Resenha de show | Smith/Kotzen no Islington Assembly Hall, em Londres

Logo após finalizar a tour nos Estados Unidos, o duo Smith/Kotzen já atravessou os mares e desembarcou no Reino Unido para mais uma perna da sua excursão. Dessa vez a casa escolhida foi a aconchegante Islington Assembly Hall, escolha mais que perfeita para o público. Como de costume, a venda de ingressos acabou rapidamente. Quem não garantiu o ingresso, teve que entrar em uma lista de espera e acabou criando um enorme buzz para o show no Islington Assembly Hall. O suporte ficou por conta das bandas Bucket Rebel Heart e The Dust Soda, ambas com uma sonoridade bem parecida, todos calcadas no hard rock. Em resumo, apresentaram sets curtos, porém bem eficientes, dando um bom aquecimento para a atração principal. Conhecidos de longa data do público, os guitarristas Smith e Kotzen contam com dois brasileiros na banda, Júlia Lage (Vixen) e o baterista Bruno Valverde (Angra), que adicionam exatamente o que a sonoridade dos guitarristas pede: mesclam com maestria grooves, leveza, pressão e por aí vai. Foi mostrado na íntegra todo o repertório da banda, sendo ele o full album homônimo e o EP Better Days, lançado no verão passado. O show todo é muito bem executado e de alto nível. Tudo se encaixa perfeitamente, seja na abordagem das guitarras, onde ambos têm estilos diferentes, porém soam como se uma fosse o complemento da outra, assim como o trabalho das vozes. >> Confira entrevista com Richie Kotzen E, claro, no setlist é incluído um cover do Iron Maiden e uma do trabalho solo de Richie Kotzen. Ambas as músicas são curtidas como as outras canções do set e não tem diferença por serem faixas amplamente conhecidas dos fãs. Porém, uma cartada tirada da manga nesse show não poderia deixar de ser mencionada. Nas últimas duas músicas do set, um velho conhecido do público fez uma participação especial. Foi a cereja no bolo para coroar a apresentação. Chamado por Adrian, Nicko Mcbrain, baterista do Iron Maiden, subiu ao palco fazendo as típicas brincadeiras que ele faz, sorrindo como sempre e agradecendo aos fãs e amigos presentes. E, como previsto, Wasted Years (Iron Maiden) foi cantada em uníssono pelo público, enquanto Solar Fire, música que o mesmo participou da gravação no álbum Smith/Kotzen, fecha a jam. Sem delongas, um belíssimo show de dois monstros da guitarra. Som bem feito por quem sabe fazer música boa.

Crítica | Ninguém Pode Saber

Engenharia do Cinema É inegável que ao ver o nome de Toni Collete estampando alguma minissérie da Netflix, sabemos que terá qualidade em alguma coisa. Seja nas atuações, roteiro e até mesmo no fator entretenimento. Após o sucesso de “Inacreditável” em 2019, ela retorna mais uma vez em uma produção da plataforma em “Ninguém Pode Saber“. Inspirado no livro de Karin Slaughter e dividida em oito episódios com cerca de 40 minutos cada, realmente estamos falando de uma minissérie que se encaixa nos padrões ditos. Imagem: Netflix (Divulgação) O enredo tem inicio quando Laura (Collete) impede que sua filha Andy (Bella Heathcote) seja assassinada em um repentino massacre em uma lanchonete, ao conseguir matar o próprio atirador. A atitude acabou provocando um espanto em todos ao seu redor, fazendo com que Andy comece a desconfiar que sua mãe lhe esconde algo bastante perigoso. A direção dos episódios são assinadas por Minkie Spiro, que está ciente do fato de termos um roteiro cuja premissa qualquer espectador consegue discernir seus desdobramentos. Eis que ela começa apelar para uma atmosfera de nos aproximarmos de alguns personagens, para podermos comprar sua história. Com constantes flashbacks da vida de Laura (agora vivida por Jessica Barden), começamos aos poucos a compreender o quebra-cabeças que está sendo feito. Não entrarei em território de spoilers, mas alerto que a fonte condiz e muito com o que estamos vendo em movimentos sociopolíticos.    Porém o que acaba deixando um pouco de lado é a própria trama central de Andy, que realmente é aproveitada por poucas vezes. Atmosferas de suspense em sua investigação, são jogadas de lado e temos a mesma em cenas de novela mexicana (que vão de discussões com padrasto, “ajudante na investigação” e até mesmo com a própria Laura). Faltou mais originalidade na atmosfera desta. Embora o show das atuações seja sobre Collete, Heathcote e Barden. Mesmo as vezes parecendo uma novela mexicana, “Ninguém Pode Saber” consegue entreter quem busca um suspense interessante na Netflix.