Críticas | Arctic Monkeys, Goldfinger, Boom Boom Kid, Smashing Pumpkins, Billie Joe…

Arctic Monkeys – Arctic Monkeys Live At The Royal Albert Hall O show desta mesma turnê do Arctic Monkeys foi apresentado aqui no Brasil, no Lollapalooza 2019, com um set bem parecido. Portanto, não é surpresa aos fãs dos Monkeys a relação de ‘morde-assopra’. Em resumo, canções recentes mais climáticas dividem espaço com os rock indie barulhentos de outrora. Embaixo do manto do hype, o Arctic Monkeys é uma banda eficiente. Ao vivo não inova, mas entrega uma execução fiel e bem trabalhada de suas músicas. Goldfinger – Never Look Back Acompanhado de um time de estrelas – Mike Herrera (MxPx), Travis Barker (Blink-182), entre outros – John Feldman retorna seu Goldfinger com mais um disco super bem produzido. Ele mantém as bases punk-pop e ska-punk, mas com uma produção e refrões que têm muito a ver com a sonoridade de 2020. A busca pelo pop perfeito talvez tire um pouco da displicência e do charme que a banda carregava nos anos 1990, mas ainda é um belo trabalho. Boom Boom Kid – Bienvenido: Zona de Descanzo Primeiro disco acústico de estúdio do Boom Boom Kid. O ex-Fun People recria uma porção de suas canções em versões unplugged low-profile, por vezes usando e abusando de efeitos/reverb, ou na voz, ou no violão. Além dos resgates, ainda temos faixas inéditas e versões na seleção final. Prolífico como poucos, Nekro é um dos maiores artistas do cenário alternativo sul-americano e se acostumou a fazer muito com pouco. Radkey – Green Room Os irmãos Dee, Isaiah e Solomon Radke formam uma das bandas punk mais interessantes dos últimos anos. Power trio de canções simples e refrões ótimos, chegaram a seu quarto disco, lançado de forma independente e com ajuda de uma campanha de crowdfunding. Aqui a banda apresenta uma coleção de canções punk com viés pop, resgatando melodias dos Ramones circa anos 1980 e também algo de Misfits. Vale a pena. Smashing Pumpkins – CYR O Smashing Pumpkins sempre operou em três instâncias musicais: canções baseadas em riffs pesados de guitarra, baladas épicas e mais recentemente, músicas calçadas em synths. Este é praticamente todo baseado nesta terceira opção. Olhando pra trás, CYR dialoga principalmente com a fase Monuments to an Elegy. É um álbum difícil na discografia do grupo, apesar de soar pop na maior parte do tempo. Billie Joe Armstrong – No Fun Mondays No começo da quarentena, o vocalista do Green Day anunciou que lançaria um cover por semana, até ‘o mundo retornar ao normal’. As semanas passaram e Billie lançou 14 covers no projeto No Fun Mondays. Agora, porém, as reuniu neste LP. Apesar das diversas fontes originais, aqui as canções ficaram todas com aquele jeitão power-pop. Guitarra, vocais melódicos e refrões ganchudos. É o músico fazendo o que faz de melhor. The Network – Trans Am O Network surgiu em 2003 como uma banda new wave secreta cujos integrantes “pareciam demais” com os caras do Green Day. Na época o grupo sustentou a brincadeira de identidade secreta e soltou um disco tão excelente quanto descompromissado. Pra quem se decepcionou com o último disco do Green Day, o Network vem para restaurar sua fé no trio de Oakland, soltando aqui neste EP quatro faixa novas super divertidas. New Model Army – Carnival (Redux) “Carnival foi o único álbum em que a gravação, mixagem e masterização não trouxeram o resultado perto do que era pretendido originalmente“. A declaração é do vocalista Justin Sullivan sobre seu CD de 2005. Contudo, neste 2020, onde a banda comemora aniversário de 40 anos e teve seus planos abortados, este álbum está sendo relançado e ‘reimaginado’. Com o resgate, recebeu nova mixagem e faixas inéditas. Para redescobrir. Refused – The Malignant Fire O Refused tem o costume de sempre lançar um EP pouco antes ou pouco depois de um novo álbum full. No caso, The Malignant Fire é sucessor do disco War Music, lançado ano passado. Se no conteúdo o Refused continua pregando para convertidos, no som o grupo tenta sempre dar alguns passos fora da fórmula. O óbvio seria a morte artística desta banda que já ousou moldar ‘a forma que o punk virá’. Hardcore fora da caixa. Killer Be Killed – Reluctant Hero O novo do Killer Be Killed, formado por Max Cavalera (Soulfly, Cavalera Conspiracy); Greg Puciato (The Dillinger Escape Plan); Troy Sanders (Mastodon); e Ben Koller (Converge), vem com uma unidade muito maior do que no álbum de 2014. Aqui as canções se conversam muito mais, são inclusive mais palatáveis que as do primeiro disco, com muitos vocais melódicos e ótimos refrões. Metal inteligente, agressivo e criativo. Nick Cave – Idiot Prayer – Nick Cave Alone At Alexandra Palace Em junho, durante o período de lockdown no Reino Unido, Nick Cave fez uma live no Alexandra Palace, em Londres. Somente acompanhado de seu vozeirão e seu piano, Cave transmitiu a classuda apresentação em live paga que agora virou CD. O clima intimista e de solidão fazem a cama para as 22 faixas que preenchem o setlist lembrando a fase Grinderman, dos Bad Seeds e faixas de seu trabalho mais recente. Obra de arte! Joan Jett & The Blackhearts – Playin’ With Fire (Live In Long Island, NY ’81) Em 1981, Joan estava voando baixo ao lado de seus Blackhearts, divulgando o excelente Bad Reputation. Aqui temos o registro de um show transmitido via rádio e lançado via bootleg diversas vezes nos últimos 30 anos. O setlist de 21 músicas é divertido, tem as faixas do disco da época e covers, tocado por uma banda afiadíssima, em seu melhor momento comercial e criativo. Excelente!
Supergrupo punk Fake Names lança álbum de estreia

