Oscar 2020 | De olho nas animações: Link Perdido

Encerrando as críticas sobre os indicados a Melhor Animação do Oscar 2020 com o grande favorito da categoria: Link Perdido. Então, encontre seu amigo Pé Grande perdido, embarque nessa aventura e venha saber os motivos do premiado longa.

Link Perdido tem tudo para ser um sucesso no Oscar 2020. O filme é da Laika, estúdio responsável por grandes filmes como Kubo e As Cordas Mágicas e Coraline e o Mundo Secreto.

Também como essas, a animação é feita por stop motion, técnica que sempre agrada, rendendo filmes bonitos visualmente. Além disso, foi o grande vencedor do Globo de Ouro.

Todavia, com todos esses atributos e conquistas, o filme já pode ser considerado um dos favoritos da categoria, batendo de frente com animações renomadas.

Sobre o filme

Sir Lionel Frost é um nobre aventureiro que passa a vida tentando descobrir criaturas mitológicas. Isso o faz ser ridicularizado por um exclusivo grupo inglês de aventura, sociedade que Frost sempre desejou pertencer.

Após receber uma carta sobre a existência de um Pé Grande, o explorador viaja para a América para tentar provar que o animal existe e, assim, conseguir uma vaga na tão sonhada congregação.

A fórmula “besta convivendo com o ser humano” é recente no mundo das animações. Até pouco tempo, tivemos Abominável e Pé Pequeno, ambos filmes da mesma temática de Link Perdido. Porém, algo precisava se distanciar desse filme para poder se destacar entre os demais. E, em Link Perdido é devido ao stop motion.

A técnica traz uma textura que o digital não consegue reproduzir, o que é um agrado ao ver cenas do oceano, árvores e até mesmo o pelo de Link. Com isso, o diretor Chris Butler, que também fez Paranorman, aproveita para fazer planos altos e panorâmicos, como imagens do navio, da floresta e dos trens. Todos de cima, enriquecidos de detalhes. A linda fotografia é um dos pontos altos do filme.

Criatividade

Outro ponto positivo da animação, é como construiu a história do Pé Grande de forma que não ficasse mais do mesmo. Aqui, Link é um animal racional que fala, escreve e sente. Tanto que, por iniciativa própria, envia uma carta para Lionel para ser levado até Shangri-la, onde pretende viver os primos, Iétis (Homem das Neves).

Link é tão sensato que escolhe até o próprio nome, Susan. Ademais, rende boas piadas em uma cena definitivamente triste.

O roteiro consegue ser tão eficiente a ponto de mostrar dois personagens interagirem tão bem em pouco tempo de cena juntos, fazendo com que pareçam ser amigos há anos. A interação entre Sir Lionel Frost e Susan Link é engraçadíssima, o que rende bons momentos.

Ao aprender a falar ouvindo as conversas alheias, o Pé Grande acaba assimilando tudo de forma literal e não entendendo nada que é de duplo sentido. Artifício usado repetidas vezes pelo roteiro, mas que não cansa, diverte. Pois a graça não é jogada na nossa cara, mas construída para vir no momento exato.

Humor sem ser bobo

Um recurso frequente nos filmes de personagens grandes é a falta de mobilidade e de senso de espaço do grandalhão, fazendo a trama sempre recorrer a esta fórmula para fazer rir. Mas aqui não é um defeito.

Apelar para coisas bobas é um dos mecanismos de atingir o público infantil. E, se bem feito como em Link Perdido, agradará as crianças sem ficar bobo perante aos mais velhos.

Para os adultos, fica o questionamento sobre o que é a evolução. O filme traz Susan Link, um ser não evoluído que pensa nos outros. No entanto, em contraste, tem o Sir Lionel Frost, ser evoluído que só pensa em si. Além disso, se aproveita do Pé Grande para crescer na carreira.  

Link Perdido é um filme bem divertido, com humor para todas as idades, tecnicamente perfeito e com visual impecável. Com certeza é o grande favorito ao prêmio do carecão dourado.

Dicas

Se puder, assista a versão legendada, com áudio em inglês mesmo. Além de não perder trocadilhos que o roteiro brinca com a língua, poderá se deliciar com uma dublagem (no original) de peso com Hugh Jackman como Mr Lionel Frost, Zoe Saldaña como Adelina Fortnight, Zach Galifianakis como Susan Link e Stephen Fry como o vilão Lord Piggot Dunceby.

E, se quiser ver como o filme foi feito, no final, antes dos créditos, o diretor dá uma palinha. Em resumo, ele mostra como foi criado o stop motion da animação.