Crítica | Mansão Mal Assombrada (2023)

Engenharia do Cinema Em uma onda de falta de criatividade e de tomar novas iniciativas, a Walt Disney Pictures resolveu realizar este reboot de “Mansão Mal Assombrada”, cujo original estrelado por Eddie Murphy, foi lançado em 2003, nos cinemas. Embora tenha sido um enorme fracasso (custou US$ 90 milhões e rendeu cerca de US$ 180 milhões, mundialmente), foi o suficiente para se pagar, mas ao contrário deste, o novo não está tendo sorte (uma vez que estrearam o próprio justamente na semana posterior aos sucedidos “Barbie” e “Oppenheimer”, e em meio a uma greve dos atores em Hollywood), pois custou US$ 150 milhões e ainda está na faixa dos US$ 40 milhões, mundialmente. Mas desde o princípio, o estúdio também vendia a produção como uma espécie de “reboot mais sério” e com mais referências a atração da Disneylandia (que serviu de inspiração para ambos filmes). Contando com vários nomes de peso como LaKeith Stanfield, Rosario Dawson, Owen Wilson, Danny DeVito, Jamie Lee Curtis e Jared Leto, temos mais um caso de projeto que se salva por conta do talento dos próprios, ao invés do quesito técnico.  Depois de presenciar assombrações em sua casa nova, uma mãe solteira (Dawson) contrata Ben (LaKeith Stanfield) para investigar tais aparições. Porém, para tal feito ele também contará com a ajuda do Padre Kent (Wilson), a médium Harriet (Tiffany Haddish) e o atrapalhado professor Bruce (DeVito). Imagem: Walt Disney Pictures (Divulgação) Se fosse depender dos primeiros 20 minutos, facilmente já teria desistido de ver esta produção se fosse em streaming. Com vários erros grotescos de filmagem, enquadramentos horrendos (com direito a câmera balançando demais e atores com um foco forçado), montagem muito problemática (não conseguimos criar uma afeição por ninguém) e enredo central sendo apresentado às pressas, ficou nítido que este projeto enfrentou problemas na sua pós-produção. Quando finalmente a produção começa a engrenar, vemos que o diretor Justin Simien (“Cara Gente Branca”) comete menos erros do que vimos no primeiro ato, e a situação fica plausível de se acompanhar. É quando o roteiro problemático de Katie Dippold (do fracassado reboot feminino de “Caça-Fantasmas“, e aqui tenta fazer um primo pobre deste), nos apresenta os arcos mais clichês, ridículos e jogados de forma gratuita (tanto que muitas decisões, não fazem sentido). Nessas horas, percebemos o quão os nomes envolvidos na frente das câmeras são competentes. Sim, Danny DeVito é de longe a melhor coisa desta produção, e literalmente rouba a cena com piadas geniais e sua naturalidade tremenda, assim como LaKeith Stanfield demonstra ter uma ótima carga dramática, que consegue até salvar seu arco neste trabalho.   O mesmo não se pode dizer de nomes como Rosario Dawson, Jamie Lee Curtis e Jared Leto (que interpreta o vilão, o fantasma Crump, em uma analogia pobre e canastrona ao próprio Donald Trump), que não tinham o que fazer, por conta do material ruim nas mãos. Sim, o longa realmente se salva por conta dos dois nomes citados anteriormente. O reboot de “Mansão Mal Assombrada” poderia ter sido melhor, se tivessem contratado nomes tão bons para trás das câmeras, e não só na frente delas.

Crítica | Abracadabra 2

Engenharia do Cinema Em meio a uma época onde vários filmes dos anos 80 e 90, vem ganhando continuações, alguns projetos foram solicitados pelos fãs durante anos. O que é o caso deste “Abracadabra 2“, que desde 1993 vem se cogitando de ser feito. Anunciado em 2020, o mesmo contou com o retorno das atrizes Bette Midler, Sarah Jessica Parker e Kathy Najimy como as bruxas Winifred, Sarah e Mary. Tirando elas, o ator Doug Jones (interprete do zumbi Billy Butcherson) e o roteirista/produtor David Kirschner, quase mais ninguém retornou e temos uma equipe totalmente nova e a direção de Anne Fletcher (que não vinha apresentando boas comédias desde “A Proposta“). Sim, estamos falando de mais uma bomba realizada pela Disney. A história é quase igual a do primeiro filme, com as adolescentes Becca (Whitney Peak) e Izzy (Belissa Escobedo) acidentalmente ressuscitando o trio de bruxas Winifred, Sarah e Mary, na noite de Halloween. Quando elas voltam mais uma vez para o nosso mundo, a dupla tenta descobrir um jeito de mandar estas de volta. Imagem: Walt Disney Pictures (Divulgação) É um fato que o primeiro longa nunca foi uma obra-prima, mas devido ao fato de ter sido lançado na era de ouro do cinema live-action da Disney (que foi durante os anos 90/2000), criou uma longa quantidade de fãs. Para conceber este projeto, parece que a roteirista Jen D’Angelo apenas pensou “vamos colocar o que funcionou no primeiro, atualizaremos com algumas questões sociais e fará sucesso!”. Porém, isso acaba sendo jogado de maneira tão rasa e precária, que quando estamos na metade da exibição só pensamos “onde eles querem chegar com isso?”. E assim como na série da “Mulher-Hulk” e no recente “Pinóquio“, este longa apela por colocar todos os personagens masculinos como idiotas ou vilões (inclusive, há uma cena constrangedora com Becca dando uma lição de moral, de forma repentina e sem sentido, no namorado de Cassie, Mike), e alguns deles que poderiam ter tido uma maior importância, ficam até esquecidos na fila do pão. Como é o caso de Gilbert (Sam Richardson, totalmente desperdiçado). Isso sem citar que o enredo apela para piadas e situações bastante clichês, de personagens que surgem em uma sociedade diferente e tem um enorme conflito. Como vivemos em uma época onde as pessoas não aceitam nem uma crítica negativa de uma série, as piadas se resumem a comer maquiagens e sumir com maçãs doces (estou falando sério). E chega a ser triste, pois durante os anos 80/90, Bette Midler, Sarah Jessica Parker e Kathy Najimy eram estrelas neste gênero cômico/aventura, e aqui elas ficam como figurantes e até mesmo elas não são sequer parecem as verdadeiras protagonistas.    “Abracadabra 2” mostra que realmente a Disney está com uma incrível habilidade de conseguir destruir seus próprios filmes, com êxito. Infelizmente