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Madam C.J. Walker: quatro episódios inspirados na mulher que fez história

A minissérie A Vida e História de Madam C.J. Walker, disponível na Netflix desde março, aborda os feitos de uma mulher negra em um período recente pós-abolição da escravatura nos Estados Unidos.

A produção é inspirada na vida de Sarah Breedlove, que ficou conhecida por se tornar a primeira milionária a conquistar esse status por conta própria. Tanto que ela está no Guinness Book. Toda essa conquista foi graças ao investimento que fez na área da beleza, com foco nos cabelos das mulheres negras.

E além de ressaltar a importância do cabelo para essas mulheres, na trama de quatro episódios, podemos identificar questões que estão em pautas atualmente. São exemplos: racismo, machismo, misoginia, colorismo, lesbofobia ou bifobia e até solidão da mulher negra.  

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Narrativa

A história começa em 1908, em St. Louis, nos EUA. Sarah, protagonizada por Octavia Spencer, encontra-se em uma fase muito difícil de sua vida. Ela teve que se casar aos 14 anos, engravidou cedo e sua renda vinha do serviço que fazia como lavadeira.

Devido a todas essas situações, incluindo as agressões do ex-marido, ela não tinha tempo para cuidar de si e do cabelo em especial, que começou a cair. Dessa forma, ela se sentia feia e questionava-se: se Deus não gosta do feio, por que ele me fez?

Logo, uma personagem veio para ajudá-la a enfrentar esses pensamentos: Addie Munroe (Carmen Ejogo). Ela vendia produtos para cabelo, que ajudou a restaurar o de Sarah. Nesse momento, a protagonista entendeu a importância do cabelo para a autoestima e preservação da imagem da população negra. Portanto, quis levar esse sentimento a outras mulheres.

Mudanças no enredo

O enredo muda quando Sarah fala para Addie que deseja ser uma das vendedoras de seus produtos. Em resposta, escuta um belo “não”, justificando que Sarah não tem a “aparência certa” para isso. Nesse sentido, ela quer dizer que Sarah não é tão clara (mesmo sendo negra) quanto ela.

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A partir de então, Sarah investe sozinha em seu próprio negócio para cabelo. Como são quatro episódios, o roteiro é rápido. Entretanto, as transições são dinâmicas e bem feitas, fazendo com que o espectador entenda como Sarah conseguiu conquistar seu espaço e respeito. Ela vivencia tudo isso ao lado da filha Lelia (Tiffany Haddish) e parte com seu marido CJ Walker (Blair Underwood) .

Questões em pauta em Madam C.J. Walker

O racismo aparece em suas diversas formas. Uma delas e a mais brutal é quando um dos personagens negro é morto. A fatalidade foi fruto de um assassinato de pessoas brancas que o enforcaram em uma árvore. Anteriormente, era comum ocorrer linchamento e matança às pessoas negras.

Além dessa, outra questão racial entra em cena. É o caso do colorismo quando vemos as diferenças de tratamento entre as mulheres negras de pele clara das que têm pele escura. Esse é o caso de Addie e Sarah. Mesmo negra, Addie pode ser “lida” como uma mulher mais bonita, mais aceitável e desejável socialmente. Isso acontece porque por ela não ter a pele escura e possuir traços que se assemelhem com o de pessoas brancas.  

O machismo aparece de diversas formas. A primeira é quando Sarah apanha logo no início da série de seu ex-marido. Já a misoginia surge quando o seu marido, CJ Walker, se mostra bastante incomodado com “uma mulher que tem seu próprio negócio”. Isso ocorre em diversos outros momentos em que muitos personagens desprezam o negócio de Sarah, pois é comandado por uma mulher.  

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Na trama, a sua filha Lelia consegue se divorciar do marido. A série dá a entender que ela gosta da personagem Esther, sem aprofundar nessa questão, o que deixa bastante dúvidas. De qualquer forma, consegue abordar um pouco a lesbofobia ou a bifobia na época (não fica claro se a personagem era bisexual ou lésbica).

Produção impecável sobre Madam C.J. Walker

Embora o roteiro não aprofunde em certos pontos, a fotografia, as vestimentas e o cenário da época são muito bem feitos. Os pensamentos de Sarah aparecem em alguns takes, que mostram como ela conseguia visualizar o sucesso.

Os takes nos quais ela vislumbra as funcionárias do salão dançando e se imagina em uma posição de sucesso são encantadores. Ela enxerga a realidade com outros olhos e quer alcançar isso.

E quando ela consegue, sentimos nossa inspiração ser tocada por essa mulher. Nos sentimos empoderadas e representadas em suas falas. Dá um sentimento como “se ela conseguiu naquela época, nós conseguimos também”.

C.J Walker conseguiu fazer história, expandir a indústria de beleza para cabelos crespos, empregar milhares de funcionárias negras e destinar verbas às instituições afro-americanas.

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Realmente, em determinado momento, o produto para cabelo ficou secundário. Mas isso mostra que é muito mais que um produto, um negócio. Em resumo, tudo para a população negra é muito mais do que se imagina.

Esclarecimentos sobre Addie 

A série arranca elogios de um lado e críticas de outro, por não ser fiel à real história e adaptar muitas questões importantes. Uma delas, colocar a Addie Munroe como vilã e criar um ambiente de rivalidade feminina entre as duas.

Addie Monrue fez referência à empresária Annie Malone. É certo que a pauta colorismo foi o causador desta rivalidade, entretanto retratar a Addie nessa série não foi fiel à Annie da vida real, fazendo com que o espectador a visse como vilã. Mas na realidade, as duas trabalharam juntas e depois se separaram por discordâncias.

A rivalidade delas existiu, mas foi porque cada uma resolveu seguir com sua própria linha para cabelos. Não teve relação com Annie ser a vilã da história. Vale ressaltar que Annie também é uma figura importante nos EUA e teve a sua linha de produtos para cabelo, sendo também milionária.

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A Vida e História de Madam C.J. Walker é inspirada na biografia On Her Own Ground de A’Lelia Bundles.

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