LP tira público de Manchester das cadeiras com apresentação impecável

A cantora norte-americana Laura Pergolizzi, a LP, deixou uma ótima impressão para os fãs brasileiros na última edição do Lollapalooza. Mas também segue conquistando corações pelo mundo. Depois de uma turnê bem sucedida no México, ela tem se apresentado na Europa. Na última quarta-feira (8), o O2 Apollo Manchester recebeu a artista. Casa lotada, 3,5 mil pessoas cantando junto do início ao fim. Com uma iluminação quase toda baixa, explorando sua silhueta e chapéu, LP pouco falou com os fãs, mas entregou um repertório porradão, com 20 músicas diretas, sem pausa. Churches, seu álbum mais recente, foi tocado quase na íntegra. Das 15 faixas, 12 foram lembradas por LP, que não esqueceu dos hits de seus maiores sucessos comerciais, Lost On You e Heart To Mouth. Em Goodbye, segunda canção do show, LP já mostrou o seu poderoso alcance vocal no refrão. E a principal arma da cantora é usada em vários momentos da apresentação, sempre arrancando gritos e aplausos dos fãs. Girls Go Wild veio na sequência. Nessa hora, a pista do O2 Apollo Manchester virou balada. Nas cadeiras, muitos dançavam com os braços para o alto, mas sem se levantar. A proposta de iluminação do show de LP é muito interessante. Apesar de ocultar o rosto da cantora quase que durante toda a apresentação, ótimas sacadas são colocadas em prática, como a simulação de uma igreja nos telões durante Churches. How Low Can You Go também explora bem os recursos técnicos, dando ainda mais força aos passos de LP no palco. Recovery e Lost On You, na reta final, serviram para fazer algo que o público das cadeiras já queria desde o início: levantar todos. Ninguém ficou sentado. No Brasil, muita gente passou a conhecer LP no Lollapalooza, mas ela já possui uma carreira na música há muitos anos. Só para se ter ideia, como compositora, fez canções para Cher, Rihanna, Christina Aguilera, entre outras. No entanto, seria um desperdício imenso manter LP apenas nessa função. Com uma voz muito fora do comum, ela reúne todos os ingredientes para uma cantora de alto nível. Não bastasse todos esses atributos, LP também possui uma forte ligação com o movimento LGBTQIA+. A tendência é que cresça ainda mais nos próximos anos: vozeirão, composições desejadas por grandes cantoras, ativismo, gentileza com os fãs. LP é uma estrela pronta para conquistar o mundo. Tianna Esperanza Responsável pela abertura da noite, Tianna Esperanza é uma cantora, compositora e contadora de histórias que incorpora uma profundidade de talento e coração que vai muito além de seus 21 anos. Com uma voz sensual e talento para a moda, Esperanza cria músicas cativantes inspiradas em artistas lendários como Nina Simone, Leonard Cohen e Gil Scott-Heron. Esperanza também é neta da lenda do punk Paloma (“Palmolive”) McLardy, que fundou a banda punk feminina dos anos 1970 The Slits e mais tarde tocou com The Raincoats. Com um repertório ainda em construção, Tianna mostrou bastante desenvoltura na hora de apresentar seus singles próprios, Terror e Lewis. Por fim, seria muito legal ver essa dobradinha entre LP e Tianna correr o mundo. São dois talentos absurdos com vozes marcantes. Foto por: @steampoweredboy LP – SETLIST When We Touch Goodbye Girls Go Wild Everybody’s Falling in Love When We’re High No Witness Strange How Low Can You Go The One That You Love Yes Can’t Let You Leave Muddy Waters Rainbow Churches My Body Safe Here Into The Wild One Last Time Recovery Lost on You
Crítica | Complete Control – Misery Index

Os americanos do Misery Index podem não ser tão populares aqui no Brasil, mas é uma das melhores bandas podronas do mundo atualmente. Exagero? Então ouça torpedos como Rituals of Power (2019, já resenhado por aqui) ou Discordia (2006). A precisa mistura de death metal com grindcore que o grupo executa é quase impossível de ser ignorada. Complete Control, lançado em maio último, é o sétimo álbum de estúdio desses miseráveis, e tal como os anteriores, é uma aula de destruição sonora capaz de causar náuseas nos mais sensíveis. É impossível em uma análise do Misery Index não mencionar o batera Adam Jarvis, pois o cara toca como uma besta, seguramente um dos principais músicos do estilo em todos os tempos. Mark Kloeppel divide os vocais com o baixista Jason Netherton com resultados brutais, inclusive nos violentos riffs de guitarra, que carregam ainda uma certa influência HC. Com tudo isso, é se preparar para a tempestade de metal extremo que encontramos em faixas como The Eaters And The Eaten, Complete Control, Rites of Cruelty e Necessary Suffering. Brutal e impiedoso, assim é o Misery Index. Complete ControlAno de Lançamento: 2022Gravadora: Century Media RecordsGênero: Death Metal/Grindcore Faixas:1-Administer The Drag2-The Eaters And The Eaten3-Complete Control4-Necessary Suffering5-Rites of Cruelty6-Conspiracy of None7-Infiltrators8-Reciprocal Repulsion9-Now Defied!
Stephen Fretwell enche lendário Clwb Ifor Bach com show cheio de conversa

O inglês Stephen Fretwell já pode ser considerado um veterano no cenário local. Desde 2000 com uma carreira solo ativa, ele é presença frequente em grandes eventos no Reino Unido. Já abriu para nomes como Oasis, Travis, KT Tunstall, dentre outros. Aliás, Fretwell também toca baixo nas turnês do Last Shadow Puppets, projeto paralelo de Alex Turner, vocalista do Arctic Monkeys. Na última terça-feira (7), ele se apresentou no minúsculo e histórico Clwb Ifor Bach, em Cardiff, com o apoio de Later Youth. Essa casa com capacidade para apenas 300 pessoas já recebeu nomes como Arctic Monkeys e The Killers, ambos em início de carreira. E o tamanho da casa combinou perfeitamente com a proposta de show de Fretwell. Muito mais preocupado em relaxar ao invés de fazer uma apresentação explosiva, o músico conversou bastante, contou piadas, convidou o público para cantar junto no palco, além de ter feito uma declaração de amor. “Hoje só tem uma pessoa na minha lista de convidados, a Vicky. E essa música é para ela”, comentou o músico, que deixou a moça completamente desconcertada e com os olhos cheios de lágrimas. Em outro momento, Fretwell começou a conversar com outro fã, que havia puxado aplausos antes do término da música. Levando na esportiva, o artista comentou que poderia ter encerrado a música naquele momento, mas faltariam partes importantes ainda. O repertório trouxe muitas canções conhecidas de Fretwell, que entraram na trilha de algumas séries de TV, como Bad Bad You, Bad Bad Me (Brothers & Sisters), Run (Gavin & Stacey) e Darling Don’t (Skins), além de Play, presente no filme Amor por Contrato. Em Run, aliás, Fretwell convidou Later Youth, responsável pela abertura da noite, para tocar piano. Ele ainda tentou convencer o amigo a seguir no palco para mais uma faixa, mas não conseguiu. A apresentação de Fretwell ainda contou com algumas canções do seu último álbum de estúdio, Busy Guy, lançado em março de 2021, o primeiro em 13 anos. Quem ainda não conhece o trabalho solo de Fretwell, recomendo. Assim como o promissor Later Youth, que fez uma apresentação curta, revezando no voz e piano com o voz e guitarra.