Supergrupo com integrantes do Bad Religion e Refused lança single

Refused lança clipe às vésperas do novo álbum

Prestes a lançar War Music, que estreia em 18 de outubro, a Refused divulgou mais um single. Economy Of Death também veio acompanhada de videoclipe, assim como os demais singles do álbum. O primeiro clipe divulgado pela banda foi de Blood Red, seguido por Rev 001. Ambas as faixas seguem a mesma estética visual de Economy Of Death. Com uma abordagem mais sólida, focada no hardcore melódico, a nova faixa traz um novo estilo para a Refused. Em entrevista à Spin, o frontman Dennis Lyxzén comentou que essa mudança não foi intencional. “Nunca foi deliberado. Nós nos ajeitamos para criar música – boa música – com suas variações. As pessoas nos chamaram de ‘experimental’, mas esse nunca foi nosso plano. É tudo sobre a arte e seguir a música que permanece verdadeira aos nossos ideais. Com War Music, nós concordamos em fazer 34 minutos de música pura, crua, na-sua-cara”. É tudo sobre a arte, e como conclui o frontman, “no fim do dia, você cria a arte que te satisfaz”. Em nova fase, a banda pode trazer muitas surpresas para os fãs. Confira o clipe de Economy Of Death:
Refused apresenta a agressiva Blood Red

