Cinebiografia de Amy Winehouse, Back to Black ganha trailer

Crítica | Oppenheimer

Engenharia do Cinema Sendo um dos filmes mais aguardados por muitos neste ano, “Oppenheimer” teve sua estreia exercida de forma bastante inusitada (no mesmo dia de “Barbie”, que era aguardado por muito também). Sendo o novo filme do cineasta Christopher Nolan (“Tenet”), temos seu segundo projeto inspirado em fatos reais e envolto ao cenário da Segunda Guerra Mundial, depois do ótimo “Dunkirk“. Estrelado por seu parceiro de longa data, Cillian Murphy (que finalmente passou de coadjuvante, para protagonista dos longas daquele), e tendo vários outros nomes famosos em seu elenco como Emily Blunt, Matt Damon, Robert Downey Jr., Florence Pugh, Josh Hartnett, Jason Clarke, Kenneth Branagh, Rami Malek e muitos outros, este fator só aumenta a curiosidade de muitos. Inspirado no livro de Kai Bird e Martin Sherwin, o enredo mostra a trajetória do famoso físico J. Robert Oppenheimer (Murphy) que nos anos 40, foi convocado pelo Serviço Secreto dos EUA para auxiliar no famoso Projeto Manhattan, que se tratava da criação da famosa bomba atômica. Imagem: Universal Pictures (Divulgação) Temos aqui o longa mais político e sério na carreira de Christopher Nolan, uma vez que o próprio já se tornou um grande nome do cinema de ação (por sempre realizar suas cenas de forma prática, sem CGI basicamente). Se assemelhando e muito a clássicos como “JFK“ (de Oliver Stone), o próprio é dividido em três fases temporais. A primeira é no julgamento de Oppenheimer, quando foi acusado de enviar informações secretas para os soviéticos; A segunda é seu depoimento sobre essas acusações, para o FBI; A terceira é a retratação de sua vida, desde quando era um universitário, até quando se tornou um dos maiores nomes da física. Era necessário sim, ter uma metragem grande para retratar estes fatos (e as três horas de duração, acabam sendo justas aqui) E isso só consegue ser mais plausível, pois Murphy literalmente se entregou no papel e várias de suas camadas são divididas aqui. Vemos um homem que acreditava nos ideais militantes e pró-socialismo, afetado por decisões de sua vida, um gênio da física e um político a partir de determinado ponto da história. Sua presença no Oscar de melhor ator, é quase como certa. Com relação ao restante do gigantesco elenco, os destaques acaba realmente sendo para Emily Blunt (Kitty Oppenheimer), Matt Damon (o general Leslie Groves), Robert Downey Jr. (o filantropo Lewis Strauss), Josh Hartnett (o cientista nuclear Ernest Lawrence) e Benny Safdie (o físico Edward Teller). Todos estes são bem retratados de uma forma, que não ficarei surpreso se algum deles for indicado ao Oscar. Ciente que muitos não conhecem a história do próprio, e a atual geração possuí muitas pessoas que desconhecem bastidores da Segunda Guerra, Nolan conduz seu roteiro de forma sutil, sem ser complexo, ou seja, ele foca nos detalhes políticos (sem deixar um viés político beirando pró esquerda ou direita, uma vez que Oppenheimer era ligado a movimentos comunistas) e sociais da história, deixando a bomba atômica como um coadjuvante de luxo. Mas quando essa está aparecendo, a mixagem de som realmente é sentida de uma forma bastante impactante (por isso, optem por salas com qualidade acústica boa, não sendo necessariamente em IMAX), e a trilha sonora de Ludwig Göransson (que já trabalhou com Nolan, em “Tenet”) consegue ser um toque de classe ao focar em notas agudas de teclado e violino não só nos momentos antecedentes a este, como durante vários diálogos chaves (por isso que já adianto, será justa a vitória de ambos trabalhos no Oscar 2023). “Oppenheimer” faz jus ao que prometia, ao retratar a vida de um dos nomes mais polêmicos e enigmáticos da Segunda Guerra Mundial. Finalmente Christopher Nolan pode levar seu primeiro Oscar.
Crítica | Batem À Porta

