Crítica | Ambulância – Um Dia de Crime

Engenharia do Cinema Ao ouvir o nome do cineasta Michael Bay como diretor de algum longa, as opiniões entram em modo distinto. Alguns amam, outros odeiam. Em quesitos técnicos, realmente o mesmo é bastante amador e não sabe posicionar uma câmera de maneira correta, e exagera em sua movimentação até em momentos água com açúcar. Mesmo usando essas suas técnicas que vieram dos tempos onde ele comandava videoclipes musicais, em “Ambulância – Um Dia de Crime“, ele opta por ir na mesma pegada de “Sem Dor, Sem Ganho” e “13 Horas“, onde ele sabe explorar bem um roteiro caído e tirar ótimas cenas de suspense, ação e até mesmo comédia. Baseado no longa dinamarquês “Ambulancen“, de Laurits Munch-Petersen, a história tem início quando os irmãos Danny (Jake Gyllenhaal) e Will (Yahya Abdul-Mateen II) resolvem participar de um audacioso roubo a banco. Mas como o mesmo acaba dando errado, na fuga, eles acabam indo parar em uma ambulância e fazem a socorrista Cam (Eiza González) como refém. Só que há um detalhe: a mesma está acompanhada de um policial, que está gravemente ferido.     Imagem: Universal Pictures (Divulgação) Já adianto que este filme foi concebido com o único intuito de entreter com suas cenas de ação malucas, e nada mais além. Como Bay sabe tirar vários arcos inusitados do estilo em suas produções (vide a saga “Transformers“), aqui não seria diferente. Durante 80% da projeção acabamos sendo colocados dentro daquela situação caótica, e a graça está neste quesito. Mesmo cientes de quem são os vilões e mocinhos nesta história, o roteiro de Chris Fedak procura enaltecer o lado da dupla de criminosos e do grupo de policiais que quer prendê-los (inclusive, é algo pouco visto nos cinemas). E isso também é mérito de todos os atores (inclusive de González, que está em seu melhor papel até então). Outro quesito bastante interessante, é que o cineasta usa e abusa das cenas de violência, ou seja, há diversos momentos onde mortes são acompanhadas de poças de sangue, tudo bem ao estilo do game “Grand Theft Auto“. Sem dar spoilers, há algumas cenas chaves onde o impacto também é bem aproveitado (e consegue causar desconforto no espectador). Parece bizarro, mas estes quesitos funcionam perfeitamente como um “captador de atenção do espectador” (afinal, estamos na era do celular e o público não consegue mais ter sua atenção direcionada exclusivamente para um filme, durante duas horas).     “Ambulância – Um Dia de Crime” é aquele típico filme de ação pipoca, que o cinema carecia há determinado tempo. Veja e não faça muita exigência em torno da proposta.  

Alexisonfire e A Day To Remember promovem noite histórica na Audio

As vertentes do punk e hardcore estão em alta no Lollapalooza Brasil. Se no primeiro dia, Turnstile, Jxdn e Machine Gun Kelly deram as caras, o segundo será dominado por Alexisonfire e A Day To Remember. Aliás, essa dobradinha já passou pelo Rio de Janeiro e por São Paulo durante a semana. Na noite de quinta-feira (24), com a Audio, na Barra Funda, completamente lotada, as bandas mostraram muita disposição e peso no palco. A noite teve início com os canadenses do Alexisonfire. A banda de post hardcore, aliás, não se apresentava no Brasil há dez anos, fato lembrado pelo vocalista, George Pettit, durante o show na Audio. O Alexisonfire veio ao Brasil em 2012, numa turnê de despedida. Felizmente, a situação foi revertida e, em 2015, eles já estavam juntos novamente. Desde aquela apresentação de estreia no Brasil, o grupo não lançou nenhum álbum. Mas a situação mudará em junho, quando vão estrear Otherness, primeiro disco de estúdio em 13 anos. No show na Audio, a banda testou uma das canções do novo álbum com o público. A escolhida foi Sweet Dreams of Otherness, que veio após um início avassalador, que teve três canções de Crisis, álbum de 2006. Sweet Dreams of Otherness não teve um retorno tão empolgante quanto as faixas de abertura do show, mas também não chegou a ser um ponto fraco. Aliás, ponto fraco é algo que não existe em um show do Alexisonfire. Com uma presença muito empolgante de todos os integrantes, ficou difícil os fãs não acompanharem e cantarem juntos, além de atender os pedidos do vocalista por circle pit. Com foco maior em Crisis, o Alexisonfire tentou não deixar nenhum fã insatisfeito com o setlist. Para isso fez passagens por todos os álbuns. O repertório apresentado em 1h20 agradou em cheio. Após o show no Lolla neste sábado (26), o Alexisonfire retorna aos shows no hemisfério norte, com destaque para a participação no Slam Dunk, em junho, na Inglaterra, quando será o headliner do festival junto com Sum 41, Neck Deep, Dropkick Murphys e The Interrupters. Confira abaixo um pouco do show do Alexisonfire A Day To Remember Contemporâneo do Alexisonfire, o A Day To Remember surgiu em Miami, nos Estados Unidos. A sonoridade é um pouco diferente, mas puxada para o metalcore com umas pitadas de pop punk. E se o Alexisonfire será headliner do Slam Dunk, o A Day To Remember será co-headliner do Download Festival, na Inglaterra, em junho, tocando antes do Kiss apenas. Na Audio, a banda mostrou o motivo de estar tão badalada. Conseguiu empolgar ainda mais que o Alexisonfire. A trinca inicial veio carregada de peso e nostalgia, com The Downfall of Us All, All I Want e Paranoia. Fiquei impressionado como o ADTR, tal como Alexisonfire, teve o cuidado de equilibrar bem o setlist. Afinal, foram oito anos sem se apresentar para o público brasileiro. Então nada de blocão com canções do último álbum, You’re Welcome (2021). Foi tudo muito bem espalhado e misturado com o restante da discografia. Tal ação faz com que canções mais recentes tenham desempenho tão forte como os clássicos da banda. Last Chance to Dance (Bad Friend), por exemplo, esquentou ainda mais a pista da Audio. Ótimo feedback dos fãs. You’re Welcome, lançado durante a pandemia, foi o segundo álbum mais lembrado pelos integrantes. Foram quatro canções no show da Audio, sendo superado apenas por Homesick (2009), terceiro trabalho de estúdio do ADTR, que teve cinco faixas executadas. Bad Vibrations (2016), lançado após o último show no Brasil e maior sucesso da banda nas paradas internacionais, foi lembrado com duas músicas: Paranoia, no início da apresentação, além de Reassemble, também muito bem recebida pelo público. Por fim, quem ainda tinha voz e disposição, gastou o que sobrou na trinca final: If It Means a Lot to You, Sometimes You’re the Hammer, Sometimes You’re the Nail e The Plot to Bomb the Panhandle. Impecável! A Day To Remember, Alexisonfire e Turnstile no lineup do Lollapalooza e Lolla Parties foi uma das decisões mais acertadas do festival. Confira abaixo um pouco do show do A Day To Remember