Crítica | Barbie

Engenharia do Cinema Desde que foi anunciado ano passado pela Warner Bros, o longa “Barbie” foi um dos mais aguardados até então, por muitas pessoas. Sendo lançado de forma inusitada nos cinemas (no mesmo dia de “Oppenheimer”, outro título muito aguardado por cinéfilos), a produção tem feito um enorme sucesso e até o encerramento desta crítica, muitas sessões seguem com ingressos esgotados na maioria dos cinemas. Com direção de Greta Gerwig, que escreveu o roteiro com seu marido Noah Baumbach (“História de Um Casamento”), temos uma narrativa totalmente original, apesar de seu escopo ser bastante clichê. Porém, o grande fator para este filme funcionar, é você comprar a mensagem satírica exercida pelo casal, em relação ao debate feminismo x machismo. Após descobrir que está começando a não ter sua rotina normal na Barbieland, Barbie (Margot Robbie) é convencida que terá de ir ao mundo real e tentar descobrir o motivo disso. Em sua jornada, ela acaba tendo a inusitada companhia de Ken (Ryan Gosling), que assim como ela, começa a perceber que a realidade não é como eles pensam. Imagem: Warner Bros Pictures (Divulgação) Em sua sequência de abertura (remetendo ao clássico “2001”) e na apresentação da Barbieland, é nítido que Gerwig não quer que levemos a sério absolutamente nada do que está sendo mostrado (uma vez que, de forma criativa, ela adapta a “rotina” de uma boneca). Tanto que a própria ainda consegue criar alguns arcos musicais realmente convincentes (e neste tipo de filme, era necessário ter isso, mas era trabalhoso colocar em prática, na hora certa). E em meio a um cenário visual bastante alegórico é diferente (sim, o design de produção está muito bem executado e tudo parece ser vários brinquedos gigantes), vemos vários nomes que compraram o clima de “brincadeira” exercido. Com uma química excelente, Gosling e Robbie facilmente conseguem ser um casal “hollywoodiano” que muitos sempre gostariam de ver, e que estão vendo agora e de forma inusitada. Com uma beleza e aparência que remete aos próprios Ken e Barbie, o teor satírico de ambos em momentos chave, são a verdadeira graça da atração (como na primeira cena de ambos, na praia). Como a lista de nomes é gigante, é justo focar que nomes como Michael Cera (Allan), Kate McKinnon (Barbie Riscada), Rhea Perlman (a misteriosa senhora Ruth) e Helen Mirren (que mesmo sendo narradora, tem ótimas tiradas), estão ótimos e nitidamente até roubam a cena brevemente.
Crítica | O Agente Oculto

Engenharia do Cinema Sendo tratado como um dos filmes mais caros na história da Netflix, junto do recente “Alerta Vermelho” (onde cada um custou cerca de US$ 200 milhões aos bolsos da plataforma), “O Agente Oculto” ainda mostra que o serviço está longe de acertar no termo “fazer um bom Blockbuster”. Digo isso com total ênfase, pois mesmo tendo uma produção estrelada por grandes nomes como Chris Evans, Ryan Gosling, Ana de Armas e com direção dos irmãos Anthony e Joe Russo, com roteiro de Christopher Markus e Stephen McFeely (quarteto responsável pelos sucedidos “Vingadores: Guerra Infinita” e “Vingadores Ultimato”), eles conseguem ficar em um mesmo círculo e não evoluírem. A história mostra o misterioso detento Seis (Gosling) que é recrutado pelo agente Fitzroy (Billy Bob Thornton), para agir como um assassino da CIA, em troca de sua liberdade. Mas isso tudo começa a ir de pernas pro ar alguns anos depois, quando a própria agência resolve extinguir o quadro e contrata o astuto Lloyd Hansen (Evans) para caçar seis. Imagem: Netflix (Divulgação) Logo nos primeiros minutos de projeção, já vemos a grande carência dos irmãos Russo ao quererem trabalhar com CGI. Em uma conversa que ocorreu há cerca de 13 anos, vemos os personagens de Gosling e Thornton conversando. Embora ambos tenham mudado o mínimo neste meio tempo, é gritante terem não só usado a técnica de rejuvenescimento digital para ambos (sendo que poderia ser feito com uma simples maquiagem), como filmaram a cena toda em 4K (cuja tecnologia não demonstra a idade dos atores, e deixam eles mais “robóticos”). Só com esta explicação, já dá para sentir tamanha produção problemática que estamos tratando (isso porque não citei que a primeira cena de Thornton com Evans, foi totalmente filmada em estúdio com o CGI porco de fundo). E não estamos falando de um filme gravado em plena pandemia como “Alerta Vermelho” (que usou até mesmo figurantes de CGI), e sim uma dupla de diretores que está operando no comodismo da indústria. Mas como não estamos falando de uma bomba por completo, confesso que o trio central está operando bem dentro de suas funções. Embora o roteiro não explore como devia os papéis de Evans (que teve seu potencial para ser mais um grande vilão em sua filmografia, jogada fora) e Armas (que parece ter saído diretamente de “007” e vir dar uns chutes por aqui). Não posso dizer que se tratam de menções honrosas, pois as participações de Wagner Moura, Jessica Henwick e Regé-Jean Page estão genéricas demais e de nada pesam ou acrescentam eles terem sido escalados para tais papéis. Enquanto Julia Butters (que interpreta Claire, sobrinha de Fitzroy) está literalmente repetindo o papel da “garota que fala verdade na cara do galã” (só trocando o Leonardo DiCaprio de “Era Uma Vez Em… Hollywood“, por Gosling). Agora, porque não podemos definir tudo isso como “um Blockbuster interessante”, já que temos várias cenas de ação e galãs como protagonistas? Primeiro, em momento algum do roteiro é criado um arco para que façamos gostar dos protagonistas ou até mesmo nos importarmos com suas motivações. Todos os obstáculos que são criados durante sua jornada, não surgem de forma natural, e são apenas jogados para fazerem cenas de ação baratas (como a fuga em Berlim). Não acaba sendo um bom filme, mas sim um conjunto de esquetes. Simples assim. “O Agente Oculto” é só mais um mero resultado de que os Irmãos Russo só sabem fazer bons filmes quando estão na Marvel, e a Netflix ainda não sabe o que é fazer um Blockbuster de verdade.
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Ouvi No Filme #19 – La La Land: Um ode ao jazz e aos grandes musicais
