Entre ficção e fixação, James, de Renato Medeiros, ganha clipe por Alfie Dale

Ao ouvir James sentimos a influência direta dos Beatles, mais especificamente de Paul McCartney, nessa que é a única faixa em inglês do disco A Curva dos Dias, do cantor, compositor e multi-instrumentista Renato Medeiros. A canção, melancólica, sustenta ainda certa latinidade em sua sonoridade, à exemplo das percussões que ocupam o lugar da habitual bateria, tão presente no rock, somada ao violão de nylon que embala James como uma sombria canção de ninar (com destaque para os coros de vozes feitos ao lado de Lucas Gonçalves). Nessa atmosfera, a faixa ganha videoclipe dirigido por Alfie Dale. James aborda um tema difícil: a dependência. Música e clipe, portanto, evocam a sensação de entorpecimento, sereno e encantador. Aquela falsa esperança com a qual um viciado se anestesia. “O que me motiva como cineasta é o desejo de explorar e entender personagens, e, nesse sentido, James foi o projeto perfeito para mim. A música de Renato não só criou uma sensação, mas também deu vida a uma pessoa: James. Assim que ouvi a track, senti que essa pessoa estava viva. Eu queria explorá-la mais, queria saber quem ela era e o que aconteceria com ela”, explica o diretor londrino responsável pelo audiovisual mais intenso e hipnótico que complementa A Curva dos Dias. Gravado no Reino Unido, o clipe se torna cada vez mais surreal à medida que avança, e o protagonista desce mais fundo no buraco do coelho, capturando seu afastamento crescente da realidade. Quando o solo de violão começa, o clima muda e James é puxado para o espaço do purgatório, onde se depara com sua obsessão. Ali, ele pode se entregar e abraçar sua dependência, mas, ao fazer isso, se torna um prisioneiro, perdendo sua humanidade e autonomia. Tudo isso, claro, de forma “boba e absurda”, como descreve Alfie. “Sinto que o vídeo cresceu como companheiro visual e narrativo perfeito para a música, e que eles realmente se elevam mutuamente, levando-nos a algum lugar desconhecido até o final”. Alfie é um diretor que merece atenção. Atraído por filmes focados em personagens que exploram sensivelmente emoções com reviravoltas imaginativas, seu curta-metragem My Brother Is A Mermaid recebeu destaque em premiações como Iris Prize Film Festival, Norwich Film Festival, Academy Qualifying Flickerfest e The Casting Director’s Association Awards. O filme recebeu indicações em mais de 15 outros festivais qualificadores do Bafta / Academy e foi exibido em mais de 50 festivais globalmente. Alfie continua trabalhando entre produções publicitárias e videoclipes enquanto seu último curta-metragem, Crusts, está no circuito de festivais.

Livre, nova faixa de Renato Medeiros, reflete sobre a ambivalência da liberdade

Livre é a terceira canção a compor a série de lançamentos do produtor, multi-instrumentista e engenheiro de som Renato Medeiros – que já trabalhou com artistas como Jup do Bairro, Giovani Cidreira, Alice Caymmi, Apeles e Ananda Costa. A música antecede o primeiro álbum de Renato, A Curva dos Dias. A canção reflete sobre a ambivalência da liberdade. Se por um lado aborda a sensação de estar sem rumo na ausência da(s) pessoa(s) amada(s), por outro experimenta as novas possibilidades que surgem após o término dessa sensação de rompimento. A música é uma parceria com Lucas Gonçalves (Maglore) – que além de assinar a co-produção do álbum, canta a segunda metade da canção – a influência sessentista, que também caracteriza produções e obras e Lucas, remete a bandas como Beach Boys, bem como à melancolia dos anos 90 de Elliott Smith. Renato Medeiros e sua banda, composta por Cauê Benetti na guitarra e teclados, Stefan Podgorsky no baixo e Juliano Costa, com quem o artista integrou o grupo Primos Distantes, mostram, pouco a pouco, A Curva dos Dias, cujas canções foram produzidas em parceria com Lucas Gonçalves e trazem temas como amor, redenção, depressão e jogos de azar em seu motor criativo, em clima retrô sem perder de vista atualidade e autenticidade. Salve na agenda – o disco estreia neste mês.