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Falando Série - Lucas Krempel

Paciência para decifrar esse “Dilema”, a aposta da Netflix

*Se você é uma pessoa que acredita que nada na vida acontece por acaso, então você vai gostar de Anne Montgomery. Ela é uma ambiciosa investidora de capital de risco interpretada pela atriz Renée Zellweger, na série Dilema (What/IF), da Netflix.

A eterna Bridget Jones esconde muitos segredos – um deles aconteceu na sua juventude – e é famosa em explorara fraqueza dos outros em benefício próprio, cheia de propósitos.

Na série, primeiramente conhecemos a cientista de biotecnologia Lisa Ruiz-Donovan (Jane Levy), que está atrás de um sócio para patrocinar a sua startup (uma pequena empresa com uma ideia inovadora) de soluções médicas, a Emigen, e salvá-la da falência.

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Lisa é recém-casada com o paramédico e futuro candidato a bombeiro Sean Donovan (Blake Jenner). Após a morte da irmã, por leucemia linfoblástica aguda, Lisa passou a dedicar sua vida à busca da cura.

Por meio dessa causa, Lisa desenvolveu uma pesquisa que “conserta” o erro no DNA para que as empresas farmacêuticas aprimorem seus medicamentos.

Referência noventista

Depois de receber muitas recusas, meio que “sem querer” ela recebe uma proposta de US$ 80 milhões da misteriosa Anne. A oferta é ousada e conhecida do público que assistiu ao longa Proposta Indecente (1993). Para investir na empresa de Lisa, Anne quer passar uma noite com o marido dela. Os próprios personagens admitem no primeiro episódio que “essa ideia foi arrancada de um filme barato dos anos 1990”.

Mas, ao contrário do longa, a série já deixa claro, pelo menos pra mim, que o objetivo de Anne não era dormir com Sean, mas a dúvida fica no ar.

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Juntos, Lisa e Sean acabam aceitando a oferta. No contrato, Anne coloca uma cláusula que os impede de falar sobre a noite misteriosa e caso Sean abra o bico, eles perdem a Emigen. A decisão é tomada na base da confiança. Lisa acredita que Sean jamais a trairia, mas acaba aceitando trocar o marido pelo investimento na sua empresa.

Louco isso, não? Essa decisão, que parece simples, faz com que Lisa se arrependa do acordo e perceba todo o caos à sua volta depois dessa noite fatídica.

Ética e moralidade em cheque

Conceitos éticos e morais são bem explorados na trama. Eu diria que o tempo todo. Conjecturas também. Anne já começa com o piloto discursando sobre as algemas criadas pela sociedade que nos limita, como amor, casamento, filhos e imposição da falsa moralidade alheia. Defende que tudo é conquistado com muito sacrifício, independentemente da sorte, do acaso ou do destino.

À medida em que avançamos nos episódios, surgem os fantasmas e mistérios que rondam Anne. E aí o jogo começa. Lisa passa a confrontar, agora, sua sócia, que a desafia a desistir (a todo custo) do seu relacionamento em troca de sucesso. Para Anne, ser bem sucedido exige estar disposto a fazer escolhas difíceis, aceitar o desagradável e arriscar o valioso.

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A história vira um jogo de manipulação mútuo entre os protagonistas. Quando as pessoas sensatas começam a ter atitudes e escolhas ruins, uma série de consequências perigosas surge em cada episódio. Mas o efeito-dominó abrange todas as histórias paralelas com os outros personagens da primeira temporada. Traição, recomeços, jogos e segredos, chantagem emocional, arrependimentos, fé e amor são alguns dos temas e conflitos abordados.

Indicado para fãs de Revenge

Para quem gosta de uma série dramática com uma pitada de suspense, Dilema tem boas doses do gênero. Antes de chegar na metade da temporada, identifiquei a semelhança com a série Revenge, que terminou em 2015. E não foi à toa: essas duas histórias são assinadas pelo mesmo roteirista e diretor, Mike Kelley.

Dilema chegou em 24 de maio e pode ser muito bem maratonada em um dia pra quem tiver tempo. A série tem dez episódios com duração de quase 50 minutos cada. Vale ressaltar que Dilema é uma produção antológica, ou seja, a trama se encerra na mesma temporada.

A Netflix não confirmou uma segunda temporada, mas de acordo com a streaming, cada temporada vai enfrentar um conto de moralidade diferente. Já é um indício de que podemos aguardar o que vem por aí.

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Tá disposto a pagar o preço, conferir essa história que coloca todos personagens em uma encruzilhada moral e ver se concorda com Anne e Lisa, que deixam claro em momentos distintos da série que “a confiança é a coisa mais perigosa que você pode dar”? Desvende esse dilema!

*Texto por Lutti Afonso

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