Quando a diretora Lana Wilson embarcou em Miss Americana, o projeto ainda não tinha sido aprovado por Taylor Swift para lançamento. A cantora gostava da ideia de fazer um filme sobre sua vida, mas entendia o processo como uma catarse pessoal, e não necessariamente como um produto.
Lana, como boa cineasta, pegou o gancho do fim da era Reputation e fez dele um roteiro de superação. Inclusive, a diretora tirou a sorte grande em acompanhar a criação de Lover, que engatilhou seu terceiro ato perfeito.
O processo de criação foi prático, já que Taylor gravava vídeos caseiros com seu celular ao longo de toda carreira. Vídeos de backstage, gravações em estúdio e momentos caseiros criam uma linha temporal no filme, sendo todos extraídos do acervo pessoal da cantora.
Com bastante material e um bom motivo para continuar, o filme foi tomando forma. Em entrevista para a Variety, Lana conta como conheceu Taylor Swift e o início de seu trabalho juntas.
“Eu vim durante a tour [de Reputation]. Ela tinha coletado pedaços de filmagem, geralmente filmados com seu próprio celular. A Netflix nos apresentou, e nós clicamos da primeira vez que nos conhecemos”.
“Ela tinha assistido meus trabalhos anteriores, e eu admirava o trabalho dela por anos. Não só a música, mas também o fato de que ela escreveu todas as suas canções desde os 15 anos. E que ela é a força criativa por trás de toda sua carreira”.
A importância da narrativa feminina
Lana Wilson capturou a saída de Taylor de um momento bem sombrio de sua vida, acompanhando uma fase de transição importante. Mas Lana e Taylor entenderam que a necessidade do filme ia além de uma biografia.
“Em determinado momento ela disse que não gostava de documentários que eram como propaganda, e eu fiquei intrigada com isso”.
“Em meu trabalho, eu geralmente pego histórias que estão nas manchetes e trago profundidade a elas. E para mim, existem poucas coisas mais frequentemente diminuídas pelos outros do que forças criativas femininas”.
A partir disto, o filme tomou outra forma. Como duas mulheres trabalhando em indústrias dominadas por homens, Lana e Taylor compartilharam experiências e criaram um produto com uma mensagem pertinente.
“Quando comecei a filmar, foi antes dela se abrir politicamente. Mas dito isso, antes mesmo de conhecê-la, eu só imaginava quanta pressão e escrutínio ela enfrentou como uma mulher poderosa e bem sucedida”.
Com a intenção de incentivar o protagonismo feminino, Lana faz uma direção intuitiva, que humaniza Taylor Swift. A releitura sobre a vida e carreira da cantora, segundo a cineasta, trará surpresas.
“Eu quero que as pessoas se surpreendam porque Taylor Swift é alguém que todos acham que conhecem. Mas acho que se as pessoas assistirem este filme, elas vão perceber que estão assistindo um filme sobre uma artista icônica decidindo viver a vida em seus próprios termos, e também uma feminista em formação”.
A equipe de Miss Americana é composta quase-inteiramente por mulheres, com exceção do produtor Morgan Neville. A cineasta cumpriu a proposta do filme e garantiu que o mesmo se tornasse uma obra inspiradora para outras mulheres.