Um dos maiores males que atinge a nossa sociedade é o racismo. A popularidade do cinema não deixou isso de lado. Diversos filmes abordaram o tema nos últimos 100 anos. Propositalmente ou não, os atores e atrizes também cometeram crimes.
Por isso, o Blog n’ Roll trouxe alguns casos envolvendo o preconceito racial, desde filmes sobre o assuntos de forma explícita ou velada, até atores que sofreram ou agiram de forma racista.
Atores que cometeram racismo
Liam Neeson
O astro de filmes como Busca Implacável, Senhor dos Anéis, Batman, entre outros, foi um dos atores que chamaram mais atenção por sua declaração.
Neeson relatou um caso antigo, há 40 anos, sobre uma amiga ter sido estuprada por um homem negro. Com raiva, passou dez dias vagando com uma barra de ferro por bairros onde afro-americanos moravam, procurando dar uma surra em qualquer um.
Após ser duramente criticado por muitos, mas também protegido pela atriz Whoopi Godberg – ela afirma que o astro não é racista- Liam pediu desculpas e soltou uma extensa nota de retratação.
“Eu estava errado em fazer o que fiz. Eu reconheço que, embora os comentários que fiz não reflitam, de forma alguma, meus verdadeiros sentimentos e nem a mim, eles foram prejudiciais e divisivos. Eu peço desculpas profundamente”, declarou o ator.
A polêmica tomou grandes proporções e atrasou em um mês o lançamento de seu novo filme, Vingança a Sangue Frio. O longa-metragem não fez sucesso e a única coisa que precisa ser dita sobre foi a horrível declaração de Liam.
Marlon Brando
Um dos maiores atores de todos os tempos, Marlon Brando também soltou uma asneira. Durante uma entrevista no programa de televisão do apresentador Larry King, o ator disse que os judeus sempre são retratados como bem humorados, amorosos e generosos, mas na verdade, eles não têm sensibilidade em relação às minorias.
“São sempre demasiado cuidadosos de forma a garantir que não passe qualquer imagem negativa dos judeus”, declarou. A polêmica espalhou-se e o ator de O Poderoso Chefão e Apocalipse Now foi acusado de ser antissemita.
Mel Gibson
O vencedor de dois Oscars Mel Gibson também não ficou atrás. Em julho de 2006, o ator e diretor norte-americano proferiu insultos antissemitas aos policiais que o pararam por estar dirigindo com uma taxa superior ao limite permitido.
O ator foi condenado a três anos de prisão com pena suspensa e a US$ 1,3 mil de multa. No mesmo ano, lançou Apolypto e acabou entrando em uma pausa que só acabaria 10 anos depois com Até o Último Homem.
Mas esse hiato na carreira não serviu para abaixar o caos criado. Em 2010, foi divulgado uma gravação de telefone entre Mel Gibson e sua ex-companheira, Oksana Gregorieva.
No áudio, divulgado pelo site TMZ, o ator insultava-a e dizia que não ficaria surpreendido caso, um dia, ela fosse “violada por um bando de pretos”. Gibson ficou três anos em liberdade condicional e foi obrigado a prestar 16 horas de serviço comunitário. Não aprende!
Gary Oldman
Astro da trilogia Batman e da saga Harry Potter, Gary Oldman, em uma entrevista à revista americana Playboy (2014), fez comentários ofensivos aos judeus, defendendo as declarações feitas por Mel Gibson.
“Somos todos hipócritas. Os polícias que o prenderam nunca usaram a palavra “crioulo” ou “aqueles malditos judeus”? Estou a ser muito honesto, é a hipocrisia que me deixa louco”, disse.
Após o episódio, o ator pediu desculpa e disse estar “profundamente arrependido” pelas falas antissemitas que ofenderam a população judia.
Mark Wahlberg
Em 1988, quando tinha 17 anos, o ator Mark Wahlberg foi acusado de perseguir três crianças negras e insultá-las, proferindo vários comentários racistas.
Dois anos depois, foi detido por ofender e agredir um homem vietnamita, deixando-o inconsciente. O ator, que fez Os Infiltrados e Ted, foi acusado de tentativa de homicídio.
