Raphael Cortezi lança EP com versões jazzísticas de Beatles, Stevie Wonder e Coltrane

Raphael Cortezi mostrou sua versatilidade em um registro ao vivo em estúdio de seu já elogiado show Jazz Funky Sessions. Como o nome entrega, a mescla de gêneros musicais guia o repertório, que traz releituras potentes e instrumentais de três composições icônicas do século 20: Mr. Day, de John Coltrane; Isn’t She Lovely, de Stevie Wonder; e Come Together, de Lennon e McCartney. Nos vídeos disponíveis no YouTube, surge uma faixa bônus com uma interpretação de Billie Jean, de Michael Jackson. “O conceito por trás deste projeto foi unir diferentes vertentes e repertório que gosto de tocar, que falam comigo e fazem com que essas canções se comuniquem com o público também. Indo do jazz ao pop, soul e rock n’ roll, tudo unido pelo ritmo e pela linguagem do funk e soul”, entrega Raphael. Instrumentista, compositor, arranjador e diretor musical, Cortezi iniciou seus estudos de forma autodidata ainda muito novo. Aos 15 anos, ingressou como bolsista na Fundação das Artes de São Caetano e, dois anos depois, integrou o Conservatório Souza Lima-Berklee, onde estudou violão erudito com Fábio Ramazzina e Luiz Stelzer. Com 17 anos já atuava profissionalmente e posteriormente aperfeiçoou seus estudos em harmonia, improvisação e arranjo com Lula Galvão, Heraldo do Monte, Rodrigo Morte, Peter Farrell e Aldo Landi. Agora, Raphael Cortezi mira novos horizontes com o lançamento de Jazz Funky Sessions. O projeto teve início em julho de 2019, com a gravação do EP ao lado dos músicos convidados Gabriel Altério (bateria) e Jonatas Francisco (piano/teclados), no Estúdio 99, com Raphael Cortezi assumindo o protagonismo na guitarra. Tudo num caldeirão de influências e sonoridades que está disponível nas plataformas de streaming e no canal do YouTube do artista.

Mbaraeté é o segundo single de Owerá com lançamento pela Natura Musical

Mbaraeté é a nova música de Owerá, indígena Guarani Mbya, que vive na Aldeia Krukutu, região de Parelheiros, no sul da cidade de São Paulo. A canção vem como segundo single do disco que será lançado dia 19 de agosto pela Natura Musical e leva o mesmo nome da faixa, que significa resistência. Talvez, muitos a identifiquem quando ouvir, pois é a música que Owerá apresentou um trecho ao lado de Caetano Veloso no especial 2022, lançado pela HBO Max, no início deste ano. Com participação de Pará Retê, sua companheira, a música traz uma mensagem para os povos indígenas se fortalecerem frente às ameaças e à destruição da natureza. Rimando em guarani, característica do movimento Rap Nativo, que Owerá levanta bandeira ao lado de OzGuarani e Brô MC´s, ele faz um chamado, um apelo, um grito de resistência: “é a resistência da luta, da espiritualidade, resistência da floresta e dos animais. Essa música, não à toa, é o nome do disco, pois ela representa a mensagem que deixo para os povos indígenas: resistência, sempre”, comenta o artista. ​Na produção musical, Owerá assina parceria com Rod Krieger, artista e produtor musical brasileiro que vive em Portugal. “Com certeza foi um trabalho que, mesmo acontecendo com um oceano entre nós, me fez aprender bastante. Demoramos quase dois anos para finalizar o disco, mas valeu a pena. Sei que o Rod aprendeu algumas coisas também, inclusive nos dias que ele esteve aqui na aldeia. Foi uma experiência diferente pra mim e pra ele que deu certo”. Os instrumentos foram registrados por Rod no estúdio Magic Beans, localizado numa aldeia em Leiria, no interior de Portugal, já a voz de Owerá foi captada no estúdio Bico do Corvo, em Diadema, pelo técnico de som Nicolas Silva, acompanhado por Rod. E a voz de Pará Retê foi gravada na Aldeia Krukutu. A mix é de Nikolas Gomes e a masterização de Isadora Nocchi Martins. O projeto de Mbaraeté foi selecionado pelo programa Natura Musical, através do Edital 2020, ao lado de nomes como Linn da Quebrada, Bia Ferreira, Juçara Marçal e Rico Dalasam. Ao longo de 17 anos, Natura Musical já ofereceu recursos para mais de 150 projetos no âmbito nacional, como Lia de Itamaracá, Mariana Aydar, Jards Macalé e Elza Soares. “Nós acreditamos no impacto transformador que a música pode ter no mundo. E os artistas, bandas e projetos de fomento à cena selecionados pelo edital Natura Musical têm essa potência de mobilizar o público na construção de um mundo mais bonito, cada vez mais plural, inclusivo e sustentável”, afirma Fernanda Paiva, Head of Global Cultural Branding.

