Estreou no último dia 23, na Netflix, a série Freud, que fala sobre a vida do psicanalista mais famoso do mundo. A produção foi recebida com muito entusiasmo por parte de fãs de Sigmund Freud. Criada por Marvin Kren, Benjamin Hessler e Stefan Brunner, a produção austríaca ocupa o top 10 no catálogo da Netflix.
Como bom discípulo do jornalismo, fui investigar se a série merecia tal ocupação no ranking. Antecipo a dizer que pode ser que o que você irá ler seja bem diferente do que espera.
Desenvolvimento
Com oito episódios, a série começa mostrando o pai da psicanálise, Sigmund Freud (Robert Finster), com o uso deliberado de cocaína diluída em água. Tal fato me deixou totalmente despreparado para o que poderia vir com o decorrer do episódio.
Seguindo, Freud apresenta o modo da hipnose, onde o plano feito com sua governanta (Brigitte Kren) falha miseravelmente na frente de seus tutores e colegas de classe.
Até aí a série continua interessante, mostrando fidelidade ao personagem, instigando o espectador.
Mas como nem só de boas promessas vive a Netflix, a série começa a ficar sutilmente desastrosa e confusa. Ao se envolver acidentalmente em um assassinato, Freud se torna uma espécie de investigador, por influência de Fleur Solomé (Ella Rumpf), uma médium de uma influente família húngara; a filha da condessa Sophia Von Szápáry (Anja Kling), e do conde Viktor Szápáry (Philipp Hochmair), que também são envolvidos na trama de Freud.
Ademais, a série é a ascensão que Sophia e Viktor buscam para terem uma posição mais nobre. Em resumo, eles usam Fleur como gatilho para conquistar as famílias mais importantes e poderosas de Viena.
Desde então começam a surgir diversas mortes, que levam Freud a investigar e solucionar os casos, tendo sempre como base a hipnose e ajuda de Fleur, que ao ser procurada pelo governo, devido às suas práticas religiosas, tem seu fim na série. Tal acontecimento coloca Freud novamente no foco, mas não com o gatilho necessário.
Fatos de Freud
Em contrapartida à toda a bagunça contida na série, que tira o destaque de Freud (se alguém o ver nesse caos, manda um abraço), mínimos destaques que são fiéis ao até então médico são verídicos…
- O semblante de louco que Freud ganha ao ser expulso do hospital que trabalhava, por tentar introduzir a psicanálise como tratamento dos pacientes, que foi considerada ineficiente (lembrando que estamos falando sobre o século 18, onde apenas a medicina convencional era aceita);
- Freud curando traumas através da hipnose, onde mais uma vez afirma que seu método está correto;
- O uso excessivo de cocaína durante a série. Sabe-se que Freud era muito interessado na droga, não só no uso como também para ferramenta de estudo. Inclusive teve publicado um artigo sobre o poder da cocaína para curar histerias e outras doenças. Para quem tiver interesse, o artigo se chama Über Coca;
- A censura sofrida pelo governo da época, que o levou a não publicar seu livro. Caso tivesse seguido adiante, teria que optar pelo exílio;
- A abertura de seu consultório, onde começou a tratar os pacientes somente com métodos hipnóticos.
Freud sem spoilers
Em resumo, é uma série interessante, muito bem caracterizada com o cenário do século em que se conta a história. Tem excelente roteiro e atuação, mas deixa a desejar para quem busca conhecer a real história de Sigmund Freud.
O psicanalista tem sua história retratada de uma forma supérflua e confusa. Acredito que essa série perdeu o contexto ao entrelaçar muitas histórias e acontecimentos envolvendo o personagem principal. Isso dificultou o dissentimento do que é real e fictício.
Tentei resumir a história para ter o mínimo possível de spoiler. E você, já assistiu? Se sim, o que achou? Caso não tenha assistido, corre lá e depois comenta aqui para debatermos!