Após admitir a culpa, foi sentenciado a dois anos na cadeia na Casa de Correção Deer Island, de Boston, dos quais cumpriu apenas 45 dias.
Nos últimos anos, sempre que questionado por esse passado assustador, o ator admitiu se envergonhar pelas coisas que fez. Além disso, afirmou que tornar-se pai o fez uma pessoa muito melhor.
Jonathan Rhys Meyers
O ator de filmes como Velvet Goldmine e Match Point foi acusado de racismo ao ofender um funcionário afro-americano da companhia aérea United Airlines.
Na ocasião, o astro teria ficado irritado por ser barrado e proibido de embarcar por estar, supostamente, sob influência de álcool. O irlandês chamou um dos funcionários de “nigger” (termo ofensivo e racista em inglês).
Roseanne Barr
A vencedora de quatro Emmys Roseanne Barr escreveu em sua conta no Twitter sobre uma antiga assessora de Barack Obama. No comentário, Barr dizia que ela “era aquilo que aconteceria se a Irmandade Muçulmana e O Planeta dos Macacos tivessem um bebê”.
Lógico que o comentário repercutiu, já que algumas horas depois, a mensagem foi apagada. A atriz pediu desculpas, alegando ter mandado a mensagem sob efeito de remédios. As consequências resultaram no cancelamento de sua série, gerando um prejuízo de US$ 400 mil.
Atores que sofreram racismo
Jamie Foxx
O astro de Django Livre e Em Ritmo de Fuga confessou ter sido barrado em um musical enquanto fazia faculdade somente por ser negro.
“Eles precisavam de um tenor e haviam me visto cantando em algum outro lugar. Então, na verdade, foi a produção do musical que veio até mim – mas eles não me deixaram entrar no palco, só podia cantar atrás das cortinas”.
Idris Elba
Quando foi divulgado que, possivelmente, poderia substituir Daniel Craig como James Bond, metade da internet surtou, já a outra decepcionou.
Em uma entrevista ao jornal Vanity Fair, Elba declarou: “Fiquei muito desapontado quando ouvi pessoas dizendo não é possível. No final das contas, é por causa da cor da minha pele”, desabafou o ator.
Salma Hayek
A atriz Salma Hayek, de Frida e Um Drink no Inferno, sempre se orgulhou de ser latina. Ao se casar com o bilionário François-Henri Pinault, presidente da companhia Hering, dona da Gucci e da Yves Saint-Laurente, ela declarou…
“Muitas pessoas ficam chocadas ao saber que eu casei com quem casei. E algumas pessoas se intimidam com isso. Mas é outra maneira de se demonstrar o racismo. Eles não conseguem acreditar que essa mexicana conseguiu chegar aonde está, e ficam desconfortáveis à minha volta”.
Chloe Bennet
Conhecida por atuar na série Agents of S.H.I.E.L.D., a atriz teve que mudar seu sobrenome por medo de não conseguir papel. Anteriormente, Chloe se chamava Wang. Em seu Instagram, ela foi questionada por um fã sobre a mudança de nome.
“Hollywood é racista e eles não me escalariam com um sobrenome que os deixassem desconfortáveis”, escreveu ela. “Mudar meu sobrenome não muda o fato de que meu sangue é chinês, de que eu morei na China, de que eu falo mandarim e de que fui criada tanto de maneira americana quanto chinesa”, declarou Wang.
Lucy Liu
Estrela de As Panteras, Lucy Liu, também sofreu por ser asiática. Ao jornal espanhol El Mundo revelou que, no início da sua carreira, passou por dificuldades em Hollywood por causa da etnia. “Não me escolhiam porque era demasiada asiática”.
Brasileiros também sofrem
Thalma de Freitas
Mesmo atuando em mais de 15 novelas, seis filmes e lançado quatro discos musicais, a atriz e cantora Thalma de Freitas chegou a ser levada à uma delegacia por “engano” depois de ser abordada saindo da casa de uma amiga.
“Fui parada numa dura, saindo da casa da minha amiga Dani no Vidigal. Revistaram minha bolsa, não acharam nada e me trouxeram para a delegacia”, contou ela ao site Quem Online. Os policiais da ocasião foram autuados por abuso de autoridade.
