Crítica | Stranger Things (4ª Temporada – Parte 1)

Engenharia do Cinema Após quase três anos em produção (pelos quais foram bastante prejudicados por conta do quadro da pandemia), a quarta temporada de “Stranger Things” acabou se tornando a última da série. Originalmente prevista para ter cerca de seis temporadas, acabou sendo reduzida para nove episódios (pelos quais os vindouros dois últimos possuem cerca de duas horas e meia, cada um) neste encerramento. Porém, muitos se questionaram se eram necessários episódios com uma metragem bastante extensa (afinal, estamos falando de capítulos com cerca de 75 minutos cada), e afirmo que sim! Era necessário. O novo ano começa exatamente cerca de um ano depois do encerramento da última temporada, com Eleven (Millie Bobby Brown) e seus amigos tentando se adaptar a nova rotina em sua escola. Ao mesmo tempo, o grupo acaba descobrindo novas ameaças, e tentarão descobrir como parar tudo. Sim, não irei adentrar no contexto da trama, pois seria território de spoilers (já que muitas coisas mostradas, são praticamente inesperadas). Imagem: Netflix (Divulgação) Começo enfatizando que esta nova temporada busca apresentar um contexto novo, e aproveitar a extensa metragem dos capítulos para criar uma atmosfera de suspense. Embora já conheçamos o grupo de protagonistas, há alguns novos personagens que ainda terão sua importância para a história (por isso, ocorrem algumas subtramas com estes). O recurso funciona de forma positiva, e ainda desperta nossa curiosidade para o que virá além, nos próximos episódios (tanto que facilmente se conseguirá maratonar esta nova temporada, em um único dia). Mas como estamos falando episódios que beiram mais para o suspense, realmente o roteiro optou por ter uma base mais centrada em obras populares de Stephen King (como “Carrie a Estranha” e “Chamas da Vingança“), e por isso podemos esperar sequências mais impactantes de terror e violência. Sim, há um breve espaço para o alivio cômico (mas agora é bem breve mesmo) por intermédio dos personagens Steve (Joe Keery) e Robin (Maya Hawke, que realmente ganhou uma importância maior no programa). Inclusive, a dupla presta uma divertida homenagem para às extintas vídeo-locadoras (pelos quais os filmes citados por eles, farão alguns buscarem os mesmos para conferir). A primeira parte do final de “Stranger Things” consegue mostrar que a série está chegando ao seu desfecho na hora certa, e ainda nos deixa com uma ótima atmosfera para o seu grande final.
Entrevista | Matt Simons – “Expresso minhas emoções quando canto”

Crítica | Casal de Fachada

Engenharia do Cinema Se existe alguma comédia romântica recente que consegue explorar uma premissa conhecida de forma diferente, e ainda tirar boas risadas, esta é “Casal de Fachada“. Realizada pela Lionsgate, foi vendida para a Hulu nos EUA e na América Latina pelo Star+. Embora em um primeiro momento se assemelhe com a ideia do recente “Case Comigo“, estamos falando de uma produção que não só respeita a origem latina dos atores (pelos quais possuem diálogos constantes em espanhol), como também o próprio espectador que está cansado do “mais do mesmo”. Inspirado no longa “La doublure“, de Francis Veber, a história gira em torno do manobrista Antonio (Eugenio Derbez), que após sofrer um acidente, acaba esbarrando com a famosa celebridade Olivia (Samara Weaving) e seu amante Vicent (Max Greenfield), que é um influente político e empresário de Los Angeles. Porém, como este é casado ele lhe propõe uma situação inusitada para ele esconder a situação: lhe pagar para fingir ser o novo namorado de Olivia. Imagem: Pantelion Films (Divulgação) Apesar de em um primeiro momento termos a sensação constante de estarmos vendo um “mais do mesmo”, o carisma de Derbez e Weaving consegue ir mais além do que poderia ter sido uma premissa banal. E isso também é graças ao roteiro de Bob Fisher e Rob Greenberg, que explora exatamente o que deveria ser extraído da dupla (rendendo várias piadas sensacionais e hilárias), a química da dupla convence o espectador facilmente em comprarmos a premissa (algo que está decaindo demais no cinema). Embora a diversão seja ótima, estamos falando de um filme com uma metragem de quase 130 minutos (e isso é totalmente desnecessário para este gênero). E alguns espectadores podem se cansar quando estamos chegando aos 80 minutos (já que no escopo do mesmo, a narrativa fica um tanto que mais lenta e plantando mais “dúvidas” em nossas mentes). Em uma época onde os serviços de streaming estão cada vez mais reduzidos à estreias questionáveis, “Casal de Fachada” consegue se estabelecer como uma das mais divertidas produções lançadas no formato, neste ano.