Apesar das polêmicas que cercam sua história, podemos afirmar que Wilson Simonal (1938 – 2000) continua vivo. Dono de uma voz malandra, suingada, cativante, “Simona” ganha um filme baseado em sua carreira, com Fabrício Boliveira no papel principal.

Sucesso e ascensão

A cinebiografia Simonal tem início quando o músico ainda fazia parte da banda Dry Boys, cantando em inglês, com os integrantes todos bem vestidos. Já nesse instante, com a gravação cover de Walk Right In, do The Rooftop Singers, a malandragem e carisma único na voz de Simonal é notável.

Personagens importantes na vida de Simonal também ganham espaço, como Carlos Imperial (Leandro Hassum), Miele (João Velho) e sua esposa Tereza (Ísis Valverde).

O filme continua na ascensão do artista, após ser descoberto por Carlos Imperial, sendo chamado de “Harry Belafonte Brasileiro”.

O próprio Simonal cantava em Banana Boat: “todo mundo tem seu tênis bar, seu pé de coelho no bolso, ferradura atrás da porta, sua figuinha de guiné. Banana Boat é a minha”.

Após essa descoberta, seguido de seu primeiro sucesso, Terezinha, um cha cha cha, Simonal subiu os degraus.

Imagina: um artista negro, morador da favela em época de ditadura, enfrentando o preconceito.

O sucesso de Simonal era tanto que, como retrata no filme, em certo momento, durante seu programa Show em Simonal, ele deixa a plateia cantando em coro Meu Limão, Meu Limoeiro, sai do teatro para tomar uma dose de uísque no bar da esquina e volta.

Neste momento, o Brasil estava nas mãos de Simonal. E ele sabia. E muito bem.

Um dos momentos mais históricos da vida de Simonal foi o show no Maracãnazinho, ao lado de Sérgio Mendes. No filme, foi usado imagens deste show histórico, onde a plateia é regida pelo cantor. O show marca também a primeira vez que ele usa a famosa faixa na cabeça.

Caso DOPS

O filme atinge o drama ao mostrar que o lado malandro do canastrão era assim tão 100%. Em 1970, Simonal foi levado ao esquecimento e ostracismo após ter sido acusado de envolvimento com o Departamento de Ordem e Política Social (DOPS)

Wilson Simonal passou os últimos 30 anos tentando provar que todas as informações, divulgada na época, eram falsas. Ou você achava que fake news era algo atual?

O filme termina com Wilson Simonal indo fazer um show surpresa, dentre vários que fez no final de sua carreira; onde pessoas se levantavam para ir embora logo que viam que ele era a apresentação principal. Melancólico e triste, ele canta Sá Marina em um palco sem plateia.

Assim como na música, Wilson Simonal fez o povo inteiro cantar…e chorar.