Engenharia do Cinema Dos últimos filmes do cineasta M. Night Shyamalan (O Sexto Sentido), certamente este Batem à Porta é o que mais engana o público em relação a sua premissa. Aparentemente se tratando de um longa que relata apenas um cenário de horror, envolvendo um casal homossexual, a obra é muito mais além do que isso (inclusive, nos faz refletir sobre diversos assuntos, até mesmo bíblicos). Só que como nem tudo é às mil maravilhas (principalmente se tratando de um filme de ficção), o mesmo possui algumas ressalvas grotescas. Inspirado no livro de Paul Tremblay, a história mostra o casal Eric (Jonathan Groff) e Andrew (Ben Aldridge), que junto da filha Wen (Kristen Cui) estão passando um período em uma casa de campo isolada. Eles são surpreendidos pela presença do misterioso Leonard (Dave Bautista), que chega ao local com mais três outros estranhos, pedindo que o trio faça uma escolha que resultará no destino da humanidade. Imagem: Universal Pictures (Divulgação) O roteiro exercido pelo próprio Shyamalan com Steve Desmond e Michael Sherman, opta por dar ênfase ao cenário desenvolvido em sua premissa, deixando de lado qualquer aprofundamento dos personagens. A abordagem se dá apenas à proposta do longa. Embora o arco de Eric e Andrew seja bem rasteiro (só mostrando situações habituais de um casal homo-afetivo), existem algumas situações pelas quais o roteiro consegue trabalhar bem algumas justificativas exercidas pelo segundo (como a maneira que ele se porta em relação a assuntos delicados como agressões, preconceito e etc). Além de levantar vários cenários e discussões, que nos fazem refletir depois da saída da sessão (quem leu a Bíblia, ou conhece a mesma, conseguirá se aprofundar melhor nas referências). Com relação ao invasores, não hesito em dizer que realmente o ator Dave Bautista esbanjou um carisma tão grande em cena, que não conseguimos discernir se ele está agindo de boa ou má vontade (uma vez que ele procurou convencer com seu personagem, apenas pelo olhar diante da câmera). Acredito que seus próximos grandes papéis, virão por causa deste filme (e não por ter vivido Drax, nos filmes de Guardiões da Gálaxia). Agora se você vai ir apenas esperando ver algo relevante vindo de Rupert Grint (o eterno Rony Weasley, de Harry Potter, vivendo seu primeiro vilão nos cinemas), pode se chatear, embora ele esteja convincente. Como estamos falando de um filme de M. Night Shyamalan (que acaba cometendo gafes graves na maioria de suas produções), aqui ele peca apenas para os erros óbvios do gênero de suspense que são “machucados graves que não são sentidos”, “pessoas observando uma onda gigante vindo e ficam paradas olhando” e até mesmo “não agir fatalmente, na hora certa”. Embora muitos pensem se tratar de um suspense, Batem à Porta acaba sendo uma inesperada aula de filosofia, religião e fé. Uma boa surpresa, que poderá chatear aqueles que buscarem um filme de terror slasher.
Crítica | M3gan

Engenharia do Cinema Com um marketing começando de forma tímica ainda em meados de 2022, “M3gan” prometeu ser uma espécie de reboot de “Brinquedo Assassino“, uma vez que obviamente se tratava de uma homenagem ao clássico filme do boneco Chucky. Com produção dos novos “Pais do Horror”, James Wan (responsável por franquias como “Sobrenatural“, “Invocação do Mal” e “Jogos Mortais“) e de Jason Blum (que realiza filmes com baixo orçamento e resultam em bilheterias enormes, e aqui não é diferente, pois o filme já rendeu US$ 100 milhões mundialmente e foi orçado em apenas US$ 12 milhões), estamos falando de uma divertida produção que mescla horror e comédia, que conseguirá entreter qualquer um dos fãs de ambos os gêneros. Após perder seus pais em um acidente de carro, a jovem Cady (Violet McGraw) vai morar com sua Tia Gemma (Allison Williams), que é desenvolvedora de brinquedos para uma famosa empresa. Quando ela consegue desenvolver com sua equipe um protótipo de uma boneca chamada “M3gan“, que promete realizar várias atividades humanas e ter uma grande quantidade de interações, parece que ela é perfeita. Porém, aos poucos ela começa a mostrar uma personalidade totalmente maligna. Imagem: Universal Pictures (Divulgação) O roteiro de Akela Cooper (que foi realizado com base uma ideia do próprio James Wan), remete e muito aos filmes do próprio Chucky (inclusive o recente reboot), embora a violência seja bastante reduzida para ter uma censura plausível para a entrada de um público maior (dizem que será lançada uma versão mais pesada, nos próximos meses). Realmente isso só vai prejudicar, se você for ir assistir pensando em uma produção de horror impactante (na mesma pegada do recente “Terrifier 2“), uma vez que estamos falando de um longa relativamente leve (mas consegue ainda tirar bons sustos, até em cenas clichês). Mas diferente do recente “Órfã 2: A Origem” (que colocaram uma adulta, para ser representada como uma criança), fica quase impossível de se notar que uma menina realizou os movimentos da boneca em cena (tamanha a qualidade de atuação e mescla de CGI, nas horas certas). Só neste quesito, vemos o quão o diretor Gerard Johnstone estava focado nos pequenos detalhes que fariam a diferença no resultado final. “M3gan” consegue ser uma das primeiras e grandes produções divertidas deste ano, que deixa claro o fato de não ter precisado gastar milhões de dólares, para sair um filme divertido.
Crítica | Halloween Ends