Seu Jorge
O cantor e ator Seu Jorge revelou ter sido vítima de racismo quando estava filmando o filme A Vida Marinha com Steve Zissou, de Wes Anderson, na Itália.
“Não volto lá nunca mais. O italiano é racista. Eles têm sérios resquícios da colonização que sofreram: não aprenderam a lidar com outras etnias. Me maltrataram muito. Lá, percebi que, por ser negro, não era brasileiro, era da África, da Somália. No Brasil, isso também é forte ainda, viu?”
Cacau Protásio
19 novelas, 15 peças de teatro, nove filmes e dois prêmios não foram o suficiente para a atriz Cacau Protásio receber respeito. Ao gravar cenas de um filme em um quartel do Corpo de Bombeiro no Rio de Janeiro, Cacau sofreu críticas e ofensas de bombeiros que espalharam áudios com palavras e expressões racistas, homofóbicos e gordofóbicos.
É bom lembrar que o cinema está muito ligado à segregação racial. Há filmes como O Nascimento da Nação (1915), de D. W. Griffith, que mostra o grupo racista Klu Klux Klan de forma heroica. Mas nem sempre fica explícito o racismo em cena. Por isso, o Blog n Roll separou algumas cenas que contém racismo.
Filmes que contém conteúdo racista e quase ninguém percebe
Em Zohan: O Agente Bom de Corte (2008), o ator Rob Schneider, especialista em interpretar “tipos étnicos”, mais uma vez reproduz o velho preconceito de Hollywood com os árabes.
Em Planeta dos Macacos (1968), os macacos de pele escura são maus e os macacos de pele clara são bons.
Em Politicamente Incorreto (1998), Warren Beaty interpreta um senador cheio de piadas racistas e Halle Berry faz a personagem negra usada como fetiche sexual.
Em Uma Escola Muito Louca (1986), um estudante sem dinheiro, que para ingressar em Harvard, toma uma overdose de “pílulas de bronzeamento” a fim de parecer negro e entrar através das cotas.
Em Fantasia (1940), um centauro fêmea negra é apresentada polindo os cascos de outras duas centauros brancas, refletindo alguns estereótipos racistas. No relançamento em 1969, a Disney retirou a cena.
Clássico com racismo
Em E O Vento Levou? (1939), retrataram a escravidão como uma instituição normal, feliz e até mesmo apoiada pelos próprio escravos. Apesar disso, o filme foi o primeiro a propiciar a indicação de uma atriz negra no Oscar, na qual saiu vencedora.
Hattie McDaniel sofria tanto com racismo que não pôde nem mesmo comparecer à pré-estreia do filme em razão de leis raciais vigentes em Atlanta, onde o lançamento aconteceu.
Em Harry Potter, a personagem de Lilá Brown começou com Kathleen Cauley, uma atriz negra, e terminou com Jessie Cave, atriz branca.
Vale ressaltar que muitos filmes hollywoodyanos pecam ao retratar outras etnias e povos com atores americanos. Segue alguns exemplos: Cleopatra (1963), Xerxes em 300 (2006), Deuses do Egito (2016), A Paixão de Cristo (2004). Além deles temos O Último Mestre do Ar (2010), Dragonball Evolution (2009), A Vigilante do Amanhã (2017), entre muitos anos.
Separamos, também, por década, excelentes filmes que falam sobre racismo
Década de 20 – Within Our Gates (1920)
Década de 30 – Imitação da Vida (1934)
Década de 40 – A Casa que Vivemos (1945)
Década de 50 – On the Bowery (1956), Sayonara (1957) e Acorrentados (1958)
Década de 60 – Amor, Sulbime Amor (1961) e Dilemma – A Word of Strangers (1962)
Década de 70 – Banzé no Oeste (1974) e Mandingo (1975)
Década de 80 – Mississipi (1988) e Faça a Coisa Certo (1989)
Década de 90 – A Cor da Fúria (1995), O Massacre de Rosewood (1997) e A Outra História Americana (1999)
Década de 00 – Crash (2004), Quase Deuses (2004) e Hotel Ruanda (2004) Banzé no Oeste (1974) e Mandingo (1975)
Década de 10 – 12 anos de escravidao (2013), Raça (2016), Moonlight (2016), Corra!, Infiltrado na Klan (2018) e Pantera Negra (2018)