Curta Santos define finalistas da mostra Videoclipe Caiçara 2022

O Curta Santos – Festival de Cinema de Santos definiu os dez videoclipes da região da Baixada Santista que farão parte da mostra Videoclipe Caiçara na 20ª edição do evento, que acontece entre os dias 2 e 6 de novembro de 2022. O Curta Santos contará com três mostras oficiais: além da própria Videoclipe Caiçara, também são parte da programação a mostra Olhar Caiçara (com 12 curtas-metragens da região, já divulgados anteriormente) e a mostra nacional de curtas-metragens Olhar Brasilis, que terá seus filmes anunciados nos próximos dias. Os videoclipes regionais selecionados para a categoria Videoclipe Caiçara são: “Antes de Partir” – Artista: Autêntica – 3’47Dir: Matheus Pereira e Eduardo Simões | Santos – SP “Bullying” – Artista: DETONI feat. Bó do Catarina – 3’51Dir: Guilherme Brandão | Santos – SP “Desabafo mental 2 – Escr*vo” – Artista: JOTAERRE MC – 2’11Dir: Gabriel Dias | Guarujá – SP “Ellura” – Artista: Allure Dayo – 6’25Dir: Lola Magalhãez | Santos – SP “Inevitável” – Artista: Rosana Reis – 3’24Dir: Junior Castro | São Vicente – SP “Lower levels” – Artista: Kosmovoid – 7’14Dir: Paulo Rocha / Kosmovoid | Santos – SP “Merry-go-round” – Artista: Flamingo Flat – 4’29Dir: Marina Vasconcelos | Santos – SP “Party Animal” – Artista: Carnália – 4’29Dir: Allan Catselidis | Santos – SP “Tão Longe” – Artista: Nay Cassiano – 3’02Dir: Cedric Rolemberg | Guarujá/Santos – SP “Yemanjá” – Artista: Rogério Baraquet – 4’47Dir: Rogério Baraquet | São Vicente – SP
Rosana Reis, de São Vicente, está de volta: “o rap me resgatou”

Após 11 anos longe do rap, Rosana Reis, 45, de São Vicente, voltou à ativa. Ela, que por ter vivido tantas experiências e ter enfrentado condições subumanas, coloca o dedo na ferida dos problemas sociais que permeiam a sociedade. Das antigas, a rapper pegou no mic pela primeira vez em 1993. Mas em 2008 parou de cantar e foi estudar. Entretanto, em 2020, foi incentivada a voltar para o rap e assim o fez, após terminar o curso de Psicologia no final de 2019. Coincidentemente, foi um período que ficou desempregada, devido à pandemia da covid-19. “O rap me resgatou! Fiquei sem chão. Um ano desempregada, eu poderia ter entrado em depressão. Mas escrever, me ajudou a manter o foco”. Rosana Reis A rapper quer que as pessoas reflitam sobre os problemas da sociedade ao ouvirem suas músicas. “Eu falo do que vivencio, do que vejo, das queixas das pessoas, o ambiente em que vivemos. Aqui na Rua Mecanizada, em São Vicente, onde moro, conhecida como paraíso do sétimo céu, enche muito quando chove, por exemplo. Demora cerca de três dias para esvaziar. Os ônibus não passam, as pessoas demoram para chegar ao trabalho. Enfim, são queixas da população”. Linha do tempo de Rosana Reis Rosana nasceu em São Vicente, mas devido às dificuldades, aos noves anos o pai dela a levou para Sergipe. Retornou à cidade de origem aos 15 anos, quando teve o primeiro contato com uma das vertentes do movimento hip hop: o break. “Minha mãe me levava nas matinês (bailes à tarde). Foi o primeiro contato com a cultura hip hop, por meio do break. Vi a equipe Red Crazy Crew, os caras dançando”. Rosana Reis Mais tarde, a futura rapper frequentou outro baile onde entendeu de fato o que era movimento hip hop. “Entendi que existia DJ, grafiteiros, os mc´s, dançarinos, uma cultura de fato”. Nesse período, ela conheceu pessoas da cultura e foi acompanhando eventos. Recebeu um convite do rapper Marconi no final de 1993 para fazer parte do grupo Subúrbio Negro de São Vicente. Ela topou, na época tinha 18 anos, e foi a primeira experiência enquanto rapper. Mas ela ressalta que nesse