Engenharia do Cinema Realmente chega a ser uma piada imaginar que os próprios responsáveis por “Halloween Ends“, tenham caído em contradição ao sabotar o próprio projeto do “grandioso retorno de Michael Myers”. Desenvolvida como uma continuação direta do primeiro longa (lançado em 1978), o “segundo” (lançado em 2018) foi um grande retorno triunfal de Myers e mostrou que a veterana Jamie Lee Curtis (intérprete da protagonista Laurie) ainda tinha gás para este tipo de filme. O terceiro (lançado no ano passado) apelou para o clássico slasher (com várias cenas de mortes criativas) e se passou na mesma noite que o antecessor havia acontecido. Apesar deste ter dividido os espectadores, é inegável que ele servia como ponte para este grande final. Já “Halloween Ends” acaba apelando para um enredo que se assemelha a um projeto de spin-off da franquia, cujo enredo parece que foi desarquivado pela Universal e colocado como um filme do mesmo. A história se passa quatro anos depois dos acontecimentos de “Halloween Kills”, com Laurie e sua neta Allyson (Andi Matichak) seguindo em frente depois dos acontecimentos dos longas anteriores. Com Michael Myers sendo declarado desaparecido depois do ocorrido, a situação parece se amenizar, até a primeira começar a sentir que ele está planejando voltar aos poucos. Imagem: Universal Pictures (Divulgação) Chega a ser engraçado falar sobre isso, mas este é um caso onde apesar do marketing girar em torno do grande embate final entre Myers e Laurie, o longa de David Gordon Green (que comandou os dois títulos antecessores) foca em algo totalmente aleatório que é o romance de Allyson com Corey (Rohan Campbell). Sendo apresentado apenas neste filme, o mesmo realmente transparece em cada arco que realmente ele não deveria estar aqui e não faz sentido algum ele estar na trama. Para efeito de comparação, enquanto em Kills, Myers já aparece nos primeiros minutos causando terror, o roteiro de Paul Brad Logan, Chris Bernier, Danny McBride e do próprio Green, nos coloca vendo Corey andando de moto com Allyson (acredito que inclusive, o quarteto estava na vibe de “Top Gun Maverick” para colocarem constantemente essa cena), namorando e discutindo problemas de adolescentes. Sim, realmente não há Michael Myers em boa parte deste filme. Quando o longa começa a andar (com cerca de 70 minutos de metragem já rodados), entramos em outro quesito: não há uma criatividade ou cuidado em representar as mortes. Mesmo se tratando de um filme censura 18 anos, não há muito sangue, assassinatos que nos fazem revirar na cadeira (com exceção de um, em específico, já que o anterior a este a direção literalmente optou por não mostrar), ou “melhor”, não existem quase mortes! Porém, quando chegamos na tão aguardada cena de embate final entre Laurie e Myers, o mesmo parece ter centrado no que queríamos ver e nos entrega um verdadeiro deleite ao olhos. No final das contas, “Halloween Ends” acaba sendo um verdadeiro desastre, pois estamos falando de um slasher que mais se assemelha a uma comédia romântica, com pitadas de John Hudges.
Crítica | Não, Não Olhe (Sem Spoilers)

