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Esquisitice, labirintos e insanidade: Vivarium é uma das apostas para 2020

Chegando sem nome nenhum traduzido para o português, mas com dois grandes atores, Vivarium promete assustar e deixar incomodado todos que assistem. Segundo longa-metragem do irlandês Lorcan Finnegan, é uma adaptação do curta Foxies, do próprio diretor. Porém, só disponível em sites de torrent. 

Sobre o filme 

O casal de namorados Tom (Jesse Eisenberg ) e Gemma (Imogen Poots) pretendem morar juntos e já marcam um encontro para ver o empreendimento Yonder. Ao se encontrar com o corretor Martin, um homem bizarro, com fala robótica e com sorriso estranho, decidem visitar a casa. 

Chegando no local, que fica na distância perfeita, perto e suficientemente longe, encontram uma comunidade estranha e perfeita. Um mar de casas idênticas com a mesma arquitetura, textura, cor externa e interna, todas com a mesma personalidade. 

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Após algum tempo conhecendo a casa, Martin desaparece e o casal, como qualquer pessoa faria, tenta ir embora. Porém, se perdem no labirinto de casa idênticas, que sempre voltava à casa em que estavam, e não conseguem ir embora.  

Daí não tinha como sair dessa. Tom e Gemma se encontram em um inferno suburbano repetitivo, forçados a se alimentar, banhar e viver através de uma caixa que aparecia misteriosamente no meio da rua.

Em um dia, tal caixa contendo um bebê chega à sua porta. A criança (Senan Jennings) começa a crescer a um ritmo acelerado, gritando quando precisa ser alimentada e vomitando imitações de seus pais. 

Tudo isso em apenas 15 minutos de filme. 

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Mas Vivarium é bom? 

Incomodando do começo ao fim, Vivarium aposta na esquisitice do cenário e de seus personagens para atormentar quem assiste. O bairro é irreal, mas ao mesmo tempo real demais, com nuvens perfeitas, gramas verdinhas, sol todos os dias, sem chuva, no melhor estilo O Show de Truman

A casa é irritantemente perfeita. Já vem com roupas separadas por sexo (azul para Tom e rosa para Gemma), comida sem gosto embalada com a marca da Yonder, os quadros são fotos da própria casa, como por exemplo, no quarto tem um retrato do próprio quarto. Não há como não enlouquecer em uma residência assim. 

A fotografia chega a ser linda, mesmo sabendo que é artificial e programado para ser daquele jeito. 

Vivarium, que até o fechamento desta crítica não tinha tradução do nome do filme para português, significa Viveiro. Um ambiente fechado e controlado em que se mantém um animal. E é disso que o longa retrata. 

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Os donos da casa, a ansiedade da vida adulta, o medo de constituir família, a educação do filho e o casamento são debatidos de forma superficial, mas o suficientemente para nos transmitir a sensação de desespero de quem não tinha contato nenhum com essa rotina até então. 

A “loucura” que os personagens começam a desenvolver é diferente para Tom e Gemma. Enquanto Tom fica agressivo e quer sempre fugir do local, Gemma aceita e passa a ter afeição pela criança. 

Parceria mais uma vez

É a terceira vez que Poots e Eisenberg contracenam juntos, já que fizeram parte de O Solteirão (2009) e o recente The Art of Self-Defense (2019). Mas, em Vivarium, dentre o cansaço de Jesse e o choro de Imogen, quem se sobressai mesmo é a atuação do pequeno Senan. 

O garoto consegue aterrorizar simplesmente por um grito fino e estridente. Seu jeito excêntrico de andar, dançar e comer é bizarro. Até quando ele imita Tom e Gemma, é de arrepiar. O fato dele ser tão disforme contribui para o suspense do filme. Em resumo, nos faz questionar o porquê do casal ainda não o ter matado.

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Mesmo usando a repetição como base para enlouquecer os personagens, o artifício peca, pois deixa o filme repetitivo e lento. Deixando o final do segundo ato cansativo. Porém, o terceiro vem com tudo bagunçando sua cabeça e criando diversas teorias. Um prato cheio para fãs de Black Mirror

Neste texto não haverá spoiler, tanto porque o filme não deixa fácil o que aconteceu. Ele permite ao público escolher em que acreditar. Mas fica a dúvida se eles são um experimento alienígena, como vemos em Circle (2015). Ou uma analogia ao fato de ficar preso em uma construção familiar e toda sua rotina, como vemos em Mãe (2017). 

É um tanto quanto cômico, um filme sobre se prender em casa ser lançando bem na época da pandemia. 

Vivarium é um suspense perfeito para quem gosta dos filmes de explodir a cabeça. Ele assusta, incomoda e irrita. É imperfeito e perfeito. Ideal para quem está confinado em casa vendo gente confinada. 

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