Kaê Guajajara lança primeiro álbum visual indígena da música brasileira

Kwarahy Tazyr, primeiro disco completo de Kaê Guajajara lançado em 2021, ganha agora uma nova camada de compreensão com o lançamento em forma de álbum visual, com clipes para todas as músicas feitos por indígenas. Este é o primeiro projeto do tipo estrelado por uma artista indígena da história da música brasileira. O lançamento será feito com uma faixa por semana, com Minha Missão já disponível. Produzido a partir de smartphones e por criadores indígenas do selo AZURUHU, o álbum visual inaugura uma nova fase na carreira de Kaê Guajajara, atestando sua evolução artística não apenas musicalmente, mas também assinando como roteirista de todos os clipes juntamente com Kandu Puri, que é responsável pela direção do projeto. A estética visual ganha forma no paradoxo de territórios indígenas, hoje ocupados por favelas e paisagens urbanas. “A construção da narrativa do álbum visual está sob o realismo do que significa ser indígena no Brasil de 2022, particularmente no campo de invisibilidade e apagamento, onde ser um corpo indígena na favela ou em contexto urbano parece não ser possível, sendo esta distinção historicamente articulada pela colonização para romper forças coletivas. A colonização invade corpos, espíritos e pensamentos de todos que estão no Brasil, independente de etnia ou território, sendo indígena ou não. Aonde estão hoje e como vivem os povos indígenas perseguidos, expulsos, ou que reivindicam aos legisladores 1 centímetro de terra demarcada?”, questiona Kaê. Engajadora da Música Popular Originária (MPO) e nascida em Mirinzal, no Estado do Maranhão, Kaê Guajajara se mudou para o complexo de favelas da Maré (RJ) ainda criança, e teve sua vida marcada por preconceitos e racismo por conta de seus traços e origem. Mais que uma expressão artística, ela vê na música uma forma de resistir e se manifestar contra o silenciamento dos povos originários imposto pelos colonizadores e perpetuada até hoje pelos seus descendentes. Kwarahy Tazyr significa “Filha do Sol” em zeeg’ete, língua do povo indígena Guajajara, e oferece uma nova perspectiva sobre a colonização a partir de composições originadas dos sonhos de Kaê – uma técnica ancestral de se receber os cantos. A artista aborda em suas composições uma realidade que vai muito além do noticiário e das lutas dos povos aldeados pela demarcação de terras. Aqui, ganha protagonismo a vivência daqueles que cresceram sem terra por conta do conflito com invasores e se exilaram nas favelas das capitais brasileiras ou mesmo que já nasceram nelas por terem suas gerações separadas pela colonização. O álbum Kwarahy Tazyr está disponível para streaming nas principais plataformas e Kaê Guajajara prepara uma turnê nacional a partir de setembro de 2022 com patrocínio do Edital Natura Musical. Os shows passarão pelas cidades de Manaus, São Luís, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo.