Engenharia do Cinema Não é novidade que ao ouvirmos falar o nome do cineasta Jordan Peele, sabemos que alguma produção de qualidade está em evidência. Após os sucedidos “Corra!” (que lhe deu seu primeiro Oscar, pelo roteiro original) e “Nós“, “Não! Não Olhe!” consegue cair um pouco em contradição no termo de qualidade, afinal este é seu projeto mais fraco. Repetindo a parceria com o protagonista do primeiro, o ator Daniel Kaluuya, sentimos que ele tentou fugir um pouco de sua zona de conforto, e realizou um filme mais “fora da caixinha”. A história gira em torno dos irmãos OJ (Kaluuya) e Emerald (Keke Palmer), que após um misterioso ataque em seu sítio, começam a desconfiar que uma possível invasão alienígena está acontecendo. E para isso, a dupla começa um processo para tentar comprovar a existência dos mesmos. Imagem: Universal Pictures (Divulgação) O roteiro de Peele bebe muito dos sucedidos longas “Sinais“, “Guerra dos Mundos” e “Bird Box“, ao tentar criar esta atmosfera de suspense, diante deste cenário repleto de incertezas e confusões diante do progresso dos irmãos. Enquanto um é mais frio e turrão, a outra é mais extrapolada e intrometida, fazendo este tipo de dupla ser perfeito para o tipo de filme que estamos vendo. Isso nos faz obviamente criar uma empatia pelos mesmos, devido a naturalidade nesta retratação (já que eles demonstram ser humanos, e não artificiais como muitos outras produções do gênero fazem). Porém, aqueles que vão ao cinema procurando um simples filme sobre alienígenas, com toques de terror, vão se chatear. Digo isso com total clareza, pois Peele concebe seu roteiro com diversas situações com o intuito de refletirmos sobre alguma coisa, que será apresentada dentro daquele contexto (vide o arco do personagem de Steven Yeun, Ricky ‘Jupe’ Park). Tanto que é normal querer ver o título mais uma vez, para entender por completo estas pontas soltas. Isso sem citar que Peele consegue tirar um ótimo proveito da tecnologia IMAX, pelos quais com o auxílio da fotografia de Hoyte Van Hoytema (que foi responsável pela função em “Tenet“, “Interestelar” e “Dunkirk“) e a mixagem de som, acabamos emergindo demais nas cenas de ação (lembrando que estamos falando de um filme que se passa em uma pequena cidade no meio do campo). “Não! Não Olhe!” possui uma grande qualidade técnica, mas com relação ao roteiro consegue ser um dos mais fracos trabalhos de Jordan Peele. Entretém, mas não chega a inovar como seus projetos antecessores.
Crítica | Jurassic World: Domínio

Engenharia do Cinema Certamente este foi um dos projetos mais aguardados há tempos, pois trata-se do “desfecho” (digo assim, pois provavelmente vão haver mais filmes ou até mesmo séries da franquia) de “Jurassic Park“/”Jurassic World“. Programado para chegar aos cinemas no último ano, o projeto foi um dos que mais sofreram por conta da pandemia (inclusive, os sets foram fotografados totalmente desertos durante o lockdown), inclusive serviu como inspiração para o recente “A Bolha“. A história se passa quatro anos depois do desfecho do último longa, com os dinossauros vivendo com os humanos no mundo todo. Neste cenário caótico e inusitado, Owen (Chris Pratt) e Claire (Bryce Dallas Howard), vivem em uma cabana isolada da grande cidade e escondem a existência de Maise (Isabella Sermon). Ao mesmo tempo, os renomados cientistas Ellie Sattler (Laura Dern), Alan Grant (Sam Neill) e Ian Malcolm (Jeff Goldblum), se reúnem mais uma vez após vários anos, para investigar o que realmente está acontecendo neste cenário todo. Embora a narrativa homenageie o clássico dos anos 90, já que em todo momento possível o roteiro de Emily Carmichael e Colin Trevorrow (que também assina a direção) procura criar uma atmosfera de ação e suspense. Isso consegue captar a atenção do espectador e fazer o mesmo se assemelhar com o estilo de produção estabelecido por Steven Spielberg, nos primeiros dois títulos da franquia. Há dinossauros, cenário caótico e várias possibilidades que poderiam ser feitas, criadas (algo que não conseguiram fazer na recente franquia de “Godzilla“, por exemplo). Isso sem citar que os efeitos visuais são muito bem conduzidos (com exceção de uma tomada envolvendo Howard, que parece ter sido feita nas costas e não casa com nada que estava sendo visto). Imagem: Universal Pictures (Divulgação) Só que como nem tudo é às mil maravilhas, o texto acaba deixando um pouco de lado o escopo do cientista Lewis Dodgson (Campbell Scott), que acaba sendo mais um vilão genérico mostrado de forma totalmente descartável. O mesmo pode-se dizer da construção do arco final, que mais parece se preocupar em estabelecer uma atmosfera para uma amplitude da franquia, do que para um encerramento. Agora, ele acerta ao conduzir as subtramas dos personagens protagonistas, pois há momentos chaves para todos eles brilharem e terem sua importância (o mesmo pode ser dito das curtas aparições de Omar Sy e Justice Smith, que acabam fazendo sentido serem implementadas). Mesmo sendo glorificante vermos novamente Dern, Neill e Goldblum juntos depois de quase 30 anos, o filme acaba deixando mais uma porta aberta para eles voltarem, ao invés de explorar ainda mais este reencontro. “Jurassic World: Domínio” certamente consegue entreter dentro de sua proposta, e se destaca por ser um entretenimento pipoca com diversas cenas de ação divertidas.
Crítica | Belfast