O Refused continua vivo. A banda sueca anunciou recentemente o lançamento do álbum War Music e nesta sexta-feira (2) revelou o single completo de Blood Red. Sem dúvidas, a agressividade sonora dos primeiros anos parece estar de volta. De acordo com a banda, eles sentiram falta de uma energia a mais nas apresentações da turnê do seu último álbum, Freedom (2015). Então, durante uma jam na passagem de som de um dos shows, surgiu o riff de Blood Red. E, como consequência, a vontade de criar um álbum mais enérgico para eles e para os fãs. Em relação ao álbum War Music, o Refused retorna às suas raízes políticas com um discurso anticapitalista. Pelo menos é o que a banda transparece no discurso sobre a nova fase da carreira. Desta maneira, eles defendem uma democracia direta e distribuição igualitária de recursos. “Nós acreditamos no ditado marxista ‘De cada um de acordo com a capacidade, para cada um de acordo com a necessidade’. Isso está no nosso pé de apoio, nas nossas costas encostadas na parede e cercados de inimigos”, destaca a mensagem no Instagram. Vale lembrar que War Music não será o único lançamento do Refused nos próximos meses. Os suecos foram convidados para participar da trilha sonora do jogo Cyberpunk 2077 e vão dar vida a banda fictícia Samurai. Saiba mais clicando aqui. Refused: um breve guia O Refused surgiu no começo de 1991 em Umea, cidade no nordeste da Suécia. Inspirados pelo punk rock e hardcore combinados por diversas pautas políticas, o grupo lançou os álbuns This Just Might Be the Truth em 1994 e Songs to Fan the Flames of Discontent em 1996. No seu segundo trabalho, o grupo utilizou um fanzine dentro do encarte para explicar e propagar suas ideias políticas. Ao mesmo tempo, a banda parecia se encaminhar para o som próximo ao “metallic hardcore”, uma fusão do metal extremo com o hardcore. No entanto, isso mudaria em breve. The Shape of Punk to Come Em 1998, o Refused lançou o seu mais famoso álbum: The Shape of Punk to Come. Com 12 faixas, a banda incorporou ao seu som elementos de música eletrônica, jazz e música ambiente. Além de incluir diversos samples de cenas de filmes como Apocalypse Now (1979) e álbuns de jazz e r&b dos anos 1950. Na realidade, a intenção era desafiar e quebrar os próprios paradigmas do punk rock. Curiosamente, na época do seu lançamento, o álbum foi um fracasso comercial e de crítica. Muitos fãs e críticos não conseguiram acompanhar a evolução musical da banda. Para complicar mais, a turnê de divulgação do álbum foi bastante conturbada. Por exemplo, metades das datas foram canceladas no meio da viagem pelos Estados Unidos e a última apresentação foi interrompida pela polícia após quatro músicas. Então, o Refused decidiu encerrar sua carreira. Intitulada Refused Are Fucking Dead, uma carta aberta divulgada no site da gravadora sueca Burning Heart expôs diversos problemas internos. Principalmente, os constantes conflitos entre o vocalista Dennis Lyxzén e o resto dos músicos da banda. Refused Are Fucking Dead Surpreendentemente, um ano após do lançamento de The Shape of Punk to Come e o fim do Refused, o número de vendas do álbum cresceu. Ao mesmo tempo, diversos artistas passaram a reverenciar o trabalho e citar a banda como influência. Em 1998, Dennis Lyxzén criou o The (International) Noise Conspiracy. A banda conquistou um relativo sucesso comercial, com uma sonoridade mais pop e singles com títulos provocadores como Capitalism Stole My Virginity. No entanto, muitos críticos ainda o citavam como “a banda do ex-vocalista do Refused”. Ao longo do início dos anos 2000, os membros da banda se dedicavam a outros projetos como TEXT, Final Exit e AC4. Em 2010, surgiram rumores da possível volta da banda por conta do relançamento de The Shape of Punk to Come e a estreia do documentário Refused Are Fucking Dead. Porém, a reunião foi negada por Dennis. Freedom O que era um sonho distante se tornou verdade apenas em 2012. O Refused retornou às atividades e participou de uma série de grandes festivais. Por exemplo, eles foram headliner do Groezrock na Bélgica e esteve no lineup do Coachella Festival e Download Festival. Pouco depois das apresentações daquele ano, a banda deixou claro que foi apenas uma reunião pontual. Porém, em 2014 a banda se reuniu novamente para participar de outros grandes festivais europeus e americanos. Então, logo os rumores de um novo álbum começaram a vir à tona. Assim, o Refused anunciou o álbum de inéditas Freedom em 2015. Apesar de não ter o mesmo peso sonoro do clássico The Shape of Punk to Come, o material se destaca por abordar temas políticos como a violenta colonização francesa do Congo (Françafrique). Sem dúvidas, os dois últimos álbuns são fundamentais para compreender a importância do Refused para a música. Seja em aspectos musicais ou políticos. Então, convido você a apreciar essas duas pérolas do rock sueco.
Refused trabalha na trilha sonora do jogo Cyberpunk 77
