Foto: Nicolas Gomes
Poucas bandas independentes conhecem tão bem o Brasil como o Surra. Com três anos de estrada, o grupo já passou por Pará, Amazonas, Paraná, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Piauí, Maranhão, Distrito Federal e Amapá. “Ano que vem pretendemos completar os que faltam na lista, antes de ir para a Europa”, adianta o baterista da banda, Victor Miranda.
O Surra surgiu após o final de outra banda bem marcante do cenário regional, a Like A Texas Murder. Léo Mesquita (guitarra/vocal), Victor Miranda (bateria) e Guilherme Elias (baixo/vocal) tocavam no finado grupo. “Não queríamos parar de tocar de jeito nenhum, assim surgiu a ideia do Surra”, explica Miranda.
A banda nunca se importou com rótulos. Influenciados por vários sons, os integrantes colocam um pouco da base de cada um para concluir suas músicas. Soam como crossover thrash, grindcore, hardcore entre muitas outras coisas.
“Cada um do Surra possui gostos diferentes, mas a gente tenta conciliar tudo isso em algo coeso. Eu diria que as maiores influências são Sepultura, Slayer, Paura, Napalm Death, Ratos de Porão e DFC. Cada música tem algo que inspirou mais que o outro, mas no geral é isso”, diz o baterista.
O Surra criou uma forte identidade com o público no Norte e Nordeste. A namorada do baterista é de Belém e eles costumam elogiar o público de lá. “O povo não tem vergonha de realmente curtir a música e pirar no show”.
A turnê pelas duas regiões rendeu histórias divertidas para os integrantes. A primeira vez da banda no Norte/Nordeste foi com a turnê Páscoa de Merda, que aconteceu durante o feriado de 2014, e traz boas lembranças.
Uma das histórias foi na Xani Clube, que nem existe mais, um casarão antigo no qual os shows aconteciam no “porão” do local. “Lá dentro foi um clima infernal. A galera tirava o microfone do Léo direto para cantar as músicas. Chegou uma hora que tinha tanta gente que o Léo caiu em cima do amplificador, empurrado pelo pessoal. Em outro momento, um rapaz foi levantado pela plateia e começou a ser arremessado para cima. Ele se agarrou no teto e simplesmente arrancou o forro. O teto caiu no meio do show”, recorda o batera.
Discografia
O primeiro trabalho do Surra, Bica na Cara, saiu logo no início da banda. Algo que Miranda afirma não ter saído conforme o planejado. “Foi feito meio na pressa e na ânsia de lançar algo logo e já sair tocando. Tem algumas cagadas nesse EP e a gente poderia ter esperado mais e feito as coisas com mais calma, olhando agora em retrospecto, mas rendeu bons frutos”.
Em 2013, enquanto tocava em vários lugares, o Surra surgiu com mais um EP, o Surrinha. O trabalho rendeu um videoclipe para a faixa Tu Ainda Vai Se Foder. “Nosso amigo Matheus chamou a gente para gravar no estúdio dele, o Ecos da Cantareira, e fomos lá gravar esses sons de forma despretensiosa. Não sabíamos o que fazer com eles, então lançamos esse EP esculachado”.
No ano seguinte, durante a turnê da Páscoa no Norte e Nordeste, o Surra gravou uma música em Teresina (PI), junto com o Enxofre, do Guilherme Muniz, parceiro da banda.
Depois de um forte trabalho de divulgação pelo País, em 2014, o Surra lançou o EP Somos Todos Culpados, em vinil, nesse ano. “As músicas adotaram um tom mais sério nas letras e o som acho que ficou mais ‘sujo’. Acho que grande parte culpa dos sons death metal que a gente estava ouvindo na época”.
O próximo passo do Surra promete ser grandioso. “Estamos para lançar um DVD, gravado em Belém nesse ano, que também terá o áudio disponível no Bandcamp, como disco ao vivo. Além disso, estamos em processo de gravação do novo disco, que será o primeiro full, com 14 músicas. Acho que ele está um meio termo do bom humor de antes com a sujeira do Somos Todos. Tem algumas coisas bem diferentes do que a gente já fez, musicalmente falando. Vamos ver qual vai ser a repercussão”, adianta.
Enquanto a produção do Surra não se multiplica, a banda se divide entre gravações e ensaios em seu QG, o estúdio Warzone. “A gente montou o estúdio junto com o Jurema e o Bruno e, a partir do momento que ele foi inaugurado, a gente passou a fazer tudo lá: compõe, ensaia, só não grava ainda porque não tem condições. Sem contar que o Jurema é o quarto membro do Surra. Se não fosse ele, teria dado muita merda e não sei se ainda estaríamos por aí”, diz o baterista, aos risos.