Clássico dos anos 80 ganha versão folk na voz de Aline Happ

A canção Every Breath You Take é um clássico na musicografia do The Police. Lançada em 1983, até hoje ela é o principal hit da banda inglesa. Não à toa, ela foi a escolhida para ganhar uma versão folk e celta pela cantora Aline Happ. Em seu canal no YouTube, com quase 15 mil inscritos, ela publica uma série de releituras folk e celta que trazem uma nova vida às canções, sejam do pop, do rock ou mesmo do metal. Famosa em casamentos, a letra de Every Breath You Take não é nem um pouco romântica. A canção fala sobre alguém que não supera um relacionamento, e por isso, persegue o ser amado, como se fosse uma obsessão. Ainda assim, muitas pessoas encontram algo apaixonante na letra, tornando ela um dos maiores sucessos do The Police, chegando a ser a música mais tocada nas rádios nos Estados Unidos, com mais de 15 milhões de plays nas estações. Além de ser vocalista, Happ também produz as músicas, o instrumental, grava e edita os vídeos. Os conteúdos publicados no canal de Aline Happ contam com o apoio de fãs no Patreon e no Padrim. Líder, vocalista e compositora do Lyria, Aline Happ é hoje uma das vozes mais famosas do Metal brasileiro. Em seu projeto solo, a artista promove releituras Gothic/Folk/Celtic de canções do Rock e do Metal mundial que estão disponíveis em seu canal no YouTube. Graças ao apoio dos fãs, a cantora arrecadou mais de 200% da meta do financiamento coletivo para o seu disco solo de estreia, que será lançado neste ano. Além do trabalho solo, Aline é fundadora, vocalista e uma das principais compositoras do Lyria. Conhecidos mundialmente, a banda de metal alternativo sinfônico foi fundada em 2012. De lá pra cá, o grupo lançou dois discos com apoio de crowdfunding, Catharsis (2014) e Immersion (2018) e tocou em diversas cidades, além de ser pioneira no Brasil na transmissão de shows online com venda de ingressos para o mundo todo.

Crítica | Crimes do Futuro

Engenharia do Cinema Afastado da função de diretor de cinema desde o aclamado “Cosmópolis“, o cineasta David Cronenberg tem aqui seu projeto mais maluco e audacioso em anos. Conhecido por filmes que chegam a enlouquecer nossas mentes como o clássico “Videodrome: A Síndrome do Vídeo“, “Crimes do Futuro” chegou literalmente causando no Festival de Cannes deste ano. Com seus primeiros minutos sendo o verdadeiro “agora ou nunca”, pois o impacto proposto pelo mesmo sacode o limite da maluquice antes mesmo de seu ápice (inclusive, vários presentes não aguentaram ver mais o filme, e se retiraram do local). Mas tudo isso tem uma justificativa. A história tem início com o casal Saul Tenser (Viggo Mortensen) e Caprice (Léa Seydoux), que tem como hobby exibirem uma espécie de “anatomia do amor”, para um público que procura um incentivo alternativo, já que o primeiro possui uma dificuldade em seu corpo, que necessita de um cuidado mais além. Porém, a rotina deles é abalada quando o misterioso Lang (Scott Speedman), chega com uma proposta inusitada e que lhes fará refletir sobre seus comportamentos diante da sociedade.     A palavra ideal para definir este filme é “sadismo”. E o resumo com esta simples palavra, pelo notório motivo que Cronenberg quer mostrar como o ser humano está cada vez mais se desgastando na sociedade, apenas com o intuito de se mostrar como um ser “poderoso” e com o “poder sexual” em mãos. Através de situações bem desconfortáveis, como várias pessoas trocando olhares excitantes ao verem uma pessoa fazendo autópsia estomacal (cuja sequências podem incomodar os mais sensíveis), vemos que esse pensamento é o que mais ocorre neste projeto.  Imagem: Neon (Divulgação) E isso acaba sendo melhor notado não só por conta deste tópico, mas também devido às atuações de Mortensen, Seydoux, Speedman e Kristen Stewart (que possui um papel pequeno, mas serve como uma grande interlocutora e ponte para o arco central). Eles estão cientes que estão em um cenário beirando ao expressionismo alemão (vide as cenas onde o primeiro está se alimentando na “cadeira digestiva”), e aproveitam para extrapolar a maluquice que estamos vivenciando.    “Crimes do Futuro” é uma produção que foi feita para refletirmos como o ser humano está ficando cada vez mais grotesco, em busca apenas de um prazer maluco, nas mais delicadas e inusitadas situações.