Cinema Cabeça Podcast: Programa promove cinematografia independente do Brasil

Cinema Cabeça Podcast

Filmes de herói e grandes produções das plataformas de streaming em geral já são mais do que parte do dia a dia de quem gosta de cinema e cultura. São pauta da mídia e, principalmente, das rodas de conversa. É com essa perspectiva em vista que o Cinema Cabeça Podcast é lançado. O programa, que é desenvolvido pelo coletivo Cabeça Lab, propõe diálogos diretos e inspiradores especialmente para cineastas iniciantes e apreciadores da cinematografia como um todo, acentuando a vivência no meio independente e refletindo sobre o futuro em meio às dificuldades contemporâneas.  A primeira temporada do Cinema Cabeça Podcast tem apresentação de Yudji Oliveira, conta com sete episódios e já está disponível via Spotify e Youtube.   Conheça alguns dos convidados: Alice Riff Documentarista e produtora formada em Cinema e Ciências Sociais (FAAP, USP). Sua estreia foi no longa-metragem Meu corpo é político, e seu cinema é uma conversa lúcida, que posiciona os personagens em seu real lugar de respeito. Joaquim Castro Diretor e experiente montador de documentários que trabalhou em vários filmes premiados sobre músicos, tais como Jards Macalé, Ney Matogrosso, Benjamin Taubkin, Maria Bethânia, entre outros.  Dellani Lima Cineasta, músico, artista visual e ator paraibano formado em Dramaturgia e Realização em Cinema e Televisão pelo Instituto Dragão do Mar de Arte e Indústria Audiovisual do Ceará/UECE (1996-2000). Gustavo Vinagre Cineasta que brilhou nos festivais BAFICI, Olhar de Cinema e Mix Brasil com Nova Dubai em 2014 e alcançou fama nacional com o curta-metragem Os Cuidados que se tem com o Cuidado que os Outros Devem ter Consigo Mesmos em 2016, obtendo indicação ao Grande Prêmio do Cinema Brasileiro. Os profissionais Lincoln Péricles, Lia Letícia e Duo Strangloscope completam a lista de convidados da primeira temporada.  Nayê Ribeiro, artista que integra o coletivo Cabeça Lab ao lado de Yudji e de Lucas Negrelli, destaca que o projeto visa abordar a pluralidade criativa à medida que democratiza o acesso ao cinema nacional.  “É sobre expor pensamentos, discutindo o passado, o presente e o futuro da arte brasileira. Queremos dar visibilidade para os artistas, tornando o cinema brasileiro independente, mais acessível ao público e aos iniciantes da área”, frisou.

Crítica | Persuasão

Engenharia do Cinema Realmente a Netflix está cada vez mais se tornando um caso para estudo, pois os caras conseguem estragar até icônicas obras literárias de renomadas escritoras como Jane Austen (“Orgulho e Preconceito“). “Persuasão” não é sua escrita mais famosa, porém ao anunciar que teríamos como protagonista a atriz Dakota Johnson, a produção começou a chamar atenção dos fãs (já que estamos falando de uma escritora, que também tem uma enorme parcela consumidora da franquia literária/cinematográfica “50 Tons de Cinza”). Só que ao conferir o filme, vemos que o roteiro de Ron Bass e Alice Victoria Winslow parecia querer plantar várias sementes, que não deram suas frutíferas.      A história mostra Anne Elliot (Johnson), a filha do meio do Sir Walter Elliot (Richard E. Grant), que sai em viagem com sua futura esposa, e filha mais velha (Yolanda Kettle), deixando sua mansão aos cuidados de Anne. Só que ela não imaginava que durante este período, iria esbarrar com sua antiga paixão Frederick Wentworh (Cosmo Jarvis), que chegou a ter um complexo relacionamento no passado.    Imagem: Netflix (Divulgação) É complicado pensar que estamos falando da pior adaptação de uma obra de Austen. O roteiro realmente parece que sofreu diversos problemas em sua concepção, pois tópicos, abordagens e até mesmo personagens, somem e reaparecem no enredo. Nos minutos iniciais, Johanson consegue captar a atenção do espectador de forma simples e sutil: quebra da quarta parede, e conversa conosco sobre como é seu dia e sua família. Porém, conforme o enredo avança isso é deixado de lado, junto com o teor cômico que estava sendo estabelecido. Apesar da plataforma ter vendido o ator Henry Golding (Mr. Elliot) como um dos protagonistas, ele acaba tendo uma aparição tão breve e mesquinha, que pensamos no motivo do serviço ter usado ele como um dos grandes caracteres da trama. Isso sem citar que Anne e Frederick não possuem química alguma, e é nítido que os atores não estão confortáveis com essa “incentivada” do roteiro. Como estamos falando de um filme de época, o roteiro ainda faz o favor de retratar suas coadjuvantes da maneira mais clichê possível. Temos as irmãs Musgrove, Mary (Mia McKenna-Bruce) sendo a mais mimada e irritante, Louisa (Nia Towle) a mais romântica enquanto Henrietta (Izuka Hoyle) só está ali para tapar algum buraco (que termina sem ser fechado). Chega a ser vergonhoso termos essa forçação de barra, neste tipo de produção. “Persuasão” consegue não só ser a pior adaptação de Jane Austen, como também um filme que tenta ser uma comédia, romance e drama, mas falha até ser em adição no catálogo da Netflix.