período cantava as letras do grupo, não eram delas. Em meados de 1994 começou a fazer eventos junto com o Marconi e promover nas escolas. Único sistema Rosana então em 1996 criou um grupo chamado Único Sistema, porque estava deixando o Subúrbio Negro de São Vicente. Além dela, o grupo era composto pela Alcione Marçal, Luciana, Elaine, Chocolate e Dj.Claudinha. O objetivo era ter um grupo só de mulheres. Infelizmente, a formação só fez duas apresentações e não durou um ano. Após isso, o Marconi pediu que ela voltasse para o Subúrbio Negro de São Vicente, mas Rosana não queria, porque em São Paulo havia um grupo com o mesmo nome. Então, ela aceitou cantar junto com ele, mas usando o nome Único Sistema. Eles também ficaram pouco tempo em atividade, até 1997, pois ela não queria mais cantar. DRK Rosana casou em 1998 e só retornou ao rap em 2004, com o DRK. A formação consistia no rapper Doido, ela e o DJ Koala. Em 2008, ela parou de cantar novamente, porque o grupo se encerra e após isso termina o casamento. Em 2009, ela casou novamente, volta a estudar, mas não a cantar. Entretanto, continuou a escrever, tanto que gravou algumas letras, mas sem pretensão de cantar para o público. O retorno solo de Rosana Reis No início de 2020, Rosana explicou que a artista Gabitopia a convidou para ir à Batalha do Caoz, em São Vicente. O objetivo era que Rosana se sentisse incentivada ao ver outras mulheres e meninas cantando. Outras pessoas também a incentivaram a voltar para o rap. E foi o que fez. Desde então, Rosana já foi soltando músicas e clipes, além de participar de cyphers. Ela afirma que mais um clipe está para sair, chamado Obstinação, produzido pelo Junior Castro. A artista ainda foi convidada para participar de uma parceria com um dos integrante do grupo Porcelanosos, da província de Kwanza norte, na Angola. Rosana pretende continuar com os lançamentos dessa forma, gravando e divulgando. Ela convive com um problema de saúde e afirma que tem períodos que está bem e outros que não. Assim, ela prefere lançar logo os trabalhos, sem ficar se contendo, por isso não tem planos para lançar um álbum. Equipe e aprendizados de Rosana Reis Para colocar os trabalhos na rua Rosana conta com um time importante. “O Douglas DGS é rapper e esse ano começou a fazer meus beats. O Canjão é o produtor dos beats também, o estúdio dele é o Dubarraco Produções. Ele faz a masterização e mixagem das minhas músicas. Junior Castro e G.Gomes fazem meus clipes. O Mysthério do grupo Wufologos faz meus Lyric vídeos”. Mesmo com o auxílio de todos, a rapper afirma que está tentando aprender para ser mais independente. “Esse ano também estou aprendendo a trabalhar com chroma key e a fazer beat, para conseguir ser mais independente. Apesar de gostar de trabalhar com essa equipe, tenho que ter mais autonomia e isso vem com conhecimento”. Por conta da pandemia do covid-19, Rosana afirma que o chroma key a ajuda a gravar os clipes em casa. Assim, toma os cuidados necessários para concluir os trabalhos. Somando ao RAP Rosana menciona admiração pelo duo Rap Plus Size, pela rapper M.I.A, pela Gabitopia e Preta Jô. Ela entende que toda mulher acrescenta ao rap, independente do tema ou bandeira que levanta em suas músicas. “Eu canto sobre problemas sociais, porque vivi isso. Eu tenho colegas que focam na questão do machismo, da mulher negra, e eu apoio. Se cada uma de nós ficarmos engajadas em uma luta a gente tem a acrescentar”. Rosana Reis Em relação a ser mulher no rap, Rosana desde que iniciou, lida com o machismo. Em suma, toma cuidado com quem ela faz feat, pois não aceita trabalhar com alguém que mantém essa postura. Além de não dar atenção