai se dá conta que o seu poder não está na força ou na lâmina de sua espada, mas, sim, nas palavras. Na Entrada do Céu, com participação de Stefanie, traz outro momento de emoção na tracklist. “A música fala sobre pessoas que estão aguardando serem registradas na entrada no céu e cada um conta como chegou ali”, resume. Com Amiri e Don L, Linha De Frente reitera o papel de pessoas que estão no holofotes para tomarem frente nas lutas. “De nada valem todas as habilidades e ser o melhor MC do mundo se as coisas que a gente fala e faz não forem em prol do nosso pessoal”, pontua. Mais uma referência ao texto poético A Divina Comédia, Às Margens Do Rio Lete nasce como uma forma de reforçar a canção anterior e, marca, mais uma vez, a mudança no foco do protagonista. Ao lado de Curumin, Rashid questiona a arte na vida das pessoas em “Ao Subir Das Letrinhas”. “Respiramos arte no dia a dia e as nossas músicas são um reflexo disso. A arte é a forma como a gente vive”, resume. Marcando o final de Movimento Rápido dos Olhos, essa faixa busca estimular que as pessoas vivam as suas vidas após o crédito final. “Quando o crédito sobe é quando começa de fato a obra da sua vida”, declara. Anteriormente, Rashid já tinha divulgado outras duas faixas do disco: Pílula

Rashid explora dualidades no single “Pílula Vermelha, Pílula Azul”

Saber a verdade e compreender o mundo ao redor ou fugir da realidade e se esquivar de questionamentos à sociedade? Na cultura pop, reforçada pelo filme Matrix (1999), a decisão entre esses dois caminhos é representada pela escolha entre uma pílula vermelha e uma pílula azul. Essa é a referência apresentada por Rashid no single Pílula Vermelha, Pílula Azul. Com uma dualidade vocal inédita na carreira do rapper paulistano e um videoclipe disponível no YouTube, a faixa reúne outras inspirações, que vão de Akira e Blade Runner a Nação Zumbi, e serve de trilha sonora para cenas de um Brasil underground, onde o país é um protagonista em crise. “A gente se acostumou a falar do futuro projetando avanços tecnológicos, como carros voadores. Eu quis dar um olhar ao futuro do gueto, onde as coisas vão se remendando para permitir a nossa existência”, analisa o rapper. Pílula Vermelha, Pílula Azul também aponta para um Rashid do amanhã ou, vamos dizer assim, para uma nova variante. “Estou buscando novas formas de me expressar e novas construções para a minha poesia. Pela primeira vez, eu interpreto dois personagens diferentes dentro da mesma música”, comenta. Com produção assinada por Grou, a canção abre com versos extraídos de Banditismo Por Uma Questão De Classe (1994), faixa do clássico álbum Da Lama ao Caos (1994), do Nação Zumbi. “O Chico Science e o Nação Zumbi definiram muito bem, tanto nas letras quanto nas melodias e nos arranjos, o mood desse Brasil underground, que complementava a música popular brasileira que estava sendo feita na época, mas também se opunha”, comenta Rashid. “É impressionante como várias composições dos anos noventa continuam fazendo sentido atualmente. Isso nos mostra dois pontos: o quão atemporal são determinadas características da nossa música e o quanto o nosso país regrediu”. Verso que impregna pressão na levada de Pílula Vermelha, Pílula Azul, “não me empurra que eu to no limite” foi retirada e traduzida da faixa The Message, do grupo norte-americano Grandmaster Flash and the Furious Five. “Eu acho que a mensagem desse som tem alguns caminhos e camadas: de ser uma trilha pra esse Brasil do dia a dia, o Brasil trabalhador, mas de também ser um alerta, de demonstrar ali que tem algo errado, pensando na visão de mundo de quem tem privilégios”. Dirigido por Levi Riera, o videoclipe da canção apresenta dois protagonistas pretos separados por uma questão de classe. “Eles representam dois ideais que facilmente ocupariam a mente de um mesmo indivíduo. No fim, isso acaba pressionando as pessoas pretas que, muitas vezes, ficam divididas entre o coletivo e o indivíduo ou entre a causa e o sucesso pessoal”, reflete. Ao fim dos quase quatro minutos de registro audiovisual, o desfecho vem acompanhado por uma escolha: pílula vermelha ou pílula azul?