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Mochilada musical

América do Norte #07 – Um encontro com o Soul Asylum em Las Vegas

(ATUALIZADO EM 22/11/2018)

“Lembro de um festival que tocamos no Brasil e tinha uma banda que agitou muito. O vocalista entrou com um skate no palco e o público vibrou demais, naquele momento só pensei: ok, vai ser difícil fazer um show mais impressionante que esse”. A confissão divertida é do vocalista e guitarrista do Soul Asylum, Dave Pirner, com quem conversei após uma apresentação da banda no Carnaval Courts, um pequeno bar no resort Harrah’s, em Las Vegas, nos Estados Unidos, em setembro passado.

Pirner se referia ao Charlie Brown Jr, obviamente, que tocou com o Soul Asylum no Festival Pop Rock Brasil, em Belo Horizonte, em 2001. A tentativa em lembrar o nome dos santistas, inclusive, foi bem curiosa. “Era um nome meio latino, El Caminito, Juan, Carlos…” Insisti algumas vezes no Charlie Brown Jr e depois de algum tempo, ele concordou comigo. Ou cansou de tentar adivinhar.

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A nossa conversa ainda ameaçou cair em uma tristeza sem volta quando o vocalista me perguntou por onde andava o Charlie Brown Jr. O diálogo em sequência foi…

Eu: A banda acabou.
Pirner: Por que?
Eu: O vocalista morreu.
Pirner: Nossa! Como?
Eu: Overdose
Pirner: Que merda! Qual droga?
Eu: Cocaína.
Pirner: Cara, essa droga é uma merda. Mas e os outros integrantes?
Eu: O baixista também morreu. Cara, isso tudo é uma história muito triste.
Pirner: Como? Overdose também?
Eu: Não, ele se matou.
Pirner: Que horror! Você estava certo, uma história muito triste mesmo, nem sei o que falar sobre isso.

Mas voltamos aos momentos antes da nossa conversa. Cheguei a Las Vegas com uma dezena de shows como opções nas primeiras noites. Tinha Queen + Adam Lambert, Shakira, Smashing Pumpkins, entre outros. O Soul Asylum descobri quase sem querer, após uma consulta breve no app Bandsintown. Como nunca havia assistido, investi nele pelo quesito ineditismo.

A banda não acreditava que seria um bom show naquela noite, talvez o clima contribuísse para isso. Estava muito quente e Las Vegas não parece uma cidade na qual as pessoas curtem o show com o foco na banda. “Vi um cara indo embora logo no começo e pensei que a noite não seria muito boa para a gente, mas estava enganado. As pessoas cantaram junto, dançaram, estava um clima legal. Las Vegas, né?”, comentou Pirner.

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O palco do Carnaval Court é pequeno e o público fica bem próximo dos integrantes. Por conta disso, vários foram os momentos de interação entre eles. Na plateia tinha de tudo. O tiozão de terno e gravata pagando cerveja para geral, as periguetes dançando com vestidos bem curtinhos, as tiazinhas emocionadas cantando na frente do palco e até uns marombados de academia com vestimenta de atleta.

No set, Pirner e seus companheiros tentam ao máximo agradar os caçadores de hits, mas de uma forma ou de outra dão amostras de quase todos os 11 discos de estúdio. A resposta do público é positiva, a casa foi enchendo a cada faixa que era executada.

A sequência mais aguardada pelos fãs é bem forte: Somebody To Shove, Black Gold, Runaway Train e Misery. Todas hits radiofônicos e com videoclipes na MTV, no auge da emissora. Without a Trace e Just Like Anyone, em momentos distintos, também foram acompanhadas em coro pelos mais apaixonados pela banda.

Pirner conversa bastante com o público, faz piada com os demais integrantes e mostra que ainda sente muita alegria por estar no palco. É nítida a vontade do vocalista, mesmo que esteja longe do auge e já não tenha mais seus 20 e poucos anos. Hoje, o músico está com 54 anos. E sua memória continua muito boa.

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“Estamos empolgados com a nossa ida ao Brasil. Vamos tocar lá no início de dezembro, mais uma vez em festival. Lembro que tocamos com o INXS nos anos 1990 (1994) e depois nesse festival com o Charlie Brown Jr, em 2001”.

Único integrante da formação original do Soul Asylum, Pirner tem o apoio dos músicos Ryan Smith (guitarra), Winston Roye (baixo) e Michael Bland (bateria). O último disco lançado por eles foi Change of Fortune, de 2016.

Durante o nosso breve encontro, informal, Pirner também pediu para ensinar algumas palavras em português. Coisas carinhosas que pretende falar para os fãs no Brasil. Ele e a produtora da banda, que acompanhou a conversa o tempo todo, foram muito atenciosos. E pensar que fui encontrar a banda quase duas horas depois do show, quando já estava voltando para o hotel, enquanto eles tomavam uma cerveja na porta do Carnaval Court.

Las Vegas é assim mesmo. Se você olhar com atenção, vai encontrar muita banda e artista legal. Ops, alguns malas também, como a Mariah Carey, que veio acompanhada de uma comitiva de seguranças que obrigou eu e minha esposa a ficarmos na parede, com a câmera abaixada e sem nenhuma aproximação. Detalhe: não tinha ninguém no corredor.

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Confira uma apresentação recente de estúdio do Soul Asylum

Show no Brasil
Depois de ver o Fábrica Festival cancelar sua primeira edição, o Soul Asylum foi confirmado no mesmo evento que o L7 tocará, no Tropical Butantã (Avenida Valdemar Ferreira, 93), em São Paulo, no dia 2 de dezembro. Os ingressos estão à venda e custam entre R$ 130,00 e R$ 400,00. Site.

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