Crítica | Operação Cerveja

Engenharia do Cinema Quem acompanha o Engenharia do Cinema há certo tempo, sabe que sempre cito que o ator Zac Efron consegue se aventurar nos filmes mais aleatórios e até mesmo divertidos. Embora ele erre algumas vezes (vide “Chamas da Vingança“), algumas vezes ele mira no gol lindamente, como é o caso desse “Operação Cerveja”. Dirigido por Peter Farrelly (que levou o Oscar por “Green Book“), estamos falando mais uma comédia do mesmo baseada em fatos reais e que certamente merece ser conferida mais de uma vez.    A história tem início com o jovem Chickie Donohue (Efron), que realmente não tem um rumo concreto em sua vida e vê vários de seus amigos de infância/adolescência morrerem em plena Guerra do Vietnã. Mas em uma conversa aleatória com alguns deles, ele tem a “brilhante” ideia de ir levar uma cerveja para os mesmos que estão lutando, em pleno campo de batalha.    Imagem: Apple TV+/Skydance (Divulgação) Este é o típico caso de uma história que fala sobre “até onde você iria por uma amizade”, e inclusive é um assunto que não tem sido bem retratado na indústria ultimamente (já que as últimas tramas procuram apenas fortalecer o ego dos personagens e não das pessoas em sua comunidade). E como Farrelly entende bem do assunto, com os roteiristas Brian Hayes Currie e Pete Jones, ele primeiro faz nós criarmos uma semelhança com Chuck, antes de colocar o mesmo em um cenário caótico da guerra.     Por mais que Efron tenha carisma para este tipo de personagem (vide os dois “Vizinhos“), o mérito aqui é em grande maioria para o próprio roteiro que procura plantar algumas sementes, para mais lá na frente sentirmos o mesmo impacto que o próprio no avanço de sua história. Seja uma fala aleatória com o jornalista Coates (Russell Crowe, em papel pequeno, mas muito bom) ou encontros com o vietnamita Oklahoma (Kevin K. Tran). O único devaneio do próprio roteiro, é que faltou transpor o medo e suspense que o cenário de guerra realmente é. Tudo parece ser muito fácil e até mesmo Chuck se salva de situações simples demais, vide um cenário de guerra (embora existam duas cenas que Farrelly tentou criar uma tensão, mas não obteve êxito).     “Operação Cerveja” acaba sendo mais um excelente título da Apple TV+, que deixa nítido que cada vez mais a mesma está investindo em títulos com qualidade, ao invés de quantidade.

Crítica | Chamas da Vingança (2022)

Engenharia do Cinema Sabe quando nós pegamos um filme que gostamos bastante, e resolvemos apenas selecionar algumas cenas (como se fossem esquetes) para rever? Foi essa a sensação que tive ao conferir este remake “Chamas da Vingança“, que realmente se parece ter sido feito por esta situação pela Blumhouse e a Universal Pictures. Inspirado na obra de Stephen King (“It – A Coisa”), certamente vemos mais um notório caso de que pegaram apenas a ideia do livro, e distinguiram apenas com os “melhores momentos” do mesmo. A história gira em torno de Charlie McGee (Ryan Kiera Armstrong), que começa a perceber que possui poderes paranormais, ao soltar fogo em situações esporádicas ou quando sente medo. Só que ela não imaginava que seu Pai, Andy (Zac Efron) foi cobaia de uma companhia que estudava poderes paranormais em seres humanos. O que fará a dupla ter de fugir da organização, quando esta descobre que ambos ainda estão vivos. Imagem: Ken Woroner/Universal Pictures (Divulgação) Realmente este filme possui vários problemas, que os fazem ser ruim em diversos aspectos. Seja pela porca edição, que não se deu ao trabalho de explorar a fluidez de algumas cenas (inclusive o diretor Keith Thomas não é bom, pois ele constantemente apelava em focar na cara dos atores para “tirar” olhares dramáticos), ou até mesmo a trilha sonora mal executada de John Carpenter (que chegou a dirigir uma boa parte da produção dos anos 80, mas largou o trabalho por divergências criativas), que executa melodias pobres e clichês para as cenas chave (inclusive, ele deve ter topado apenas por conta do cachê).    Isso porque não entrei ainda no mérito dos efeitos visuais, cujas tomadas envolvendo alguns personagens pegando fogo, são nítidas que eles estavam usando uma roupa especial para este intuito (já que eles não se movem, e ficam apenas sempre fazendo o mesmo movimento). Com uma atenção breve, é nítido que quaisquer espectadores notaram isso. Pior, que a atriz mirim Ryan Kiera Armstrong tenta se esforçar (e realmente ela manda bem) mesmo ciente que ela não tinha um material bom em mãos.     Afinal de contas, o roteiro de Scott Teems não se preocupa em detalhar ou até mesmo criar atmosferas para termos empatia com Charlie e Andy. E isso faz com que quaisquer chances de possíveis arcos de suspense, sejam jogados no lixo. Isso sem citar, que às vezes Efron parece uma versão imbecil do Professor Xavier (não estou brincando), combatendo um vilão (Michael Greyeyes) que parece ter saído de uma novela mexicana ou até mesmo da icônica novela da Record, “Os Mutantes”. Em seu desfecho, “Chamas da Vingança” mostra que a protagonista deveria ter tacado fogo no próprio filme, de tão vergonhosa que se torna esta produção.