A sequência de filmes do John Wick abriu uma espécie de vertente no gênero de ação. Obras com muita ação, tiro e porradas em excesso, sempre mostrando o máximo de realismo possível em uma briga. E de centenas de produções originais, a Netflix não tinha realizado nada parecido.
O sucesso parecia vir com Operação Fronteira, longa protagonizado por Ben Affleck, mas falhou. Então, a gigante do streaming investiu fortemente em Resgate. O filme é produzido pelos irmãos Russo (responsáveis pelo sucesso da Marvel no cinema), sendo que Joe assina o roteiro. Ainda conta com o Chris Hemsworth, o famoso Thor.
Sobre o filme
Tyler Rake é um mercenário contratado para resgatar o filho do maior traficante da Índia, sequestrado pelo chefão de Bangladesh. Após resgatar o menino, Tyler percebe que foi enganado e que está sendo perseguido tanto pelos sequestradores quanto por quem o contratou.
Com a polícia comprada, recompensa por vossas cabeças e cidade cercada, o personagem de Chris Hemsworth passa por grandes perigos. Tendo que rever seus planos para colocar a sua vida e a do menino Ovi em segurança.
Momentos marcantes
Para quem gosta de ação, Resgate é um prato cheio. Como de praxe em filmes do gênero, o roteiro é simples. Mas a história convence, pois o que o importa mesmo é a pancadaria. E ela é frenética, de tirar o fôlego e com incríveis momentos de luta. Sendo seu foco em uma perseguição entre as trupes dos traficantes rivais, a polícia e caçadores de recompensas contra Tyler . São aproximadamente 12 minutos com muita luta, tiros, carros, escadas e invasão domiciliar.
Esse momento em si é um grande plano-sequência, no melhor estilo John Wick. O diretor Sam Hargrave, que foi coordenador dos dublês nos filmes dos Irmãos Russo na Marvel, utilizou o mínimo de cortes possíveis para dar esse ar de briga generalizada e perseguição constante.
Mas tudo teria sido em vão se não houvesse um ator digno para interpretar Tylr. Ao contrário de Keanu Reeves no já citado filme, Hemsworth traz um mercenário imbatível com milhões de fragilidades. Aqui, o protagonista sente, sangra, manca e quase morre. Uma excelente atuação de Chris e seus dublês.
Outro grande acerto do filme é tornar as crianças a maior fragilidade do anti-herói. Já com problemas envolvendo seu filho no passado, Tyler desenvolve uma forte amizade com Ovi. Passa a proteger, dar conselhos, contar histórias ou seja ser um pai para o menino no meio daquele caos. E para piorar, o traficante de Bangladesh usa crianças em seu “exército” e que deixa Tyler confuso, sem saber como confronta-las.
Filmado quase todo em Bangladesh, o diretor se preocupa em garantir a representatividade local em Resgate, colocando diversos atores do país no elenco. Isso rende muitas falas em híndi e enriquece bem mais o filme.
O que o torna imperfeito
Por mais que seja uma história convincente e uma narrativa bem feita, mercenário sendo pago para resgatar sequestrado tem de monte por aí. Mas não é nada que comprometa o produto final, pois, ao contrário dos que têm a mesma história, a violência é explicita e bem realizada.
O maior defeito de resgate fica em deixar Bangladesh totalmente amarela. Essa prática é sempre recorrente em Hollywood quando retratam o México ou países do terceiro mundo. Ao colocar esse “filtro amarelo”, passa a ideia de que os países retratados são mais sujos e calorentos do que os do primeiro mundo. Um baita erro da produção que ia tão bem em fidelizar a região.
Final e futura sequência (COM SPOILER)
O final de Resgate deixa uma pulga atrás do orelha, já que Tyler Rake pode – ou não – ter sobrevivido. Quando Ovi volta à vida normal, o garoto é observado por uma figura semelhante a de Rake. E cabe a interpretação de cada um sobre quem era.
Segundo a Forbes, a Netflix pretende contar com Chris e Sam para uma sequência. criando, assim, uma franquia. Isso pode tornar Tyler Rake o John Wick do streaming.
Resgate está disponível na Netflix.