“Estamos aqui para revolucionar a música popular brasileira, para pintar de negro a Asa Branca, atrasar o Trem das Onze, pisar sobre as flores de Geraldo Vandré e fazer da Amélia uma mulher qualquer”, escreveu Clemente Nascimento em 1982, um ano depois da formação do Inocentes, grupo de performance poderosa e um dos porta-vozes do movimento punk no Brasil.
O anúncio era o que estava por vir no primeiro EP, Miséria e Fome (1983), e de lá para cá, o Inocentes acumulou na bagagem, além da experiência de banda veterana no cenário musical, uma extensa discografia. Nesta sexta-feira (12), a banda divulgou um novo EP, intitulado Cidade Solidão, que segundo o vocalista e guitarrista Clemente Nascimento, “olha para o passado como inspiração para seguir em frente. É uma atualização do que seria feito no começo da carreira, com a mesma energia e criatividade, trazendo elementos novos sem se distanciar das raízes”.
Lançado pela gravadora paulista Hearts Bleed Blue (HBB) em vinil 7 polegadas para comemorar o Record Store Day de 2019, o EP conta com as faixas Donos das Ruas, Fortalece e Cidade Solidão, além da regravação do clássico Escombros, lançado originalmente no álbum Ruas.
“Na época em que Escombros foi gravada, em 1996, a banda não tinha a rodagem que tem hoje. Agora conseguimos registrá-la da maneira que queríamos e o resultado ficou ótimo, a música ganhou vida novamente”, conta Clemente. O EP está disponível também nas principais plataformas digitais, e neste formato ele ganha ainda a faixa bônus Terceira Guerra, um cover da banda paulista Fogo Cruzado.
Cidade Solidão foi produzido por Wagner Bernardes e tem a capa assinada por Antônio Augusto, que também traz um resgate do passado. “A arte foi feita com o mesmo espírito dos compactos punks que comprávamos em 1977”, revela Clemente.