O Blog n’Roll divulgará a crítica de todos os filmes da categoria de Melhor Animação do Oscar. Para iniciar, veja tudo sobre Perdi Meu Corpo!
O francês Perdi Meu Corpo (J’ai Perdu Mon Corps) vem dando o que falar nas premiações internacionais. Eleito Melhor Filme do Grande Prêmio Nespresso, no Festival de Cannes, a animação é mais um longa da Netflix no Oscar 2020 e pode bater de frente com os grandes nomes também indicados.
Dirigido pelo estreante em longas, Jérémy Clapin, o filme é escrito por Guillaume Laurant, roteirista do clássico O Fabuloso Destino de Amélie Poulain, e inspirado no livro Happy Hand de Laurant. É o único da categoria acima de 16 anos.
Sobre Perdi Meu Corpo
Perdi Meu Corpo fala sobre Naoufel, um entregador de pizza solitário que, depois de uma entrega frustrada, se apaixona por Gabrielle e começa a segui-la. Na contramão desse interesse e em outra narrativa, há uma mão, literalmente, vagando pela cidade ao encontro de seu corpo. Vale ressaltar que o protagonista não é Naofel e sim a Mão. Por isso, o filme se chama Perdi Meu Corpo, não Perdi Minha Mão.
E se não houvesse tal Mão, o filme seria uma chatice.
Naoufel, dublado por Dev Patel (Quem Quer Ser um Milionário? e Lion – Uma Jornada Para Casa), é um jovem francês que, após perder os pais em um acidente de carro, cresce sozinho e sem ambições. Durante toda a trama, o rapaz age como stalker, o que não faz o público simpatizar com o personagem.
Seu drama existencial, junto com a desculpa de que se encontra na paixão por Gabrielle, deixa o filme sem açúcar. Pois mesmo não sendo um filme didático, possuindo um subtexto filosófico, não chega a lugar algum, tendo filosofias vazias e inconclusivas.
Porém, não é um demérito não simpatizar com Naoufel, já que do outro lado, está sua mão. E essa é de se apreciar. Mesmo sem falar, é de uma maestria como se pode ver as expressões que uma mão oferece. Seja estando acuado em frente a um perigo ou quando tenta se impor ao mesmo.
Enquanto o menino está tendo tristes flashbacks sobre o tempo que passou com sua família, a mão passa incríveis aventuras ao tentar encontrar seu corpo. E esse contraste é o que equilibra muito bem a animação.
Excesso de mão
O longa recorrentemente destaca as mãos das pessoas, o que enjoa. Toda ação de Naoufel, o membro é focado. E sempre junto a trilha sonora, tenta dar um ar filosófico, o que não consegue e deixa a cena um tanto quanto chata e repetitiva.
De outro lado, já sabendo que ele irá perder a mão, toda vez que ela é enquadrada nos cria uma expectativa de será que é agora? E mesmo não sendo, sempre fica um gostinho emocionante para a próxima vez. E quando essa cena chega, vem sem frescura.
O visual é um dos pontos altos do filme. Enquadramentos como Naoufel com a mão no bolso para demonstrar vergonha ou da visão da mão ao descer a escada, demonstrando uma certa dificuldade, é um dos motivos para tentar conseguir a estatueta. Aliás, é o que mais agrada o filme. Toda cena da mão ganha um ar claustrofóbico e tenebroso.
A animação consegue explorar caminhos tão comuns ao transformarem em circunstâncias fatais para a mão percorrer sozinha. Ademais, uma das partes mais agonizantes é quando ela está no metrô e precisa lutar contra ratos.
Com uma média 81 no Metacritic e 96% de aprovação no Rotten Tomatoes, Perdi Meu Corpo chega para ser mais um forte concorrente, porém, por ser o primeiro longa do diretor e por não filosofar tanto quanto queria, parece ser o filme com menos chance de ganhar a categoria.