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Crítica | O Preço da Verdade

Se você morasse em uma cidade na qual a principal fonte de emprego fosse uma gigante da indústria química, mas soubesse que eles envenenavam sua água e o ar, o que você faria? O filme O Preço da Verdade conta a história de um advogado que tenta processar a Dupont, empresa química, após ser procurado por um fazendeiro, cujo gado misteriosamente morre.

É de se vangloriar quando a tradução do título é alterada para melhor. Aqui, Dark Waters (Águas Negras em Português) deu lugar para O Preço da Verdade. O nome é perfeito para o assunto e abordagem.

Distribuído pela Paris Filmes, o longa é cativante. Ainda mais para nós, brasileiros, sem conhecimento (ou pouco) sobre o caso. Porém, não é qualquer um que consegue lidar com o fato sem ter aquele embrulho no estômago.

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O fazendeiro Tennant (nome do caso, inclusive) mostra vídeos e fotos que tirou de seu gado com arcada dentária preta e lesões no corpo. Isso sem falar no comportamento agressivo dos animais à Robert Bilott (Mark Ruffalo), que comprova sua teoria.

As imagens chegam a ser explícitas ao mostrarem cenas reais dos animais. Em suma, não tinha como não acreditar no pobre fazendeiro.

A atuação de Mark Ruffalo

Pessoalmente envolvido com ativismos, Mark Ruffalo é também o produtor de O Preço da Verdade. Mas ele não está aqui só porque gostou da história. Dá para ver o motivo de ter três indicações ao Oscar em seu currículo.

Aqui, ele interpreta perfeitamente um advogado quieto e introspectivo. É percebível quando tenta se expressar, mas não consegue. Ou quando mostra que mesmo sem conseguir resolver o caso, absorve toda a dor das pessoas atingidas pelo veneno.

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Outros destaques

Anne Hathaway, outra vencedora do Oscar, passa mais da metade do tempo em cena de forma discreta. Apenas como uma mera coadjuvante. Explica-se: está ali como a esposa do advogado, em uma época sem voz ativa para as mulheres. Mas, no final do filme, quando ela tem mais tempo para falar, mostra suas credenciais.

Outro vencedor do carecão dourado que brilha em cena é Tim Robbins (Sobre Meninos e Lobos e Em Busca da Liberdade). Aqui, ele interpreta um dos sócios e chefes de Bilott.

Visual e técnica de O Preço da Verdade

O Preço da Verdade traz uma fotografia escura, com tons cinzas e árvores sem folhas, dando um ar de cidade poluída. Aqui, no caso, envenenada.

O longa parece ter sido inicialmente idealizado como documentário. Isso pode ser percebido pela narrativa, escritas na tela explicando tempo e local, além das aparições de personagens reais.

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Mas o suspense ainda paira devido aos planos longos sempre que o advogado faz algo, dando ar de perseguição e possível assassinato do personagem. Ademais, tudo concretizado graças a atuação de Mark Ruffalo.

Além de planos longos, há cenas em que os cortes são rápidos com closes nos rostos, artifício usado para demonstrar a imposição das perguntas. Como na cena em que Robert pressiona o presidente da Dupont.

Outro fator interessante é a demonstração de avanço temporal muito bem construída. Em resumo, figurino, corte de cabelo, carro e cidade são gradualmente modernizados, para demonstrar a demora na conclusão do caso.

Com atuações dignas de premiações e uma história que choca do início ao fim, O Preço da Verdade é um dos melhores filmes da temporada.

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