Engenharia do Cinema O cineasta Kenneth Branagh é um dos mais respeitados da indústria, por ser um dos poucos que conseguem adaptar ao pé da letra as obras de William Shakespeare. No intervalo de tempo quando não está adaptando obras do Detetive Hercule Pirot ou atuando em filmes de Christopher Nolan, ele resolveu fazer este “Belfast“, uma produção totalmente inspirada em sua infância, que foi na cidade de Belfast, na Irlanda do Norte, durante os anos 60. A história é centrada em Buddy (Jude Hill), que mora com sua família na cidade citada. Acompanhamos por sua perspectiva diversos conflitos políticos e sociais, ao mesmo tempo que ele começa a ter uma paixão enorme pelo cinema e uma colega de escola. Imagem: Universal Pictures (Divulgação) Realmente este é o filme mais pessoal da filmografia de Branagh, que despeja todo seu sentimento em cima da interpretação de Hill (que se assemelha como uma espécie de versão infantil do próprio). Com os enquadramentos quase sempre sendo feitos de baixo para cima, assim como algumas cenas de tensão quando Buddy observa a movimentação (inclusive, dá pra sentir que no fundo o mesmo se sente seguro de suas atitudes, só pela transposição da câmera), facilmente nós somos colocados no olhar do garoto. Porém, assim como o recente “Roma” (que foi inspirado na infância do próprio cineasta Alfonso Cuarón, mas na perspectiva de sua empregada doméstica) também temos uma narrativa com poucos diálogos e mais enfoque na narrativa com uma fotografia em preto e branco (só que com menos momentos sutis e belos, como na obra de Cuarón). Realmente não consigo dizer se há uma atuação ou momento marcante, pois isso não ocorre (tanto que as indicações ao Oscar de Judi Dench e Ciarán Hinds, não foram merecidas). Já que o único ator que realmente consegue convencer o espectador a embarcar na jornada, é o próprio Jude Hill. “Belfast” acaba sendo um ótimo trabalho para o cineasta Kenneth Branagh ver com seus amigos e familiares, e recordar sua infância. Já para o público, acaba sendo o “primo de terceiro grau” do sucedido “Roma”.
Crítica | Case Comigo

Engenharia do Cinema Realmente não me recordo a última vez que os cinemas abriram espaço para comédias românticas água com açúcar, pois este estilo está cada vez mais ficando restrito para serviços de streaming. “Case Comigo” é claramente uma mistura dos sucessos “Um Lugar Chamado Notting Hill” e “Letra e Música“, onde temos o mundo da música regado com muito romance e cenas divertidas. Realmente nos últimos anos, a então atriz Jennifer Lopez tem sabido escolher bem seus projetos (“As Golpistas” está aí para exemplificar). Baseado na Grapic Novel de Bobby Crosby, o filme ela interpreta Kat, uma sucedida cantora que está prestes a se casar com Bastian (Maluma). Porém minutos antes dela subir ao altar, descobre que este lhe traiu e por uma atitude de impulso acaba pedindo em casamento o desconhecido Charlie (Owen Wilson), que estava no meio da plateia assistindo ao seu show/casamento. Porém, à medida que os dias passam, eles reparam que a vida não é como eles imaginavam. Imagem: Universal Pictures (Divulgação) A diretora Kat Coiro (que está dirigido a minissérie “She-Hulk”, da Marvel) realmente sabe os grandes nomes da música que ela possui em mãos em seu projeto e por isso, ela consegue encaixar muito bem a dosagem entre os arcos que intercalam Lopez, Maluma e Wilson. Enquanto os dois primeiros conseguem expor seu talento musical em várias cenas (inclusive, a trilha sonora deste filme é excelente), o terceiro entra com a tonalidade mais cômica e dramática. E isso funciona, pois ele possui uma química com Lopez e convence como o “tiozão no meio da nova geração”. O mesmo pode-se dizer de Sarah Silverman (que estava sumida de grandes papéis em filmes), que vive a melhor amiga de Wilson e um divertido “alívio cômico” no meio de tudo. Porém como estamos falando de um filme romântico clichê, o roteiro tenta usufruir das situações mais imbecis para terminar a história. Tudo ocorre com um simples “porque sim”, “porque eu quero” e até mesmo “não tô mais afim”. Tendo em vista o que já estava sendo apresentado, os últimos 20 minutos possuem duas tramas paralelas, sendo que uma delas é forçada totalmente. Mesmo com seus clichês, “Case Comigo” era o filme de romance que o cinema estava carente há anos e ainda somos contemplados com uma ótima trilha sonora de Jennifer Lopez.