A Baixada Santista ainda não tem um hall da fama ou uma calçada estrelada para festejar seus maiores nomes da música. Caso tivesse, não tenha dúvidas que os guitarristas Mauro Hector e Milton Medusa seriam alguns dos primeiros a serem homenageados. O currículo de cada um deles indica isso. Além de terem tocado com diversos nomes consagrados do rock nacional, ambos criaram um estilo próprio, rompendo a barreira do regional. O alcance dos dois é nacional.
Se você pensa que há um exagero na abertura desse texto, basta perguntar para nove a cada dez alunos de guitarra na região. Quem não aprendeu com Hector, certamente foi com Medusa. São os únicos? Não, temos outras feras que vamos apresentar em breve.
Tal técnica desenvolvida por esses dois músicos chegou a render um show curioso, em 2012. Inspirados no G3, de Joe Satriani e Steve Vai, que sempre recebe outro guitarrista de alto nível para mostrar e esbanjar toda a qualidade sonora, Medusa, Hector e Reinaldo Andrade lançaram o G3 Santista. E na ocasião, no MWM, eles não aliviaram na banda de suporte. Convocaram outros nomes de peso como Alexandre Faccas (bateria) e Ricardo Bocate (baixo).
Mauro Hector iniciou sua trajetória na música em 1985. Teve como professores nomes marcantes como Rafael Paulino (Rafa Blaster), Alexandre Birkett, ambos de Santos, e Mozart Mello, de São Paulo.
Em sua trajetória, ele montou ou participou de bandas como Druídas (um dos nomes mais brilhantes do blues rock nacional e 19 lugar na lista das 100 maiores bandas da história do rock santista), ICM Trio Fusion, Ease, Fast Fusion, Rock Station, Blasfê mia, Lobão Quintet e Caviar’s Blues Band. O desempenho, sempre elogiado, o levou a trabalhar com Guilherme Arantes.
Nada disso, no entanto, mexeu com a personalidade de Hector. Sempre atencioso e humilde na hora de falar do seu trabalho, o guitarrista demonstra muito respeito pelos seus ídolos e alunos.
Até o momento, o guitarrista lançou quatro discos solos e autorais: Sonoridades, Atitude Blues, Retratos e Live in Santos. Isso sem falar nas participações especiais em trabalhos de outros músicos da região.
Em entrevista para o colunista do Blog n’ Roll, Mário Jorge, da Crônicas de um Roqueiro, Hector falou sobre o ecletismo do seu trabalho.
“Música é expressão, é arte, não se define por um único gênero. Temos que estar atentos a toda expressão musical que possa ter riqueza harmônica, melódica e nos agradar. Alguns gêneros são mais naturais para mim, pelo meu percurso como o blues, por exemplo, mas não reduz em nada minha apreciação aos outros, como rock, heavy metal, jazz, country, MPB”.
Milton Medusa
Contemporâneo de Mauro Hector, Milton Medusa tem se dedicado nos últimos dez anos ao projeto Medusa Trio, que já marcou presença nos principais festivais da região, como Santos Jazz Festival e o Festival do Café, só para citar alguns. A sonoridade transita entre o rock, blues, progressivo e fusion, alcançando até a MPB.
Mas quem pensa que essa é a única atividade do guitarrista, está completamente enganado. Medusa também se apresenta com frequência ao lado de nomes consagrados como Robertinho de Recife e Willie Oliveira (ex-Rádio Táxi). Isso sem falar nas aulas. Como já citado, anteriormente, dificilmente você conversará com um aluno de guitarra sem ele citar Medusa ou Hector como professor, influência ou referência.
A lista de grandes nomes com quem Medusa dividiu o palco inclui também Frejat, Wander Taffo, Serguei, Percy Weiss, Kid Vinil e Mozart Mello.
>> Confira entrevista com Milton Medusa
O guitarrista, que sempre teve uma proximidade grande com as bandas de metal da região, como Vulcano e Santuário (produziu o encontro recente das duas, no Teatro do Sesc) também figura na lista das 100 maiores bandas da história do rock santista, com o Medusa Trio. Ficou em 63 lugar. Apesar da posição modesta no ranking, é preciso ressaltar que o projeto tem apenas dez anos e transita com mais volume em festivais de blues e jazz, não apenas em eventos voltados para o público roqueiro da região.
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