A estreia do longa-metragem A Fera na Selva, que chega aos cinemas nesta quinta-feira (17), vem cercada de muita expectativa por conta da parceria entre Paulo Betti e Eliane Giardini. Na última terça-feira (15), Betti veio a Santos para uma pré-estreia especial no Cine Roxy.
Livre adaptação da obra do escritor americano Henry James, escrita no século 20, o filme conta uma história de amor incompreendida, onde se acompanha um homem que vive de olho no futuro e passa a vida esperando por um acontecimento sem conseguir enxergar os sinais de algo que poderia realmente ter transformado sua vida, mas que acabou ficando em segundo plano, como uma fera à espreita na selva.
Betti faz par com Eliane Giardini, sua ex-mulher. Eles interpretam João e Maria, que vivem uma vida inteira juntos. Ele é professor de português, ela de literatura inglesa. João é atormentado pela obsessão que uma coisa extraordinária vai acontecer em sua vida. Maria aceita esperar com ele A Fera na Selva, que um dia chegará avassaladora.
Parceria duradoura
A dupla encenou o mesmo texto no teatro, no início dos anos 90, quando Betti recebeu o Prêmio Shell de melhor ator pelo trabalho.
“Foi Eliane que teve a ideia do texto para o teatro e, um dia, indo de carro para Angra (dos Reis), repassando o texto enquanto víamos a paisagem, pensamos que poderia virar um filme”, conta Betti, que conseguiu concretizar a ideia e divide a direção com Lauro Escorel e Eliane. Ele também assina o roteiro com Eliane, além de Luís Artur Nunes e Rafael Romão.
No elenco ainda estão Juliana Betti, Janice Vieira, Cristina Labronici, Ademir Feliziani e Mário Pérsico. O narrador da história é o ator José Mayer.
A produção, filmada no Interior, integrou a seleção oficial do 3º Santos Film Fest – Festival Internacional de Filmes de Santos, em 2018, na mostra competitiva, e foi selecionado para o 45º Festival de Cinema de Gramado (RS), a 41ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo (SP) e para o 24º Festival de Cinema de Vitória (ES).
Forte ligação com Santos
O ator diz estar muito feliz em lançar o filme em Santos e conversar como público. “Tenho uma ligação muito forte com a Cidade, pois dos três mestres que tive na profissão, dois são daqui”, afirma Betti, ao se referir ao dramaturgo e diretor santista Carlos Alberto Sofredini, que foi professor em um curso de teatro, em Sorocaba, cidade onde foi criado.
“Santos era referência no teatro amador dos anos 1970 e ele virou meu mestre. Até hoje, ouço o que é meu mantra na voz dele ‘Não se poupe’”, conta.
Outro artista santista importante na vida de Betti foi o cineasta Clóvis Bueno, com quem dirigiu o filme Cafundó, de 2005, a quatro mãos.
Educativo
Por ser um projeto com financiamento vindo de incentivo à cultura, a produção do filme optou, como contrapartida, fazer uma grande ação educativa. Durante a gravação do longa, os cerca de 600 figurantes participantes leram o livro e o roteiro. Eles também promoveram workshops com debates depois da exibição de filmes clássicos baseados em Henry James.
Em uma das sessões, depois de assistir ao filme Limite, um menino de 12 anos pediu a palavra no debate. Ele deu como sugestão a mudança do final de A Fera na Selva. A sugestão foi acatada. Depois do filme pronto, a ação educativa continua por meio da internet.
“As pessoas leem o livro, se cadastram no site do projeto e recebem o roteiro adaptado. Depois, elas podem continuar o processo de adaptação literária num curso online, gratuito, comigo, Escorel, Eliane, Rafael Romão”, explica Betti. No site também é possível ouvir o livro de James na voz de Betti.